Casos recentes comprovam a existência de intenso mercado ilegal para venda de anabolizantes em . Em academias, com contrabandistas ‘profissionais' e até bancas nos centros comerciais populares, o produto está disponível sem qualquer tipo de controle para quem procura. Entre os alvos, muitos adolescentes iludidos com a busca pela aparência perfeita sem esforço.

Na busca pelo corpo perfeito, muitos jovens e adultos tem buscado nos anabolizantes uma forma mais rápida de chegar ao resultado que consideram ideal. O problema, é que além dos efeitos colaterais que o uso causa sem prescrição médica, a venda ilegal tem pena mínima de 10 anos de prisão.

Segundo o treinador Alysson Antero, que atua em um centro de treinamento na Avenida Três Barras, em Campo Grande, quem deve definir sobre o uso não são os profissionais da área de educação física, mas sim um médico.

Venda ilegal de anabolizantes é risco para adolescentes em academias de MS

“Muitas vezes somos procurados por praticantes de atividade física, musculação, para saber se deve utilizar ou não, mas é errado quem está prescrevendo esse tipo de medicamento, porque é isso que ele é, esteroides anabolizantes são medicamentos”.

De acordo com a portaria 344/98, além da obrigatoriedade da receita médica e controle em especial, há ainda uma lista de substâncias anabolizantes.

Sobre os efeitos no corpo, Alysson alerta que são muitos e dependem do medicamento que a pessoa está usando. “Os efeitos mais conhecidos para os praticantes de musculação a ginecomastia é o crescimento de mamas de tamanho fora do normal em homem, a alteração do eixo hormonal que é o pior deles, é quando você manda uma droga para dentro do seu organismo, você altera todo seu eixo hormonal e nunca mais ele vai voltar a ser o mesmo”.

Os adolescentes estão entre os que buscam por um corpo perfeito em pouco tempo, e muitas vezes recorrem à venda clandestina desse tipo de produto e fazem a aplicação em casa, já que há vídeos na que ensinam como fazer a aplicação caseira em caso de medicação injetável.

Na Depca (Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente) um professor de academia em Campo Grande, é investigado pela venda de anabolizantes para um adolescente de 17 anos.

“Nem toda a venda de anabolizante é crime, se tiver prescrição médica, quantidade adequada, local adequado, não é crime. Há casos de pessoas que necessitam de anabolizantes, podemos citar idosos que as vezes perdem massa muscular e o geriatra acaba receitando. O que não pode é o comércio ilegal, como por exemplo nas academias”.

Em caso envolvendo menores, a delegada Anne Karine Trevisan explica que para configurar crime o “adolescente não precisa consumir o anabolizante, a simples venda, a simples entrega já configura o crime. O anabolizante usado de forma inadequada, a gente sabe que dentro de várias outras consequências pode acarretar a morte”.

Quando os pais sabem que os filhos usam esse tipo de medicamento sem prescrição médica, eles também podem ser responsabilizados. “A conduta criminosa pode ser por ação ou omissão, os pais ou responsáveis que tem conhecimento que o adolescente está consumindo ou comprando o anabolizante da forma incorreta, se não procurar a autoridade policial, ele pode ser responsabilidade de forma omissa pelo crime”.

No início do ano, fisiculturista de 25 anos foi preso, após ser flagrado vendendo anabolizantes no camelódromo de Campo Grande. Ele passou por audiência de custódia onde teve sua prisão em flagrante convertida em temporária. A denúncia contra ele foi aceita com base no artigo 273 do código penal que trata sobre falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais, e também importação, venda, exposição a venda, ter em depósito para vender, distribuição ou entrega. Atualmente ele responde em liberdade mediante monitoramento eletrônico.

Venda ilegal de anabolizantes é risco para adolescentes em academias de MS
Delegado Gustavo Bianchi – Foto: Minamar Junior, Midiamax

O delegado titular da (Delegacia Especializada de Repressão ao Narcotráfico), Gustavo Bianchi Ferraris, alerta sobre a pena mínima para esse tipo de crime que é maior que a pena mínima para tráfico de drogas. “A pena mínima é de 10 anos com pena máxima de 15 anos de prisão, a pena mínima dele é maior que a do tráfico de drogas”.

Outra questão abordada pelo delegado é o fato das prisões de pessoas flagradas vendendo anabolizantes estarem ligadas ao tráfico de drogas. “A Denar quando faz apreensão de anabolizantes normalmente está vinculada ao tráfico de drogas, o criminoso já é contumaz naquilo, então ele vê um nicho de mercado onde ele pode ganhar mais dinheiro ainda. Ele já está trazendo maconha, já está trazendo cocaína do Paraguai, na Bolívia, então ele começa a trazer anabolizantes dessa região”, finaliza.