Douradense falou com pistoleiros após morte de irmã e cunhado no Paraguai

Criminosos mandaram jovem ficar de “boca fechada”

Ouvir Notícia Pausar Notícia
Compartilhar

Criminosos mandaram jovem ficar de “boca fechada”

Convocada pela Justiça do Paraguai para depor sobre o assassinato de Paulo Jacques e Millena Soares na segunda-feira (2) em Assunção, a douradense que sobreviveu ao violento ataque disse ter conversado com os pistoleiros após o crime. Segundo ela, os criminosos pediram que ela ficasse “de boca fechada”. A jovem foi incluída no programa de proteção a testemunhas do país vizinho.

Informações trazidas a público pelo ABC Color na tarde desta quarta-feira (4) indicam que a jovem de 21 anos escapou de ser atingida por ter se jogado no assoalho da Toyota Hilux conduzida pelo cunhado, morto junto com sua irmã às 13 horas do dia 2.

“Ela, ao escutar os disparos, primeiro se agachou, depois inclusive trocou palavras com os sujeitos, e por isso temos conhecimento que os pistoleiros são de nacionalidade brasileira”, informou à publicação Mercedes Caniza, representante do Ministério Público paraguaio que atua nas investigações desse crime.

O trio estava na capital do Paraguai para as festividades de Ano Novo. Quando trafegavam pela Rua Tenente Lilio Cantalupi, no bairro da República, nos arredores da Universidade Católica de Assunção, foram cercados por pistoleiros que estavam em duas picapes e começaram a efetuar disparos de arma de fogo.

A perícia informou que Paulo Jacques, de 41 anos, apresentava 30 perfurações de munição expansiva. Já a noiva dele, Millena, de 26 anos, levou um único tiro, na cabeça. Ambos morreram no local.

Jacques foi apontado pela advogada Laura Casuso, que defende o narcotraficante brasileiro Jarvis Chimenes Pavão, preso em Assunção, como um homem de extrema confiança de seu cliente, a quem acredita que o crime tenha sido uma mensagem. “É fácil pensar que uma pessoa com a condição do senhor Pavão possa ter gente que não simpatize com ele, então não deixamos de pensar que [o assassinato de Jacques] possa ser uma mensagem”, disse em entrevista à imprensa paraguaia.

Millena, por sua vez, morava em Dourados, distante 228 quilômetros de Campo Grande, mas havia mudado para Pedro Juan Caballero, cidade paraguaia que faz fronteira com Ponta Porã, a 313 quilômetros da Capital, e onde cursava medicina.

CONTRADIÇÕES

No depoimento prestado hoje ao juiz Hugo Sosa Pasmor, a irmã de Millena apresentou contradições em relação ao que disse para policiais que atenderam a ocorrência no dia do crime. Mas a representante do Ministério Público do Paraguai acredita que isso tenha ocorrido porque a jovem estava em estado de choque após o violento ataque.

Toda a ação dos criminosos durou ao menos cinco minutos. Depois que Jacques colidiu sua caminhonete contra o muro de uma casa, já baleado, os pistoleiros cercaram o veículo, viram a sobrevivente e recomendaram que ela fique de “boca fechada”. Ela foi incluída no programa de proteção a testemunhas e encaminhada a um local seguro e não informado.

Os pistoleiros estavam numa Toyota Hilux de cor bordô e em uma S-10 preta, que foram encontradas abandonadas pela polícia. 

Conteúdos relacionados