Para expandir tráfico, PCC investe no mercado imobiliário na fronteira

Com investimentos imobiliários nas fronteiras do Paraguai e da Bolívia, o PCC (Primeiro Comando da Capital), organização criminosa brasileira utiliza os dois países para fazer lavagem de dinheiro e ao mesmo tempo expandir o narcotráfico. A informação foi revelada pelo promotor de Justiça do Brasil, Lincoln Gakiya. “Sabemos que o PCC comprou propriedades de produção […]

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Com investimentos imobiliários nas fronteiras do Paraguai e da Bolívia, o PCC (Primeiro Comando da Capital), organização criminosa brasileira utiliza os dois países para fazer lavagem de dinheiro e ao mesmo tempo expandir o narcotráfico. A informação foi revelada pelo promotor de Justiça do Brasil, Lincoln Gakiya.

“Sabemos que o PCC comprou propriedades de produção de maconha no Paraguai, de produção de cocaína na Bolívia. Não sabemos se está sendo lavado lá, porque esse dinheiro limpo ainda não retornou. Mas evasão de divisas sem dúvida há”, disse o promotor em matéria publicada pelo jornal espanhol El País e também reproduzida pelo ABC Color neste domingo (12).

Segundo o promotor brasileiro o tráfico de droga é extremamente rentável e acaba extrapolando o espaço geográfico brasileiro.  Gakiya explica que  o Brasil ainda concentra boa parte dos consumidores e domina o mercado, entretanto, “o tráfico para a Europa é um caminho sem volta, porque é um lucro fantástico com pouco risco”.

“O PCC vende cocaína por lá a 25.000 a 30.000 euros [152.700 a 183.300 reais] o quilo, dependendo do país, quando aqui faria 12.000 reais. E se o container for apreendido, perdem a droga, mas normalmente ninguém é detido. O PCC leva a droga até os portos, de lá [a distribuição] é responsabilidade dos seus sócios, as máfias italianas, nigerianas, sérvias ou iugoslavas. A máfia fica com 40% da droga e paga o resto em euros ao preço de venda”, comenta o promotor.

No entendimento do promotor brasileiro, o interesse nos investimentos nos países da América do Sul, em especial no Paraguai e na Bolívia é considerado mais recente. Segundo ele, até bem pouco tempo, o dinheiro era guardado no Brasil e até mesmo enterrado e, às vezes era roubado ou apreendido.

Até recentemente o guardavam ou enterravam, e às vezes eram roubados, ou era apreendido. “A entrar no tráfico internacional começaram a receber o dinheiro na Europa. Primeiro o transportavam de avião, de navio, mas o volume de cédulas tornou impossível transportá-lo. Esse dinheiro não transita de maneira física, e sim através de sistemas usados por doleiros na Lava Jato, e dispõem dele no Peru, Paraguai, Colômbia, Bolívia”, revela Gakiya.

Ainda segundo o promotor, a organização criminosa tem um estrutura em forma de pirâmide e que é bom para que está na cúpula e com  benefícios ampliados aos familiares e que já está presente em todos os países da América do Sul e já se alastra por outros territórios.

“Tem alguns membros nos EUA, em Portugal e na Espanha, na Holanda e na Inglaterra, onde temos até filhos de líderes. O sobrinho do Marcola vivia em Londres até pouco tempo atrás. O Marcola tem uma filha vivendo na Austrália, ela estuda engenharia por lá, se não me engano”, revela Gakiya.

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