Histórico de mortes e ameaças entre famílias marcou execução de dupla em Uber
Polícia investiga o caso
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Polícia investiga o caso
Briga entre duas famílias, mortes e ameaças marcaram os últimos dias de Maickon Alves Marques, de 22 anos, assassinado a tiros dentro de um Uber na tarde desta quinta-feira (27) no Jardim Carioca, em Campo Grande. O atentado ainda resultou na morte de um amigo do rapaz e deixou o motorista do veículo ferido.
Maycon era investigado pela morte de Joaquim Rodrigues de Oliveira, de 58 anos. O crime aconteceu na noite do dia 23 de julho, no Jardim Campo Alto depois de uma discussão entre a vítima e o avô do rapaz, Antônio Marques, de 72 anos, que também foi morto durante a confusão.
O crime pode ser a motivação para a execução desta quinta-feira. Segundo o advogado Amilton Ferreira de Almeida, que defenderia Maycon no caso, familiares do rapaz relataram que desde o dia 23 vinham se sentindo ameaçados. “Eles contaram que caros estranhos estavam passando com frequência em frente à casa deles. Estavam se sentindo ameaçados”.
Na tarde de ontem, Maycon e o amigo, Reinan Felipe Vieira de Oliveira, de 22 anos, entraram em contato com Almeida e seguiam para o escritório dele quando foram mortos. Conforme o advogado, 20 minutos antes do crime ele conversou com a vítima. Ela explicou que de manhã foi até a 4ª Delegacia de Polícia Civil de Campo Grande para se apresentar.
Acompanhado de outro advogado, o rapaz não conseguiu ser atendido pela delegada e em seguida entrou em contato com Amilton. “Ele pediu para eu ir buscar ele, mas como estava ocupado falei para vir aqui no escritório. Eu ia conversar com ele e ligar para a delegada, entender o porquê ele não havia sido ouvido”.
Foi a caminho do encontro com o advogado que o Uber, modelo Peugeot 207, em que os amigos estavam, foi fechado por uma caminhonete Hilux preta, uma motocicleta Tornado e um Corolla, de cor laranja. Vários disparos foram feitos contra o carro. Maycon e Reinan morreram na hora e o motorista foi socorrido para a Santa Casa, onde permanece internado. Cápsulas de calibre .380 e calibre .12 foram encontradas pela polícia no local.
Ainda conforme Amilton, a família chegou a contar para ele que Maycon era acusado de matar um policial aposentado, mas que o próprio rapaz, no breve contato que tiveram por telefone, explicou que a história não era exatamente assim e que o amigo, Reinan Felipe, tinham algumas coisas para contar a ele. As investigações do crime apontaram que o homem morto pelo jovem era motorista e irmão de um policial militar.
“A única coisa que ele me falou era que não foi recebido pela delegada e que ela queria a arma do crime, por isso não ouviu ele. Então em pedi para ele vir aqui, assim eu entrava em contato com a delegada e entenderia o que aconteceu”. Se o suspeito não fosse ouvido, a defesa o levaria até o MPE (Ministério Público Estadual).
Pra a equipe do Jornal Midiamax, a delegada responsável pela primeira investigação, Célia Maria, da 4ª Delegacia de Polícia Civil, explicou que deixou de ouvir Maycon porque outras oitivas já estavam agendadas para a manhã. Ela ouvia presos na delegacia e por isso não conseguiu atendê-lo. Um novo horário seria agendado.
A execução dos dois jovens é investigada pela 7ª Delegacia de Polícia Civil. Segundo a delegado Cristiane Rossi, ainda não há novidade sobre o caso.
Entenda
Toda a história começou bem antes do duplo homicídio. Maycon e os amigos tinham o hábito, segundo testemunhas, de efetuar disparos na rua em que morava, a Caravelas. A situação assustava moradores, entre eles o filho de Joaquim. No dia 23, preocupado com o neto, o motorista de 58 anos resolveu ir conversar com os vizinhos.
Segundo as investigações, foi Maycon tem atendeu Joaquim. O motorista pediu para ele parar com os disparos e assim começou uma discussão. Antônio então teria saído de casa municiando um revólver e antes mesmo de continuar a conversa disparou a primeira vez contra o vizinho.
Foram três tiros, mas mesmo ferido e já no chão, Joaquim reagiu e atirou contra Antônio. Ferido por um tiro na cabeça, o mecânico morreu na hora. Vendo o avô morto, Maycon tomou o revólver dele, chutou o motorista e fez mais dois disparos contra ele, que também não resistiu.
A principal testemunha do crime, é a filha de Joaquim, de 20 anos. Ela acompanhou o pai até a casa onde tudo aconteceu e tentou socorrer ele quando Maycon se aproximou, mas foi obrigada a sair de perto pelo rapaz de 22 anos, que disparou duas vezes em sua direção para evitar que ela se aproximasse.
Para fugir dos autores, a jovem saiu do local de carro, mas acabou se envolvendo em um acidente duas quadras depois, foi socorrida pelos militares que iam atender o duplo homicídio e voltou ao local, onde foi agredida por familiares de Antônio e teve o dedo quebrado.
Ainda durante a perícia no local, o irmão de Joaquim, um policial militar reformado, chegou a residência, armado e muito nervoso. Ele foi preso por agredir uma das moradoras da casa e por estar com o porte da arma vencido. A mulher de 46 anos afirmou que foi agredida com um tapa na cara e ameaçada de morte pelo homem, mas para a polícia o militar negou.
Ele contou que chegou com arma em punho, foi impedido de se aproximar do corpo e acabou empurrando as pessoas. O caso, na época foi registrado como vias de fato e porte ilegal de arma de fogo de uso permitido.
Sobre o crime, oito pessoas já foram ouvidas pela delegada Célia Maria, mas novas testemunhas ainda devem prestar depoimento. O inquérito, depois de encerrado, era enviado para justiça, mas deve ser arquivado, já que todos os envolvidos foram assassinados.
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