O assalto de duas mulheres, de 51 e 80 anos, ocorrido no Bairro Coopharádio, não foi a primeira ocasião em que a tranquilidade dos moradores foi quebrada. Em um raio de 350 metros, a região já teve tentativa de assalto em conveniência que terminou em morte de comerciante, e bandido morto por policial em posto de gasolina.

Em maio de 2018, o proprietário de uma conveniência, localizada na Rua Assunção — a cerca de 50 metros da residência onde ocorreu o assalto —, foi morto após ser assaltado. Fernando Alle dos Santos, de 53 anos, foi encontrado por policiais com ferimentos na barriga. Ele foi levado para os fundos do comércio e os bandidos exigiram que ele entregasse a quantia de dinheiro que estava no caixa.

Moradores das casas próximas afirmaram terem ouvido disparos. O comerciante chegou a ser socorrido pelo Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), mas não resistiu aos ferimentos. Câmeras de segurança filmaram a ação dos bandidos.

Em junho de 2017 um assaltante foi morto durante assalto a um posto de combustível, localizado na Rua Spipe Calarge. Na ocasião, um sargento da Polícia Militar que estava no local, reagiu e atirou contra os bandidos.

O trio chegou ao posto em um Volkswagen Voyage e os dois comparsas do morto conseguiram fugir. O Corpo de Bombeiros chegou a ser acionado para atender o assaltante, mas ele não resistiu.

Uma funcionária de 24 anos chegou a perguntar para os autores se eles iriam abastecer. “Falei para eles irem para perto da bomba, um deles ainda disse que era para abastecer gasolina aditivada”. Porém, os assaltantes que chegaram pela Spipe Calarge, passaram pela bomba de combustível, e estacionaram do lado da Rua Dom Duarte da Costa.

Bairro tranquilo

Para os vizinhos, a ação se tratava de algo nunca visto. “Parecia até cena de filme”, comentou Rosaria Mota, aposentada, que vive no local há 20 anos e nunca presenciou nada parecido. “Eu cheguei por volta das 16h, passou alguns minutos começou a movimentação, estava com minha neta e na hora sentimos medo”, relembra a moradora.

Rosamaria explica que num primeiro momento acreditou que a chegada da polícia era em razão de algum acidente, “aqui não acontece assalto ou essas coisas”. A vizinha explica que só percebeu se tratar de algo mais sério após a chegada de mais viaturas da polícia, o que acabou deixando-a assustada.

“Depois que fecharam a rua eu vi alguns vizinhos saindo e resolvi sair também, só aí que fique sabendo que uma senhora foi feita refém”, comentou Rosamaria, ainda impressionada com o ocorrido.

Além da apreensão que contaminou os moradores durante as duas horas da ocorrência, o assalto serviu como um alerta para todos que residem na região. Para Douglas Borges, de 54 anos, a lição que fica é esquecer a falsa ideia de segurança e passar a tomar mais cuidados durante a rotina.

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(Foto: Marcos Ermínio – Jornal Midiamax)

“O bairro é bem tranquilo, então serviu como alerta para gente cuidar melhor o portão, prestar atenção em quem chega e quem sai. Precisamos ficar mais atentos”, admite o morador. Residindo a poucos metros de onde o crime ocorreu, Douglas confessa ter ficado apreensivo ao saber que sua vizinha era mantida em cárcere e ameaçada de morte.

“A tensão era muito grande, uma vizinha nossa há muitos anos, foi bem tenso. Porque a casa que é muito escondida. Eu não queria passar por isso”, disse. O mesmo que sentiu Graziele Soares, de 32 anos, que chegou no momento em que a negociação entre criminosos e policiais acontecia.

Ela conta que a situação pode ser resumida como “assustadora” e admite que passará a tomar mais cuidado a partir de agora, pois não quer ser a próxima a passar por alguma situação parecida. “Aconteceu com uma pessoa idosa, nós temos idosos na família, aqui mora muita gente de mais idade, aí ficamos com medo. Na hora fiquei muito nervosa, meu marido começou a pedir para eu me acalmar”.

“Sou do interior e pra mim isso é algo assustador, tirou um pouco da paz do bairro, a gente fica apreensivo, mas também vamos passar a tomar mais cuidado”, confessou Graziele.

Assalto

Duas mulheres, uma idosa de 81 anos e sua vizinha, que cuida dela, de 51 anos, viveram momentos de tensão após dois bandidos armados invadirem a casa da idosa, atraídos por cadeiras na varanda. Ao perceberem que a casa estava aberta, eles entraram e abordaram a vítima. Policiais foram até a residência após ligação para o Ciops sobre a invasão. Quando os militares chegaram, escutaram gritos de uma das vítimas, pedindo por socorro. Ela gritava que um dos autores estaria apontando uma arma para sua cabeça, impossibilitando assim que os policiais entrassem na casa. Foi pedido socorro e um dos militares ficou vigiando a porta da residência.

Foi iniciada a conversa com os criminosos, que disseram que não iriam mais machucar as vítimas, exigindo a presença da imprensa e de negociadores. Em seguida, chegaram ao local equipes do Bope e do Choque. Durante a conversa, os bandidos disseram que iriam levar as mulheres até um cômodo da residência para poder dialogar com os policiais.

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(Foto: Marcos Ermínio – Jornal Midiamax)

Negociação

Durante a negociação, os autores efetuaram mais disparos dentro da residência — dois atingiram o teto da casa e um terceiro a porta do banheiro. Após algum tempo em negociação com a equipe do Bope, os autores resolveram se render, liberando as vítimas. Com eles, estava um revólver calibre .38, com 19 munições intactas e três cartuchos deflagrados, duas facas, um celular, além de ser encontrado com eles um par de brincos, um colar e um anel. 

Segundo o capitão Moreira Araújo, comandante do Bope, após a prisão dos bandidos, eles teriam dito que entraram na casa para roubar cadeiras, mas tiveram os planos frustrados quando uma viatura da polícia chegou ao local após ligações para o Ciops de uma invasão à residência. 

Mas, segundo o capitão, os bandidos possivelmente mentiram na tentativa de minimizar o crime. Já que, quando os policiais chegaram a casa, visualizaram os criminosos fazendo das mulheres reféns. Os dois foram presos após duas horas de negociação e vão passar por audiência de custódia, onde será determinada ou não pela prisão preventiva.