Para polícia, não há dúvidas de que plantaram provas no ‘caso PRF’
Agora investigação quer encontrar autores
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Agora investigação quer encontrar autores
Desde que os dois flambadores foram encontradas na caminhonete do empresário Adriano do Nascimento Corrêa, assassinado pelo policial rodoviário federal Ricardo Hyun Su Moon, a Corregedoria-Geral da Polícia Civil apura o caso. O inquérito ainda não foi encerrado, mas ainda assim, para o delegado responsável investigação “não há dúvidas de que as provas foram plantadas”.
Sérgio Luiz Duarte, responsável pelo inquérito de fraude processual que apura a aparição de dois flambadores na caminhonete de Adriano dias após a perícia, todos os indícios levantados até agora, desde fotos do dia do crime, da perícia depoimentos de autoridades envolvidas no caso e também da equipe de perícia, comprovam à tese.
Os maçaricos e duas garrafas de bebidas, já guardadas anteriormente a data do homicídio no veículo, passaram por perícia, mas nenhuma digital foi encontrada, justamente por conta do material dos objetos, um plástico poroso. “Não temos dúvida de que os flambadores foram plantados na caminhonete. Porém o trabalho agora é para identificar o autor do crime”, afirmou o delegado.
O inquérito ainda não foi concluído e diligências para esclarecer a autoria ainda serão feitas pelas equipes. Segundo Duarte, o pedido de quebra de sigilo telefônico da responsável pela perícia da Hilux também será usado na investigação realizada pela Corregedoria. “O crime é grave e ainda desvia o foco do objetivo principal, que é a conduta, é elucidar o que aconteceu naquele dia trágico”, defende Duarte.
O autor do crime responderá por fraude processual, que possui pena de 6 meses a 4 anos de detenção. “Estamos trabalhando com todas as hipóteses. Se o autor for servidor, pelo crime ter acontecido dentro do pátio do IC (Instituto de Criminalística Hercílio Macellaro), ele também responderá a um processo administrativo”.
A perícia
O flambadores teriam aparecido na caminhonete no dia 4 de janeiro. Antes disso, foram feitas duas vistorias no dia do crime e uma mais detalhada, quando até os bancos foram retirados, no dia 2 de janeiro, mas não foram localizados quaisquer vestígios dos objetos dentro do veículo.
No dia 4, um dos peritos do IC questionou o trabalho da profissional responsável pelo caso por um grupo de WhatsApp. A perita então teria convidado o colega de trabalho para ir até a Hilux e discutir o suposto uso da técnica ‘double tap’, um duplo toque no gatilho, mas ao abrirem a porta dianteira do passageiro, “visualizaram de forma escancarada” os maçaricos.
O caso foi denunciado à corregedoria e todos os envolvidos foram ouvidos. Na segunda audiência sobre a morte de Adriano, que aconteceu em abril, a perita reforçou que os flambadores só foram encontrados depois que o colega colocou a perícia em prova.
Em depoimento, a mulher alegou que o colega sempre teve muitas informações que nem os profissionais que estavam no caso tinham conhecimento e que ele até teria dito que “é amigo pessoal do advogado do acusado”, o Renê Siufi. Ela ainda afirmou que tinha como provar as informações graças as conversas no aplicativo de mensagens.
Quebra de sigilo
Foi para esclarecer o achado de dois flambadores, que o juiz Carlos Alberto Garcete de Almeida, da 1ª Vara do Tribunal do Júri, autorizou a quebra do sigilo telefônico da responsável pela perícia da caminhonete. Ela então entregou o celular e o chip, que foram enviados a perícia.
No dia 12 de julho, se dizendo indignado com a acusação da perita, que deu a entender que a ordem para implantar as provas partiu a defesa do policial, o advogado Renê Siufi enviou o pedido ao juiz para que as conversas extraídas da quebra do sigilo telefônico sejam confrontadas com as mensagens do aparelho do perito que supostamente seria seu amigo, através de cópia do conteúdo.
O pedido foi aceito nesta segunda-feira (17). Garcete então determinou que o perito que questionou o trabalho feito no veículo entregasse o aparelho celular e o chip “imediatamente ao instituto de criminalística”. Ele ainda determinou que o resultado da perícia seja entregue em 10 dias.
O caso
Ricardo Sun Moon passou de policial a réu na madrugada do dia 31 de dezembro 2016, quando envolveu-se em uma confusão no trânsito, e atirou contra Adriano e as outras duas pessoas que estavam com ele no carro, Agnaldo Espinosa da Silva e o enteado de 17 anos. O empresário morreu na hora. Moon alegou legítima defesa, versão que não prosperou nem no inquérito da Polícia Civil nem na análise do Ministério Público Estadual.
Uma reconstituição com todos os envolvidos e também testemunhas foi realizado no dia 11 de janeiro de 2017. Na data, Moon estava preso em virtude a um mandado de prisão preventiva, mas no dia 1º de fevereiro, ele ganhou a liberdade.
Duas audiências já foram realizadas e Moon ouvido. Em depoimento ele mantém a versão de que seria atropelado e só por isso atirou no empresário. O policial também afirma que se apresentou como policial e que estava com a ‘vestimenta sereia’, ou seja, metade fardado e metade à paisana, é um procedimento de praxe na corporação.
O caso ainda é marcado pela batalha judicial para decidir qual esfera deve julgar o caso do PRF. O processo chegou a ficar 21 dias suspenso, até o os desembargadores da 3ª Câmara Criminal negarem o pedido de habeas corpus da defesa do policial para transferir a ação do homicídio à Justiça Federal.
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