Com mais de 17 inquéritos, acusado de vários crimes no Brasil e na Espanha, o ex-major da PMMS (Polícia Militar de Mato Grosso do Sul) é tido como morto pelo advogado. Nos últimos dias foi encaminhada notificação à Justiça de Pontevedra (ES) sobre a morte de Paul Wouter, identificação falsa usada por Carvalho naquele país.

Expulso da PMMS em 2018, mesmo já tendo sido condenado por crimes desde 1997, Carvalho morava atualmente na Espanha, onde tinha uma mansão avaliada em 2 milhões de euros. Usando o codinome Paul Wouter, ele chegou a ser preso também em 2018, por tráfico de drogas. Ele seria o responsável pela entrada de 1,7 tonelada de cocaína no país, através de um navio.

Mesmo assim, acabou liberado e há poucos dias foi informada a morte do militar. A informação é dos jornais espanhóis La Voz de Galícia e Diário de Pontevedra. A princípio, o advogado teria encaminhado à Quinta Seção do Tribunal Provincial de Pontevedra a notificação da morte.

No entanto, ainda não teria sido apresentada a certidão de óbito e a defesa também alega que o corpo do ex-major foi cremado. A morte foi notificada só após a defesa de Carvalho saber que o Ministério Público da Espanha faria pedido de 13 anos e 6 meses de prisão a Paul Wouter. Por isso, a Justiça Espanhola não acredita em tal versão, nem mesmo a Polícia Federal e então foi emitido o mandado de prisão junto com a Interpol.

Na Espanha, advogado diz que ex-major da PMMS procurado pela Interpol está morto
Mansão em que Carvalho vivia, na Espanha (Divulgação, PF)

Inúmeros crimes

Sérgio Roberto chegou a ser preso em 2009, na Operação Las Vegas, mas acabou conseguindo liberdade em abril de 2013, pela Justiça Federal. Na operação em questão, ele era investigado por esquemas de jogos de exploração de cassinos, mesmo crime pelo qual foi alvo da Operação Xeque-Mate. Neste, ele também já tinha sido preso, em 2007.

No entanto, desde 1988 Carvalho já era investigado por outros crimes. Em 28 de agosto daquele ano, ele foi denunciado por contrabando de pneus do Paraguai. Já em 1997, foi preso com 237 quilos de cocaína em uma fazenda. Ficou preso, condenado a 16 anos em regime fechado, mas logo foi solto.

Na Espanha, advogado diz que ex-major da PMMS procurado pela Interpol está morto
(Arquivo)

Em maio de 1999 Carvalho cumpria pena por tráfico de drogas no Presídio Militar de e foi flagrado com celular e fax na cela. Também na unidade foram encontrados US$ 180 mil e R$ 27 mil em espécie. Já em 2001, detido em uma cela do Comando-Geral, o ex-major foi denunciado por falsificar atestado de trabalho, na tentativa de diminuição de pena.

Foi em 2004 que ele recebeu denúncia por adulteração de combustível. A ANP (Agência Nacional de Petróleo) teria descoberto o produto adulterado nos tanques dos postos que Carvalho gerenciava. Já em 2019, Carvalho foi condenado a 15 anos por lavagem de dinheiro, crime novamente atribuído a ele na Operação Enterprise.

Maior operação do ano da Polícia Federal

Conforme a PF, a operação que tinha como objetivo combater a lavagem de dinheiro proveniente do tráfico internacional de drogas prendeu 37 pessoas no Brasil. Também foi presa 1 pessoa no Panamá, 1 na e 1 na Espanha.

Ainda foram apreendidos 200 quilos de cocaína, além de 61 veículos, 5 motocicletas, 4 caminhões e 1 jet-ski. Já o patrimônio bloqueado, em imóveis, carros de luxo, joias e aeronaves, está avaliado em aproximadamente R$ 400 milhões. Só entre as aeronaves, foi realizado sequestro de 37, uma delas na Espanha, avaliada em US$ 20 milhões.

Também foram apreendidas 16 armas de fogo, um simulacro e 507 munições. Já o dinheiro encontrado durante a operação totalizou R$ 1.141.002,00, U$ 169.352,00, € 9.000,00 e 1.120 Dirham (moeda dos Emirados Árabes Unidos).

Na Espanha, advogado diz que ex-major da PMMS procurado pela Interpol está morto
Dinheiro apreendido na ação (Divulgação, PF)

Tráfico e lavagem de dinheiro

Ao todo foram expedidas 215 ordens judiciais, sendo 66 mandados de prisão e 149 de busca e apreensão. A ação teve a maior apreensão de drogas e de dinheiro da lavagem feita pela que começou a ser identificada em setembro de 2017, após apreensão de uma carga de cocaína no Porto de Paranaguá.

Ainda de acordo com a PF, os membros da organização tinham trânsito livre pela Europa com o uso de passaportes falsos. A ação foi realizada em conjunto com a Receita Federal, em âmbito nacional e internacional, sendo a maior operação do ano no combate à lavagem de dinheiro do tráfico de drogas e na apreensão de cocaína nos portos brasileiros.

A organização criminosa era dividida em sete grupos no Brasil, sendo que havia grupos responsáveis pela logística do envio da cocaína para a Europa e subgrupos em Mato Grosso do Sul e Mato Grosso.

Em São Paulo eram dois grupos grandes de logística que fazia o envio através dos portos. Já no Rio Grande do Norte outros dois grandes grupos que faziam o envio através de barcos de e de cargas de frutas.