Sociólogo diz acreditar que cultura de paz pode reduzir crimes de motivação passional

Para o sociólogo a lei pode desestimular, mas não pode eliminar a ocorrência desse tipo de crime

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Para o sociólogo a lei pode desestimular, mas não pode eliminar a ocorrência desse tipo de crime

Nesta semana um crime chocou a população campo-grandense caso no qual um supervisor de uma escola de cursos profissionalizantes, de 29 anos, foi assassinado, na segunda-feira (16), porque a vítima ‘mexeu’ com a esposa do autor.

De acordo com o sociólogo, Paulo Eduardo Cabral, mesmo o crime sendo classificado como homicídio, não se pode descartar que foi por motivação passional, a pessoa age pela emoção. Ainda segundo Cabral, somente uma cultura de paz poderia reduzir esses casos no país.

O sociólgo explicou ainda que vivemos em uma sociedade belicosa e que se as pessoas estiverem voltadas para a paz a quantidade de homicídios, lesões corporais e acidentes de trânsito reduziriam significativamente.

Para Cabral a sociedade já vem de um histórico de violência e com isso temos um caldo cultural propício a estes casos, como por exemplo, do supervisor. O sociólogo disse que nos casos de crimes de motivação passional ainda que uma cultura de paz pudesse contribuir para que eles não ocorressem com tanta frequência, isso não significa que seriam completamente eliminados, mas poderia reduzir sensivelmente e os crimes de não motivação passional muito mais.

“Se a sociedade estiver na cultura de paz, as pessoas são influenciadas e conseguem desenvolver muito mais as emoções vinculadas à solidariedade, a cooperação, ao compartilhamento e a compreensão do outro do que as emoções que passam pela posse, disputa e necessidade de afirmação. Nesta cultura podemos apontar uma série de pontos positivos”, afirma Cabral.

Para o sociólogo a lei pode desestimular, mas não pode eliminar a ocorrência desse tipo de fato. O crime impulsionado pela passionalidade a lei não pode impedir porque se trata de emoções que dominam a pessoa naquele determinado momento.

Cabral disse que esses crimes existem na sociedade desde sempre e que um dos componentes é a possessividade sobre o outro. O sociólogo disse que as tragédias gregas explicam bem esses crimes. “O crime de motivação passional não é uma questão regional, ele é universal e ainda hoje guarda certo anacronismo”, ressalta o sociólogo.

O sociólogo ressaltou ainda que um dos elementos da passionalidade no homicídio pode ser a perda ou o colapso momentâneo da razão. “No caso do supervisor houve a premeditação, ainda que a motivação fosse passional, não foi um rompante ou de momento. Os casos deste tipo estão sendo frequentes nos dias atuais”, esclarece.

Cabral explicou ainda que antigamente esses crimes passionais eram para lavar a honra e o autor era absolvido na tese da legítima da honra, mas que hoje em dia isso não existe mais. “Embora não exista mais a figura da legítima da honra à passionalidade independe da regulação jurídica. O sujeito que tem um temperamento passional que se deixa levar pela emoção, tende a ter o perfil psicológico de atitude passional diante da vida”, finaliza.

Para o sociólogo a sociedade tem que parar com a banalização da morte e partir para uma a cultura de paz se quiser diminuir os índices de violência não só no Brasil como no mundo. 

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