Sociedade e polícia: impactos da operação Oiketikus
Em 6 meses, a Operação Oiketikus, desencadeada pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado), Ministério Público Estadual e Corregedoria Geral da Polícia Militar, desmantelou o esquema de contrabando de cigarros envolvendo policiais militares em Mato Grosso do Sul e resultou na prisão de 30 PM’s. A operação foi deflagrada em abril […]
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Em 6 meses, a Operação Oiketikus, desencadeada pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado), Ministério Público Estadual e Corregedoria Geral da Polícia Militar, desmantelou o esquema de contrabando de cigarros envolvendo policiais militares em Mato Grosso do Sul e resultou na prisão de 30 PM’s.
A operação foi deflagrada em abril de 2018, e as investigações, que tiveram início um ano antes, apontaram que dezenas de policiais militares do Estado, davam suporte ao contrabando, mediante pagamento sistemático de propina, interferindo nas fiscalizações para que não ocorressem apreensões de cargas e veículos.
A Oiketikus foi responsável por quase 50% das prisões de policiais militares que ocorreram no estado até novembro de 2018. Segundo dados repassados pela própria corporação, somente nesse ano, 69 estão policiais militares estão cumprindo pena ou aguardando julgamento em em Mato Grosso do Sul.
Por mais que esse cenário cause uma queda na confiabilidade da sociedade em relação à segurança pública, por outro lado, existem aspectos positivos relacionados ao aumento dessas prisões.
É o que explica o especialista em segurança pública Edgar Marcon. “ Se mais policiais estão sendo punidos é porque as investigações estão avançando. A sociedade fica estarrecida pela quantidade de policiais presos em uma só operação, porém esse estarrecimento vem acompanhado de uma tranquilidade, ao ver a polícia trabalhando e ‘rasgando a própria carne’ quando investiga e pune seus próprios agentes”, explicou.
Para Marcon, é preciso ter cautela ao interpretar e julgar as prisões resultantes da operação Oiketikus.
“ Vemos, de uma maneira geral, que são policiais presos pelos mesmos crimes – corrupção e contrabando – em uma região específica do estado, a do Conesul. Dessa forma fica claro que é uma parcela restrita da Polícia Militar que se envolveu no esquema. Não é a PM como um todo que está comprometida.
Pontos positivos em relação ao aumento das investigações e punições dentro da corporação também são observados pelos próprios integrantes da corporação.
“ Infelizmente temos muitos casos de PM’s de alta patente envolvidos nesses esquemas de corrupção. Por outro lado, essas prisões mostram aos novos soldados que seus superiores estão sendo punidos por esses desvios e que todo policial deve trabalhar dentro da lei”, disse o capitão Edsézar, do 1° Batalhão de Polícia Militar, que está há 13 anos na corporação.
Atualmente 29 mil policiais militares atuam em Mato Grosso do Sul. O número de PM’s comprovadamente envolvidos em crimes representa menos de 1% do efetivo, mas quando um agente que jurou proteger a sociedade se torna um criminoso toda a corporação é atingida.
É o sentimento do Cabo Nóbrega, que há 8 anos atua como policial militar. “Fico feliz de ver as operações e investigações evoluindo e punindo os responsáveis. Os maus policiais precisam ser retirados da corporação, eles prejudicam toda à polícia assim como a sociedade, disse.
Esperança
A diarista de 58 anos, Maria Elizabeth Siqueira, assim como outros cidadãos, vê com cada vez mais frequência, notícia sobre policiais corruptos. Mas assim como analisado pelo especialista Edgar Marcon, ela consegue distinguir que existem pontos positivos nessas punições.
” Quando vejo nos jornais policiais envolvidos em coisa errada fico triste de verdade, dá um pouco de medo mas acho ótimo que eles estejam sendo punidos. Continuo querendo que meu neto se torne um policial, porque existem muitos policiais honestos, e é pra eles que a gente pede ajuda, quando precisa de socorro”, desabafou.
Operação Oiketikus
A megaoperação contou com a participação de 125 policiais militares e nove promotores de Justiça. Os mandados tiveram como alvo residências e locais de trabalhos dos investigados, distribuídos nos municípios de Campo Grande, Dourados, Jardim, Bela Vista, Bonito, Naviraí, Maracaju, Três Lagoas, Brasilândia, Mundo Novo, Nova Andradina, Boqueirão, Japorã, Guia Lopes, Ponta Porã e Corumbá.
Todas as cidades fazem parte da chamada ‘rota cigarreira’, que integra rodovias, estradas e cabriteiras usadas para transportar cigarros produzidos no Paraguai e vendidos ilegalmente nas ruas de cidades brasileiras a preços bem menores que os oficiais, por não pagar impostos.
Dentre os policiais militares presos, estão praças e oficiais. Após a realização dos procedimentos de praxe e eventuais lavraturas de autos de prisão em flagrante pela Corregedoria da Polícia Militar, foram encaminhados ao presídio militar de Campo Grande.
Em novembro, mais 2 policiais foram presos. Tendo como alvos um tenente-coronel e um sargento de Campo Grande, durante a segunda fase da Operação novos mandados foram cumpridos.
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