Delegado indiciado por executar boliviano a tiros em ambulância tenta sair da cadeia
A defesa do delegado Fernando Araújo da Cruz, acusado de matar o boliviano Alfredo Rangel Weber em 23 de fevereiro de 2019, tentou revogar a prisão preventiva do réu com base na recomendação que trata do coronavírus e ainda no excesso de prazo. Na decisão, consta que é necessária a manutenção da prisão preventiva para […]
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A defesa do delegado Fernando Araújo da Cruz, acusado de matar o boliviano Alfredo Rangel Weber em 23 de fevereiro de 2019, tentou revogar a prisão preventiva do réu com base na recomendação que trata do coronavírus e ainda no excesso de prazo.
Na decisão, consta que é necessária a manutenção da prisão preventiva para garantia da ordem pública e para aplicação da lei penal, “considerando a gravidade concreta do delito apurado aliada aos indícios de intensa interferência do paciente com ajuda de terceiros para evitar a apuração de crimes, tanto no Brasil como na Bolívia”, considerando que o delegado ainda foi suspeito de planejar a morte de policiais que investigavam o caso.
Além disso, na decisão consta que “a complexidade do caso, que envolve a prática de três crimes, com produção de provas em dois países e dois denunciados, um Delegado de Polícia e outro Investigador de Polícia Civil, o que foge à normalidade, com expedição de carta rogatória, produção de documentos estrangeiros, apreensão de veículos, HDs de computadores e aparelhos celulares, com confecção de laudos periciais e, ainda, pedidos da defesa e da acusação afastam o excesso de prazo”.
A decisão dos juízes da 1ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça foi de denegar a ordem, reconhecendo parcialmente o habeas corpus apenas para que a decisão para finalizar a primeira fase da ação penal seja feita até dia 17 de julho deste ano.
Relembre o caso
Fernando foi indiciado por homicídio duplamente qualificado por emboscada e impossibilidade de defesa da vítima. Ele está preso desde o dia 29 de março de 2019, quando equipes da DEH (Delegacia Especializada de Homicídios) e Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubo a Banco e Resgate a Assaltos e Sequestros) foram até Corumbá após a descoberta da autoria do homicídio.
O delegado, que também é acusado de envolvimento com o tráfico de drogas, esfaqueou Alfredo e depois seguiu a ambulância que levava o boliviano para ser atendido em Corumbá. Ainda na estrada, após interceptar o carro da emergência, o delegado matou Alfredo a tiros na frente do médico, motorista e irmã da vítima.
O delegado na época não teria visto a irmã de Alfredo dentro da ambulância, sendo avisado pelo investigador da polícia Emmanuel Contis. Em meio à trama do assassinato, testemunhas foram coagidas sendo uma delas o motorista da ambulância, que teve como advogada a mulher de Fernando, Silvia.
O que o casal não esperava era que policiais bolivianos e até um promotor usassem de chantagem para extorquir os dois, com pedido de R$ 100 mil para que não implicassem o delegado ao assassinato. Na tentativa de encobrir os rastros do crime até execuções dos policiais e delegados que estavam investigando o caso foi arquitetada por Fernando e Emmanuel, que informava ao delegado todos os passos das investigações.
O delegado ainda estaria ligado ao tráfico de drogas, já que ele e a mulher estariam em contato com Fernando Limpias, que já havia trabalhado para Adair José Belo conhecido como ‘Belo’ e para Sérgio de Arruda Quintiliano, o Minotauro.
Fernando Limpias estaria comprando fazendas, com pista de pouso, na Bolívia para o transporte de drogas e estava à procura de ‘parcerias’. Silvia, então, teria oferecido a ‘parceira’ através da logística de reabastecimento dos aviões. Nas conversas com o traficante é perceptível o domínio do assunto tanto pelo delegado como por sua mulher. A defesa do delegado negou as acusações sobre envolvimento com o tráfico de drogas.
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