Na última quinta-feira (22), uma mulher de 27 anos, vítima de violência doméstica, conseguiu se libertar da rotina de agressões ao jogar um bilhete por cima do muro – encontrado por uma vizinha, em Cassilândia, a 430 km da Capital. Há exato um mês, outra vítima de violência foi resgatada de serviço análogo à escravidão, numa história que chocou o Estado e envolveu até a Polícia Federal. 

No dia 23 de março, a mulher conseguiu se libertar da residência onde “morava” com duas idosas, de 70 e 84 anos no Bairro Tijuca. Ela tinha vindo de Belo Horizonte-MG para Campo Grande há nove meses e desde então não tinha contato com a mãe e era obrigada a fazer serviços domésticos, além de se alimentar com restos de comida.

Durante a investigação – iniciada pela denúncia na (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher) e encaminhada para a PF (Polícia Federal) – constatou-se que as idosas apagaram todos os contatos do celular da vítima. Ela só conseguiu fugir após pedir ajuda para um casal em uma igreja, que a levou até a delegacia.

Vítima foi levada até sua cidade natal e entregue à família. (Foto: Reprodução/ O Tempo)

 

Segundo a delegada Joilce Ramos, da Deam, a vítima era xingada pelo filho de uma das autoras e tinha medo dele ser agressivo. “É difícil acreditar como pessoas tem coragem de se aproveitar de uma pessoa tão ingênua, apresentando certo grau de problema mental”, revelou a delegada na época.

No início desta semana, no domingo (18), policiais militares descobriram que uma jovem de 18 anos havia sido estuprada durante oito anos pelo seu padrasto, de 47 anos. A PM foi acionada, inicialmente, para atender a uma agressão do padrasto contra a mãe da jovem, de 61 anos. A garota ainda relatou que abandonou os estudos após problemas psicológicos causados pelos abusos, que ocorreram desde os 8 anos de idade até os 16.

Uma semana antes, outra vítima, de 26 anos, foi presa em flagrante pela morte do , de 32, no sábado (10), no Jardim Batistão. O juiz Alexandre Antunes da Silva acatou a manifestação do Ministério Público de Mato Grosso do Sul e da defesa da vítima, de que ela agiu em legítima defesa, e concedeu liberdade provisória.

Na noite do assassinato, o ex-marido teria pulado o muro e invadido a casa, por pensar que ela estivesse com outro homem. Apesar de separados, Rafael dos Santos Costas não aceitava o fim do casamento. Quando a mulher disse que chamaria a Polícia Militar, ele passou a agredi-la com socos e facadas.

Juiz aceitou manifestação do MPMS de que vítima matou ex-marido em legítima defesa. (Foto: Marcos Vinícius)

 

Para se defender, ela também pegou uma faca e atingiu o autor no abdômen. Ele não resistiu aos ferimentos e morreu no local. Já a mulher, foi socorrida com ferimentos nos braços e punhos até a Santa Casa, e depois respondeu ao processo. Segundo ela, foram quatro anos de violência doméstica sofridas na casa, que ainda morava com as duas filhas do casal.

Na última segunda-feira (19), Ângelo Maria Felix, de 51 anos, se entregou a polícia após matar atropelado o atual companheiro de sua ex-mulher e passar por cima, com o carro, de sua filha com pouco mais de um mês de vida. O motivo do homicídio era ciúmes da ex-esposa, que tentava seguir a vida junto à bebê recém-nascida com outro companheiro.

Carro usado por Ângelo em atropelamento foi abandonado em área rural. (Foto: Reprodução/ Idest)

 

O crime ocorreu na cidade de Rio Verde, a 194 km da Capital, quando a vítima e o atual namorado andavam pela rua com a criança. Ângelo fugiu do local após o atropelamento, e mãe e filha foram levadas em estado grave para receberem atendimento médico. O carro foi encontrado em uma estrada abandonada e uma arma de pressão adaptada para calibre .22 foi apreendida. O autor, contudo, não tinha nenhum boletim de ocorrência de violência doméstica registrada em seu nome.

Como denunciar

Segundo dados da Sejusp (Secretaria de Justiça e Segurança Pública de Mato Grosso do Sul), de 1º de janeiro à 22 de abril de 2021 foram registrados 2872 casos de violência doméstica no Estado. Destes, 1016 somente na Capital.

Além do disk denúncia 180, Durante os primeiros meses de pandemia de em Mato Grosso do Sul, a Subsecretaria de Polícias Públicas para Mulheres lançou o programa “não se cale”. O site possui guias para identificar os tipos de violência e como denunciar. É possível também fazer o pedido de medida protetiva de urgência de forma online, para a Capital. Acesse clicando aqui. 

O Programa Promuse, da Polícia Militar, faz monitoramento e proteção de vítimas em situação de violência doméstica, e a equipe conta com policiais mulheres. Confira onde solicitar atendimento na Capital, e os telefones para contato:

CAMPO GRANDE:  Av. Florestal, 773 – Coophatrabalho – 5a CIPM Telefone: 3362-1002  OU Av. Bandeirantes, 1069 – Guanandi – 10º BPM Telefone: 3941-7400

Já para solicitações no interior do Mato Grosso do Sul, acesse todos os endereços clicando aqui. 

A Deam, integrada à Casa da Mulher Brasileira, funciona 24h, todos os dias, incluindo finais de semana e feriados. O endereço da delegacia é Rua Brasília, sem número, Bairro Jardim Imá. Com a promulgação da Lei Maria da Penha, a Deam pode expedir medida protetiva de urgência ao juiz no prazo máximo de 48 horas. O telefone para contato é o (67) 2020-1300 e (67) 2020-1319.

As cidades do interior também possuem as DAMs (Delegacias de Atendimento à Mulher), e os endereços e telefones podem ser acessados clicando aqui.