Policiais militares são presos após assassinato de cinco jovens no RJ

Entre eles havia dois irmãos

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Entre eles havia dois irmãos

Quatro policiais militares do 41° BPM (Irajá) foram presos acusados de matarem dentro de um carro cinco rapazes na favela da Lagartixa, localizada no Complexo da Pedreira, em Costa Barros, Zona Norte do Rio, na madrugada deste domingo. Os agentes alegaram na delegacia que o caso foi auto de resistência, quando há morte em confronto com a polícia. As vítimas foram atingidas por vários tiros, muitos deles nas cabeças.

De acordo com a 39ª DP (Pavuna), os policiais Thiago Resende Viana Barbosa, Marcio Darcy Alves dos Santos e Antonio Carlos Gonçalves Filho foram presos em flagrante por homicídio doloso e fraude processual, e o policial Fabio Pizza Oliveira da Silva por fraude processual.

Foram mortos os irmãos Wesley Castro, de 20 anos, e Wilton Esteves Domingos Junior, também de 20 anos, que estavam com os amigos Cleiton Corrêa de Souza, de 18 anos, Carlos Eduardo da Silva Souza, de 16, e Roberto de Souza Penha, também com 16 anos. Outros dois irmãos de Wesley e Wilton, que estavam em uma motocicleta acompanhando o carro dos amigos, conseguiram escapar dos tiros, mas caíram e se feriram levemente. Foram eles que acionaram os familiares. 

Segundo testemunhas e parentes das vítimas, policiais militares confundiram os rapazes com bandidos que estariam fazendo escolta de um caminhão com carga de bebidas, roubado na Avenida Brasil e que estava sendo levado para o conjunto de favelas. Ainda de acordo com familiares, os rapazes estavam comemorando o primeiro salário de um deles.

“Foi uma execução! Mataram o meu filho e todos os colegas que estavam com ele. Eu fui ao Parque Madureira com os meninos e passsei pelo local dez minutos antes, e pouco depois os policiais fazem uma desgraça dessa”, disse, chorando muito, o estudante de direito Jorge Roberto Lima da Penha, pai de Roberto de Souza Penha.

Ainda de acordo com relato dos parentes, os PMs tentaram alterar a cena do crime, colocando uma pistola de brinquedo no carro dos jovens depois que eles foram mortos. “Quando cheguei dois meninos ainda estavam vivos agonizando e o PMs não me deixaram socorrer. A mãe de um deles, a minha cunhada Márcia Ferreira, também chegou desesperada e um policial disse que a matava se ela mexesse no carro”, contou a tia dos irmãos mortos, Erika Esteves Domingos. Em um vídeo que circula na Internet, uma arma aparece caída perto de uma das rodas do carro que foi fuzilado.

Cleiton e Wesley têm passagem pela polícia. A Polícia Militar abriu Inquérito Policial Militar (IPM) para apurar as circunstâncias do fato. A Polícia Civil apreendeu uma pistola de brinquedo e um revólver calibre 38 com duas balas deflagradas. A polícia vai apurar a procendência das armas. Familiares estão programando uma manifestação para esta segunda-feira.

Policiais forjaram auto de resistência no Morro da Providência

Em setembro deste ano, Eduardo Felipe dos Santos, 17 anos, foi assassinado, no Morro da Providência, Centro do Rio. Seria outro auto de resistência entre os muitos já registrados na comunidade. Na versão de policiais da UPP local, o adolescente seria um bandido que morreu após trocar tiros com os agentes em um confronto, mas a encenação dos PMs — que colocaram a arma na mão do jovem e fizeram dois disparos — foi flagrada por dois vídeos feitos por moradores. As imagens foram enviadas para o WhatsApp do DIA (98762- 8248). As polícias Civil e Militar investigam o caso.

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