O policial militar da reserva identificado apenas como J.H.N., de 57 anos, alvo de operação da Polícia Civil nesta quarta-feira (18), movimentou mais de R$ 63 milhões ilicitamente, mesmo recebendo aposentadoria de R$ 2,8 mil mensais. Ele usava familiares para movimentar e lavar o dinheiro e estaria envolvido em crime de agiotagem.

Conforme o Dracco (Departamento de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado), o servidor público estadual aposentado operava ocultando bens e ‘branqueando’ ativos obtidos ilicitamente, através de uma rede criminosa. Para isso, ele usava empresas de fachada e contas de familiares para poder lavar o dinheiro.

O PM da reserva é relacionado a movimentações financeiras de mais de R$ 63 milhões. Nesta quarta-feira, policiais do Dracco, com apoio do GOI (Grupo de Operações e Investigações), cumpriram 7 mandados de busca e apreensão em casas e empresas. Os mandados foram cumpridos em Campo Grande, nos bairros Novos Estados, Carandá Bosque, Vila Jacy, também na região central e no polo industrial.

Os mandados foram cumpridos em casas e empresas ligadas aos investigados. Ainda conforme a delegada Ana Cláudia Medina, do Dracco, foi promovida a indisponibilidade de bens móveis e imóveis, além do bloqueio das contas bancárias de 7 pessoas e 2 empresas, medidas todas requisitadas e deferidas pelo juízo da 4ª Vara Criminal.

Movimentações financeiras

De acordo com a polícia, as investigações iniciaram após informação de que um policial militar da reserva remunerada teria apresentado movimentação financeira incompatível com a capacidade monetária. Com isso, foram evidenciados os indícios da prática de ‘factoring’ informal e agiotagem.

Carros apreendidos na operação (Divulgação)

Tanto agiotagem como ‘factoring’, quando comprovada a abusividade dos juros cobrados nas operações de empréstimo, configuram crime de usura. Foi constatado nas investigações que 9 pessoas físicas e 5 jurídicas, relacionadas ao policial militar, movimentaram no período de 13 anos um montante que ultrapassa os R$ 63 milhões.

A polícia pontua que o servidor tem um salário declarado de R$ 2,8 mil. Mesmo assim, em um único ano ele teria movimentado R$ 2.270.000 em várias contas bancárias, entre elas, contas conjuntas com os irmãos. Foram identificadas 16 contas bancárias vinculadas ao CPF do militar da reserva.

A análise financeira e fiscal dos investigados ficou a cargo do LAB LD, do Dracco, o Laboratório de Tecnologia Contra Lavagem de Dinheiro. Os especialistas, então, forneceram elementos de prova colhidos pelas equipes de investigação, indicando que o PM da reserva teria utilizado de bancos, bem como a rede de familiares. Vários investigados tinham diversas contas bancárias e se valiam do mercado imobiliário para justificar ganhos lícitos.

Os mandados de busca foram cumpridos com objetivo de arrecadar outras provas, apreendendo títulos de créditos em nomes de terceiros, documentos, objetos de valor de origem não comprovada, entre outros bens. Foram apreendidos celulares, computadores, HDs, pen drives, documentos, 9 veículos avaliados em quase R$ 1 milhão e duas armas de fogo.

Uma das armas era de um dos sócios de uma empresa, que acabou preso em flagrante com uma pistola 9 mm na cintura. O Dracco também representou pela indisponibilidade de bens dos investigados, sendo que veículos em nome dos alvos foram bloqueados. Também houve bloqueio de contas bancárias e bloqueio de bens.

A operação foi denominada Avarum, que remete ao cenário de lucro exagerado, ganância e ganho indevido.