Polícia Federal investiga se PCC e CV lavam dinheiro em Mato Grosso do Sul
Organizações estariam comprando até fazendas no Estado
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Organizações estariam comprando até fazendas no Estado
A Polícia Federal em Mato Grosso do Sul investiga movimentações financeiras supostamente conduzidas por integrantes do PCC (Partido do Comando da Capital) e o CV (Comando Vermelho), facções criadas dentro de presídios, que de duas semanas para cá desencadearam uma forte escalada de violência que provocou a morte de ao menos 100 encarcerados que cumpriam pena em Manaus (AM) e Boa Vista (RR).
A assessoria de imprensa da Superintendência da Polícia Federal, em Campo Grande, não confirmou, mas também não contradisse a esta informação. Normalmente, a PF divulga investigações quando conclui o inquérito e repassa-o para o Ministério Público Federal, instituição que define se denuncia, ou não, o investigado em questão.
Por telefone, a assessoria disse que a PF cumpre o que chamou de “atribuições constitucionais” e que isso significa que instituição “pode”, ou “não”, estar apurando delitos supostamente ligados às organizações criminosas. Ainda conforme a assessoria da PF, tais “atribuições” são o mesmo que cumprir tarefas que mexem com migrações ilegais, lavagem dinheiro, tráfico de drogas, entre outros crimes.
A informação – não confirmada nem negada – da investigação acerca do CV e PCC seria a de que a PF apura se as duas organizações, PCC principalmente, estaria lavando dinheiro em território sul-mato-grossense.
Informação extraoficial indica que a PF toca uma apuração que teria identificado suspeitas indicando que o PCC, com dinheiro conquistado por meio do tráfico de drogas, estaria comprando imóveis, inclusive em áreas rurais, fazendas, no caso aqui em MS.
Os bens, ainda segundo a denúncia, estariam sendo escriturados em nomes de laranjas e a estratégia seria um meio de o dinheiro da droga ser lavado.
FUZILAMENTO
O ataque ao patrimônio das organizações criminosas teria sido intensificado desde o fuzilamento de Jorge Rafaat, de nacionalidade brasileira, ocorrido em Pedro Juan Caballero, território paraguaio, separada por uma rua da cidade sul-mato-grossense, Ponta Porã.
Autoridades ligadas ao Ministério Público do Rio de Janeiro, declararam à época que desde a execução de Rafaat, que seria o chefe do tráfico de drogas na fronteira, é que teria dado início aos embates sangrentos envolvendo CV e PCC.
Rafaat, morto com arma de derrubar avião, teria sido atacado por integrantes do PCC, que hoje estaria chefiando no Paraguai negócios ligados ao tráfico de drogas e armamentos.
DESMENTIDO
Nesta quarta-feira (11), contudo, em reportagem publicada no jornal O Globo, Alexander Araújo de Souza, promotor de Justiça do Gaeco (Grupo de Combate ao Crime Organizado), do Ministério Público do Rio de Janeiro, negou que a morte de Jorge Rafaat, tenha motivado o racha entre as facções PCC e PV.
“Inicialmente, acreditou-se que o racha se deveu ao assassinato de um traficante transnacional brasileiro que atuava na área de fronteira chamado Jorge Rafaat, o que poderia ocasionar um prejuízo financeiro considerável ao Comando Vermelho no tocante ao controle das rotas das drogas que eram compartilhadas pelas duas facções. Tal assassinato se deu pouco antes do racha entre as facções. Contudo, posteriormente, o próprio PCC lançou um comunicado (um “salve”) explicando o motivo do racha. Neste “salve” fica claro que o racha se deu em razão das alianças que o Comando Vermelho firmou com facções de outros estados, que são inimigas do PCC e que tentam impedir que este se torne hegemônico no país. Isto representou um golpe na pretensão empresarial do PCC em expandir seus negócios e criar um monopólio do crime organizado”, disse o promotor ao jornal O Globo, edição desta quarta-feira.
Na entrevista, o promotor, que defendeu tese de doutorado acerca de organizações criminosas, na Itália, deixa claro que a matança em presídios do norte do país, ocorre em função dos desentendimentos dos líderes do PCC e CV. Dinheiro do tráfico seria o motivo principal das discórdias.
As mortes nos presídios de Manaus e Boa Vista refletiram nos dois maiores presídios de Mato Grosso do Sul, o de Segurança Máxima, em Campo Grande e o Presídio Estadual de Dourados.
Em Dourados, na semana passada, presos de pavilhões diferentes tentaram se enfrentar, mas foram contidos. O embate teria sido incentivado por integrantes do PCC e CV. O governo estadual determinou reforço policial nas duas prisões.
ORGANIZAÇÕES
O PCC e o CV estão, segundo o MP-RJ Ministério Público do Rio de Janeiros, entre as maiores organizações criminosas do Brasil.
O PCC, que seria a maior, conta com 7,2 integrantes que hoje cumprem penas ou moradores em todos os estados do Brasil, além de presídios situados na Bolívia, Colômbia, Peru, Chile, Venezuela, Argentina, Paraguai e Guiana Francesa.
Cada membro do grupo é obrigado a pagar uma taxa mensal de R$ 750, segundo o MP do RJ, e cumprem deveres estabelecidos em um código de conduta. O PCC movimenta em torno de R$ 240 milhões anuais, dinheiro arrecadado com as taxas e o tráfico de cocaína, segundo o MP.
Já o CV, cujos líderes são condenados que cumprem pena no Rio, não tem dados precisos, mas atua no Brasil e também em países localizados no entorno do país. O comando também mexe com o tráfico de drogas, como cocaína, maconha e crack, informação do MP carioca.
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