Equipamento que mede campo eletromagnético ajuda polícia a ganhar tempo nas escavações em cemitério do PCC

Condutivímetro ajuda a ter mais precisão nas escavações

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Policiais e peritos durante buscas no cemitério, no Santo Eugênio. Foto: Leonardo de França/Midiamax

A DEH (Delegacia Especializada de Homicídios) deu continuidade, nesta quarta-feira (7), às buscas em um cemitério clandestino da facção PCC (Primeiro Comando da Capital), localizado na região do Jardim Santo Eugênio, em Campo Grande. Desta vez, a perícia fez uso de um equipamento chamado condutivímetro, que mede o campo eletromagnético do solo e ajuda nas escavações, apontando onde podem haver restos mortais.

O objetivo da Polícia Civil é descobrir se há mais pessoas enterradas no local pela facção. A suspeita é de que o crime organizado tenha usado a área para desovar corpos de executados. A equipe faz escavações desde segunda-feira e pelo menos duas vítimas já foram encontradas. No entanto, de acordo com o delegado Carlos Delano, o trabalho era impreciso, tendo em vista que não havia uma coordenada exata sobre onde estariam as vítimas.

Por este motivo, a perícia passou a usar o condutivímetro, que é capaz de detectar variações no campo eletromagnético em até 2 metros de profundidade do solo, indicando assim onde pode haver alguma ossada. Ou seja, com base nas informações colhidas pelas investigações, os peritos vão até um determinado ponto supostamente usado como cova clandestina e, desta forma, inicia a varredura com o equipamento nas proximidades.

O perito criminal Cícero Vagner responsável pelo manuseio do equipamento, que está sob cautela do professor Ary Tavares, da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), explicou que o condutivímetro eletromagnético já foi utilizado em 2016, quando foi descoberto o cemitério do Nando, acusado de 16 assassinatos no Danúbio Azul.

O equipamento é originalmente utilizado para análise ambiental do solo, na fazenda escola da UFMS. Contudo, durante a pesquisa de mestrado de Cícero, em Geografia, ele comprovou que pode ser usado para identificar cadáveres. Isso porque, no processo de decomposição, o corpo libera sais minerais no solo que alteram a composição química no local.

Conforme noticiado na segunda-feira (5), pedaços de roupas foram encontrados ao lado de um cadáver. Havia também ossada que seria de uma segunda pessoa. Devido ao avançado estado de decomposição, não foi possível identificar se as vítimas são do sexo feminino ou masculino. Os corpos estavam na beira do córrego, sujeitos a enxurrada, segundo levantamento inicial da Polícia Civil. Policiais da DEH e investigadores do GOI (Grupo de Operações de Investigações) estiveram no local.