Namorada muda depoimento e diz que lutador que matou engenheiro era dócil

Crime é julgado nesta quinta-feira

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Crime é julgado nesta quinta-feira

Carla Mayara Dias é uma das testemunhas de defesa a depor ao júri nesta quinta-feira (27), durante julgamento de Rafael Martinelli Queiroz, preso pelo homicídio cometido em 18 de abril de 2015. Na época Carla namorava o lutador e estava com ele no hotel em que o rapaz matou o engenheiro Paulo Cezar de Oliveira.

De acordo com Carla, ela e Rafael seguiram viagem de Valparaíso (SP) para Campo Grande, onde o lutador participaria de uma competição de jiu-jitsu. Ela disse que ele não dormia bem há três dias e que chorava durante a viagem, conversava com as músicas que tocavam no som do carro e estava bastante agitado.

O casal passou por Santa Fé do Sul (SP), onde buscou um casal de amigos, quando Rafael teria se acalmado. No entanto, conforme Carla, quando pararam em um posto de combustível o lutador voltou a apresentar comportamento estranho, dizendo que o amigo estaria “armando contra ele”.

Quando chegaram em Campo Grande, Rafael queria conversar com o organizador do evento em que lutaria e conseguiu, mas Carla disse não saber o teor da conversa. No hotel, ele voltou a apresentar comportamento estranho, não conseguia falar, apenas resmungava e mal conseguiu dizer o nome na hora de fazer o check-in no hotel em que ocorreu o crime.

Mudança no depoimento

Logo após o crime, Carla prestou depoimento por carta precatória. Os exames de corpo de delito constataram a agressão por parte de Rafael, mas ela alegou ao júri que apenas foi ferida na boca quando o namorado levantou da cama e começou a ter o surto. Ela disse que tentou segurá-lo e acabou ferida, mas que não houve intenção.

Carla contou ao júri que desceu até a recepção e pediu para a funcionária acionar a polícia, ou alguém que controlasse Rafael. No primeiro depoimento, à polícia, ela disse que ouviu os barulhos no quarto e viu quando o namorado desceu, ensanguentado, e entregou uma corrente à recepcionista dizendo que pertencia ao hóspede de determinado quarto.

Ao júri, ela desmentiu o fato e disse que apenas viu o namorado entregar um objeto para a recepcionista, mas não ouviu o que ele disse. Questionada sobre o relacionamento com o lutador, Carla disse que havia discussões comuns de casais, mas que nunca foi agredida. Já no primeiro depoimento, ela tinha dito que o relacionamento era conturbado.

No dia do crime, Carla estava grávida de dois meses e na época chegou a ser apontado que Rafael duvidava da paternidade da criança, por isso teria se exaltado e tido um surto. Carla disse ao júri que nunca houve dúvida. Rafael, que aguardava o julgamento preso, já viu o menino, hoje com pouco mais de um ano, ao menos três vezes.

Sobre o comportamento de Rafael, Carla disse que ele era dócil e amável. Ela o conhecia há 10 anos e o casal estava junto há dois.

Transtorno de personalidade borderline

Transtorno de personalidade limítrofe, ou borderline, é a constatação apresentada pelo médico psiquiatra Fábio Brandão, contratado pela família de Rafael. Laudos do médico teriam confirmado que o lutador sofre de tal transtorno, que pode durar uma hora ou mesmo um dia inteiro.

Com base em pesquisas e outros dados, o médico apontou que, no momento em que Rafael sofria do transtorno ele não respondia por si por não ter consciência dos atos e poderia não se lembrar do que aconteceu. Se confirmado o transtorno, também será confirmada inimputabilidade, impossibilidade de Rafael de responder judicialmente pelos atos.

Caso o júri concorde com o que foi apresentado pelo psiquiatra, a pena de Rafael será convertida em internação.

(Foto: Rafael Martinelli Queiroz | Por: Arlindo Florentino)

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