‘Ela que exigiu abortar’, alega filho de homem morto a facadas por grávida

A família de Wilson dos Santos dos Reis, 36 anos, morto a facadas pela companheira na última sexta-feira (12) em Campo Grande, contesta as informações prestadas pela mulher de que Wilson teria a agredido e pedido que ela abortasse o filho do casal. “Meu pai dizia que já tinha três filhos e que se ela […]

Ouvir Notícia Pausar Notícia
Compartilhar

A família de Wilson dos Santos dos Reis, 36 anos, morto a facadas pela companheira na última sexta-feira (12) em Campo Grande, contesta as informações prestadas pela mulher de que Wilson teria a agredido e pedido que ela abortasse o filho do casal. “Meu pai dizia que já tinha três filhos e que se ela não quisesse, ele ficava com a criança”, relata o filho de Wilson, Kleberson Kevin da Silva dos Reis, de 20 anos.

Isso porque, segundo a família, a grávida estaria pressionando Wilson para que ele comprasse um remédio abortivo. “Mas ele não queria”, reafirma Kleberson. Sobre os dias dos fatos, o filho afirma que não acredita em uma agressão anterior a morte. “Meu pai nunca encostou a mão, nem na minha mãe, nem na outra esposa que ele teve”.

Fato que também foi confirmado pela ex-companheira de Wilson, mãe de Kleberson. “Ficamos cinco anos juntos e ele nunca levantou a mão para me bater. Depois que terminamos mantivemos uma amizade e ele sempre foi companheiro, amigo, responsável”, destacou a mulher. “Estou sentindo muito, também pelos meus filhos que perderam um pai, que não gostava nem de discutir. Era homem de falar ‘tchau’, ‘obrigado’”,  lembra a mulher.

Após o assassinato, a família tem recebido diversas ameaças e pede Justiça. “Ligaram duas vezes segunda-feira passada no telefone da minha avó. Ela perdeu o único filho que tinha, que estão pintando ele como um agressor, algo que ele não é”, lamenta Kleberson. “Agora ela está livre, entendo que ela esteja grávida e que tem pandemia, mas ela não é essa santa, é uma assassina”.

Relacionamento

Wilson, conforme a família, conheceu a mulher em 2018, mas a história começou antes. “Em 2016, o pai dela mudou para os fundos da casa da minha avó, que era de aluguel. Eles diziam que eram do Rio de Janeiro, mas depois descobrimos que eram de Corumbá”, conta Kleberson.

Além dela, moravam na casa dos fundos, a irmã dela e o pai. “Um dia eles brigaram, foi quando ela e a irmã saíram da casa”, conta. Já em 2018, entre as idas e vindas entre Naviraí e Campo Grande, Wilson conheceu a mulher. “Ele se interessou por ela, até então parecia uma boa pessoa, e pediu para eu pegar o número de telefone dela”, conta o filho.

Os dois já estavam envolvidos quando Wilson alugou uma casa, no Buriti, em Campo Grande, para morar com a namorada. “Ele vinha com frequência pra cá, nos aniversários, vinha pra ver a gente, então alugou a casa para morar com ela”.

Dia do crime

‘Ela que exigiu abortar’, alega filho de homem morto a facadas por grávida
Família de morto por grávida diz que a mulher exigia remédio para abortar (Reprodução WhatsApp da vítima)

No dia dos fatos, Kleberson conta que quem estava na residência com a grávida e Wilson eram os primos dele. “Ela teria dito por volta das 15 horas que iria matar ele a facadas”, denuncia o filho. “Meus primos notaram que ela estava olhando feio, então resolveram chamar o motorista de aplicativo e foram embora”, diz.

Kleberson relata que o pai pretendia ir embora da casa. “A mala dele estava no carro e dá para ver nas fotos publicadas na mídia o botijão de gás azul que a gente tinha comprado para ele levar. Mas ela puxou ele, esfaqueou nas costas e disse que ele não ia sair de lá naquele dia”, descreve o filho.

Kleberson afirma que o pai pode ter tentado se defender após isso. “Mas ele era um homem pequeno e ela fazia luta marcial”, destaca.

Sobre o aborto, que a mulher alegou que Wilson teria pedido, a família desmente. “Ela que pediu o remédio e ele não teve coragem de comprar, disse que criava mais um filho, já tinha três mesmo. Quem não queria o filho era ela”.

A família também contesta a informação de que uma vizinha teria visto a agressão. “A gente não localizou essa vizinha, a única pessoa que localizamos foi a mulher que ajudou a socorrer meu pai, que disse não ter visto nem ouvido nenhum tipo de agressão”, finaliza.

Longo histórico criminal

A mulher tem um boletim de ocorrência registrado em Corumbá, a 444 quilômetros da Capital, no ano de 2011. A vítima seria o então companheiro, na época com 21 anos de idade e ela, 19. O Ministério Público tenta desclassificar a tentativa de homicídio para lesão corporal e as informações são de que o crime já teria prescrito.

A mulher teria esfaqueado o companheiro na região da axila, nas costas e, de acordo com a vítima, ao vê-lo ensanguentado, passou a gritar por socorro. O homem ficou três dias internado e, quando se recuperou, teria reatado o relacionamento. No ano seguinte, separou da mulher, após ela tentar esfaqueá-lo novamente.

Além disso, ela tem passagem por tráfico de drogas em Sidrolândia, mas já cumpriu pena de cinco anos em regime semiaberto. Também tem passagens por perturbação do sossego e posse irregular de arma de fogo. Quando menor de idade, consta em seu registro criminal um ato infracional por ameaça.

A mulher chegou a ser presa na última sexta-feira, mas foi liberada com uso de tornozeleira eletrônica por se encaixar no grupo de risco do coronavírus, já que está grávida. Ela alegou para a polícia que teria sido agredida por Wilson e pegou a faca no intuito de se defender, além de afirmar que o companheiro teria pedido que ela abortasse o filho, o que teria gerado a briga entre o casal.

Conteúdos relacionados