Caso mais antigo apareceu após bailarina denunciar estupro nas redes sociais

O professor e dono de uma companhia de dança de Campo Grande acusado por uma bailarina de assédio sexual e estupro já havia sido denunciado à polícia pelo mesmo crime. Na última semana, a ex-aluna usou as redes sociais para relatar que ele a teria estuprado sob ameaça de tirar a jovem da equipe de dança em um programa de TV regional do qual ele é coreógrafo.

Ele admite que manteve relações com a garota, mas negou o estupro e registrou um boletim de ocorrência contra ela, alegando que o sexo foi consensual. Para explicar porque a bailarina teria se exposto nas redes sociais com a acusação, ele afirma que seria ‘retaliação por ela ter sido expulsa da companhia’. “Ela está com mágoa de mim”, disse.

Outra vítima em 2016

No entanto, outra aluna, uma adolescente de 17 anos, já havia denunciado o professor de dança pelo mesmo crime, em setembro de 2016. Segundo ela relatou à mãe e depois à polícia, em uma das aulas em um clube de Campo Grande, ele a teria levado para uma sala no andar superior da sala de aulas, onde o estupro teria acontecido.

Em 2016, adolescente já havia denunciado professor de dança por outro estupro

A garota contou que foi levada até o cômodo onde o professor começou a ‘forçar uma situação’, abraçando-a e tentando beijá-la. Quando ela teria pedido para ele parar, teria sofrido ameaças de expulsão da companhia de dança, exatamente como a outra vítima diz que ele fez.

Em seguida, o suspeito teria pegado com força em seu braço e a estuprado. Um colega de aula da adolescente teria presenciado o professor levando a menina para um cômodo afastado do salão onde aconteciam as aulas.

A mãe da adolescente procurou a delegacia em setembro de 2016 para registrar um boletim de ocorrência por estupro contra o professor de dança, sendo que a mulher teve de procurar novamente a delegacia após o professor e dono da companhia de dança passar a fazer ameaças de morte contra seu marido, por causa da ocorrência registrada do abuso contra sua filha.

Em uma das ligações, o professor de dança teria se passado pelo pai afirmando ser coronel da polícia e que o casal não sabia com quem estava mexendo.

Relações com várias dançarinas

Diante das acusações de abuso sexual, o professor de dança disse ao Jornal Midiamax que nunca cometeu qualquer tipo de crime sexual contra as bailarinas que fazem parte de sua companhia de dança, e que a primeira denúncia contra ele seria por mágoa da dançarina.

“Eu a expulsei da companhia por comportamentos inadequados, e agora, ela quer me prejudicar por pura mágoa”, disse. O professor afirmou que já teve relações sexuais com várias dançarinas, mas tudo, segundo ele ‘de forma consensual’.

Sobre a denúncia de estupro de 2016, ele repetiu que é inocente. Disse que nunca teve nada com a adolescente, mas admitiu que ela também foi expulsa da companhia por ‘mentir que ia para as aulas de dança, enquanto ia para casa de amigos’. Ainda segundo ele, ela teria dito a uma colega que tinha ficado com o professor e, quando o rumor foi descoberto pela mãe, ela acabou registrando o boletim de ocorrência.

DST do professor

Bailarina de Campo Grande, que atualmente mora no Distrito Federal, utilizou o Facebook para denunciar que teria sofrido abusos por parte do coreógrafo e dono de uma companhia de dança da Capital.

Ela afirmou no depoimento que se não mantivesse relações sexuais com ele era cortada das apresentações. A jovem diz que ainda que era obrigada manter as relações sem o uso de preservativo e que com isso, contraiu DSTs (Doença Sexualmente Transmissível).

“Iniciei como bolsista na academia dele em 2010. Fiz parte da companhia, dancei em shows, programa de TV e qualquer outra coisa que surgisse. Saí em janeiro de 2013 quando me mudei para Brasília para fazer faculdade. Nesses dois anos fui abusada sexual, profissional, financeira, moral e psicologicamente. Eu e muitas outras meninas que passaram pelos seus ‘ensinamentos’”, diz a postagem.

A dançarina afirmou em seu post que ao contar para o coreógrafo que havia contraído DST e que suspeitava de gravidez, foi humilhada e chamada de prostituta, por várias vezes. Ela ainda diz que o professor de dança teria pedido o dinheiro do cachê pago por um bar aos bailarinos, pois a companhia estava em dificuldades financeiras. Depois disso, a jovem diz não ter mais recebido o dinheiro pelo trabalho.

Sobre fazer a denúncia anos após ter deixado o grupo de dança, ela explica que “Eu não queria ter demorado tanto a falar sobre isso, mas ainda é muito difícil. A culpa e o medo que cerca esse meu discurso as vezes pesa mais do que a vontade de falar e sanar injustiças. São poucas pessoas que sabem dessa história e hoje eu quero que todo mundo fique sabendo. Ainda com medo, ainda com vergonha”.