Cerca de cinco casas de madeira, localizadas ao redor do terreno onde foi encontrado um suposto cemitério clandestino que pode ter ligação com a facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) foram incendiadas na madrugada desta quarta-feira (11). As investigações ainda não foram concluídas e duas ossadas já foram localizadas.

A primeira ossada foi encontrada no dia 5 de julho e a segunda no dia 14. A área, no Bairro Santo Eugênio, fica ao redor de um córrego e há várias residências de madeira — conhecidas popularmente como barracos — em volta. Conforme moradores da região, o local já havia sido ocupado por um grupo em meados de 2019 e 2020. O incêndio pode estar relacionado à tentativa de esconder provas criminais.

A suspeita é de que o crime organizado tenha usado a área para desovar corpos de executados. No entanto, de acordo com o delegado Carlos Delano, o trabalho era impreciso, tendo em vista que não havia uma coordenada exata sobre onde estariam as vítimas.

Por este motivo, a perícia passou a usar um condutivímetro, que é capaz de detectar variações no campo eletromagnético em até 2 metros de profundidade do solo, indicando assim onde pode haver alguma ossada. Ou seja, com base nas informações colhidas pelas investigações, os peritos vão até um determinado ponto supostamente usado como cova clandestina e, desta forma, inicia a varredura com o equipamento nas proximidades.

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Ossadas foram encontradas no Santo Eugênio (Foto: Henrique Arakaki, Midiamax)

O perito criminal Cícero Vagner responsável pelo manuseio do equipamento, que está sob cautela do professor Ary Tavares, da (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), explicou que o condutivímetro eletromagnético já foi utilizado em 2016, quando foi descoberto o cemitério do Nando, acusado de 16 assassinatos no Danúbio Azul.

O equipamento é originalmente utilizado para análise ambiental do solo, na fazenda escola da UFMS. Contudo, durante a pesquisa de mestrado de Cícero, em Geografia, ele comprovou que pode ser usado para identificar cadáveres. Isso porque, no processo de decomposição, o corpo libera sais minerais no solo que alteram a composição química no local.

Conforme noticiado no dia 5 de julho, pedaços de roupas foram encontrados ao lado de um cadáver. Exame pericial apontou que trata-se de um homem, mas a identidade ainda não foi revelada. Ele foi morto com golpes contundentes na cabeça, que podem ser pauladas ou marretadas. No caso da segunda vítima, do dia 14 do mesmo mês, foi identificado um processo de saponificação, que acontece naturalmente e acaba preservando o estado do corpo. Mesmo em decomposição avançada, a ossada ainda tinha tecido. Uma peça de roupa também foi encontrada e apreendida no local e a suspeita é de que tenha sido morta com um tiro na cabeça.