Invasão de dados aumenta 350% em MS e polícia alerta para crimes na internet

Em um ano, a Polícia Civil registrou aumento de 358% do registro do crime de invasão de dispositivo informático em Campo Grande. Foram 46 casos em 2018 e somente este ano há registro de 211 boletins de ocorrência. Crimes na internet têm registrado aumento significativo na Capital e entre os casos estão as clonagens de […]

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Em um ano, a Polícia Civil registrou aumento de 358% do registro do crime de invasão de dispositivo informático em Campo Grande. Foram 46 casos em 2018 e somente este ano há registro de 211 boletins de ocorrência. Crimes na internet têm registrado aumento significativo na Capital e entre os casos estão as clonagens de números telefônicos para extorquir dinheiro de vítimas, invasão de contas bancárias, até o chamado sex extortion, a extorsão sexual.

Em julho deste ano, a nutricionista Aline Macedo foi uma das centenas de vítimas. Ela teve o celular invadido e com isso, uma quadrilha conseguiu acesso a contas bancárias e até abrir uma conta digital, no qual furtaram R$ 11 mil. “Eles derrubaram meu número do telefone do telefone do consultório, quando trocaram a senha via SMS e entraram na minha conta do PagSeguro. A partir daí eles fizeram uma conta em um banco digital com os documentos que eles pegaram da operadora de telefone”, contou Aline.

A nutricionista chegou a chamar um técnico para checar o computador. “Ele não encontrou nada no computador e então pediu para olhar os celulares, meu e do consultório. Quando ele pegou o do consultório viu que estava sem rede, mas disse que eu não percebi porque estava usando só o WhatsApp”, disse. A partir daí, Aline descobriu que o suspeito derrubou a linha telefônica que é ligada na máquina de cartão.

Depois, o suspeito do crime teria ido até a operadora telefônica, onde conseguiu acesso a documentos e então fez uma conta em um banco online no nome da nutricionista. “Os pacientes não queriam mais passar cartão na minha máquina, ficaram com medo de clonarem os cartões, então foi um prejuízo muito grande”, destacou. Por sorte e insistência de Aline, o dinheiro foi devolvido pela empresa, mas não é o que acontece em todos os casos.

Como se proteger

O técnico de TI Gilson Mendes explica que muitos dos conhecidos crackers usam de informações que adquirem na própria internet, para aplicar os golpes e até conseguem alterar código de barras de boletos. “São softwares comprados por pessoas más intencionadas, enviados por anúncio bem chamativo. A pessoa acaba clicando no anúncio e automaticamente instala o programa que age alterando somente o código de barras do boleto salvo”, explicou Gilson.

O profissional explica que as pessoas devem ficar atentas e se prevenirem. “Alterar senhas sempre, não usar datas de aniversário, nome de animais de estimação, porque as redes sociais deixam muito claro hoje em dia a sua data de aniversário, você acaba postando lá a foto do seu animal de estimação e deixa essa informação muito abrangente”, disse.

Gilson ainda alerta que a maior parte do trabalho do cracker está em analisar o perfil da vítima até que consiga chegar ao objetivo. “Uma pessoa má intencionada não consegue tudo invadindo, ele analisa a pessoa antes, rotina, rede social, testa número de telefone, data de nascimento, começa a agir para descobrir alguma coisa”, explica.

Sex extortion

Sex extortion, ou extorsão sexual, é um crime virtual e também tem feito diversas vítimas na Capital de Mato Grosso do Sul. Geralmente os criminosos que estão do outro lado da tela nem moram no Brasil e procuram vítimas quem tem algo a perder, como homens casados. Este ano foram registrados 18 boletins de ocorrência de extorsão sexual, mas o número pode ser maior, conforme a polícia.

Antes, suspeitos pediam altos valores para não divulgar imagens de nudez das vítimas, porém agora, os valores diminuíram. “Antes era de dois a três mil reais, mas agora pedem duzentos ou até uns quinhentos reais”, revelou o investigador de Polícia Civil e especialista em segurança da informação, Michel Neves.

Michel afirma que criminosas procuram geralmente professores universitários ou até de academia. “Começam a conversar, puxam assunto como uma orientação para contratar um serviço e ao longo desse processo, a conversa vai para o lado sexual”, explica. “Tivemos um caso de que usaram o perfil de uma modelo iugoslava para aplicar o golpe no Brasil”, conta. “Antes eram só fotos ou vídeos, mas agora ela aparece por vídeo chamada, começa a tirar a roupa, isso para dar mais credibilidade ao golpe”, explica.

A vítima, como está em uma vídeo chamada, também acaba induzida a tirar a roupa, mas não sabe que tudo está sendo gravado. Depois, começam as chantagens. “Até a pessoa pagar, porque ela não vai querer aquele material publicado”, destaca.

Michel também conta que há casos de homens que aplicam esse golpe na internet. “Geralmente escolhem mulheres solteiras com mais de 40 anos, com filhos, mas nesses casos o processo é mais longo. Eles dizem que moram longe e começam a conquista. Em muitas das vezes, o homem demora cerca de três meses, diz que está amando e que vai morar com a mulher, mas para isso ele precisa do dinheiro da alfandegaria ou inventa outra forma de ludibriar a vítima”, explica.

O investigador indica que as pessoas que passam por isso ‘morra nas redes sociais’. “Você não tem muita garantia que a pessoa não vai publicar esse material, então troque o celular, bloqueie tudo por uns três meses ou mais, depois crie uma nova conta. Eles vão precisar da sua rede social para identificar os dados de familiares para então conseguir concluir o golpe. Se ele não pegou esses dados ainda, você saindo das redes, ele não terá chance mais”, finalizou.

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