Venda de caminhão de R$ 390 mil na Capital e briga com concessionária viram caso de polícia
Em novembro de 2010, Natalin Dal Moro não tinha ideia do ‘problema’ que estava comprando. Cliente há muitos anos da concessionária de caminhões da Mercedez Benz na Capital, ele confirmou por telefone a aquisição de um Actros 2646 6×4, considerado na época o top de linha da marca, no valor de R$ 390 mil. O […]
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Em novembro de 2010, Natalin Dal Moro não tinha ideia do ‘problema’ que estava comprando. Cliente há muitos anos da concessionária de caminhões da Mercedez Benz na Capital, ele confirmou por telefone a aquisição de um Actros 2646 6×4, considerado na época o top de linha da marca, no valor de R$ 390 mil.
O negócio foi proposto e fechado com um vendedor de sua confiança na autorizada. Era o início de um transtorno que duraria mais de três anos. “O José Tenente (vendedor) me ligou dizendo que já tinha sido aprovado no cadastro e me ofereceu um caminhão top de linha”, relata.
“Comprei e o levei para Sidrolândia, mas no dia 14 de dezembro de 2010 o Sr. Jacir (gerente) junto com o vendedor foram a minha casa. Eles pediram que eu emprestasse o veículo para ficar em uma exposição. O argumento foi que o meu caminhão era o primeiro vendido dessa linha na Capital. Na primeira viagem que fiz com o veículo constatei que o consumo de combustível estava excessivo e os pneus muito gastos. Visitei a Campo Grande Diesel várias vezes exigindo laudos e providências, porém nada se resolveu”, lamenta Natalin.
O caminhoneiro possui uma empresa familiar, que tem uma frota de seis caminhões, todos comprados na mesma concessionária. Além de gerir o negócio, ele também faz fretes por várias regiões do Brasil. O primeiro trajeto com o Actros 2646 6×4 foi de Mato Grosso do Sul até Belém-PA, quando ele constatou diversos problemas no caminhão. O consumo de combustível surgiu como principal defeito, no gasto de 1,3 litros de diesel por quilômetro rodado, sendo que o veículo deveria fazer 2,7 litros.
Nos três anos de problemas após a compra do Actros 2646 6×4, Natalin diz que chegou a ir na Campo Grande Diesel pelo menos seis vezes com a promessa de que consertariam o caminhão. Em várias delas, o veículo teria ficado na oficina, sendo que em duas oportunidades um técnico da Mercedes Benz veio de outro Estado para verificar o desempenho do caminhão em viagens.
Todavia nenhum laudo oficial chegou a ser emitido pela concessionária para o consumidor, apesar de o funcionário Marcos Valençuela confirmar os defeitos reclamados pelo cliente que se estendiam também ao sistema de frenagem do caminhão. Os pneus apresentavam um gasto mais rápido que o normal.
As Viagens
A primeira viagem teste do Actros 2646 6×4 teria o trecho entre Campo Grande-MS e Goiânia-GO, com o caminhoneiro do lado, todavia foi interrompida em Chapadão do Sul, 325 km depois, pelo próprio técnico da empresa que não conseguiu provar na direção um consumo menor do combustível.
De acordo com o cliente, no segundo teste, a mesma situação se repetiu, já que o caminhão de Natalin seria levado da capital sul-mato-grossense para Passo Fundo-RS, porém em Chapecó-SC, 150 km antes, determinou-se o retorno. O consumidor, que ainda não entrou na Justiça, afirma ter posse de um termo escrito à mão por Marcos, em que ele cobra providências do gerente Jacir quanto à liberação de laudos do veículo.
“Uma coisa é o consumidor alegar um problema a concessionária, e outra bem diferente é a obrigação dele de provar a existência do defeito. Essa responsabilidade é da empresa, que depois de informada precisa resolver a demanda, ainda mais se envolver algo que exponha risco a saúde do cliente. Infelizmente é comum as autorizadas levar a situação de ficar várias vezes na oficina até o final da garantia. É um absurdo um caminhão com defeito a empresa fazer o dono viajar com um técnico da marca para que sejam provados os problemas. O tacógrafo e notas fiscais de abastecimento já deveriam ser o bastante”, explica o presidente da Comissão do Direito do Consumidor da OAB/MS, Leandro Provenzano.
O departamento jurídico da Campo Grande Diesel afirmou a reportagem que não tem nenhuma consideração a ser feita sobre os problemas enfrentados por Natalin Dal Moro na compra do Actros 2646 6×4. A concessionária proibiu que Jacir desse qualquer entrevista sobre o caso, e se negou a emitir qualquer laudo técnico de que o caminhão ‘top de linha’ não apresenta os defeitos citados.
Ao saber do caso, a matriz nacional da Mercedes Benz Caminhões com uma receptividade maior dos problemas, afirmou por meio de sua Gerência de Comunicação que irá apurar as possíveis irregularidades. O setor nesta semana se manifestará sobre as acusações, principalmente depois de saber que o cliente em questão já comprou no nome da esposa mais de R$ 1 milhão em caminhões da marca para a sua frota.
Polícia
Se não bastasse o conflito decorrente das idas e vindas à oficina da Campo Grande Diesel, sem uma solução no Actros 2646 6×4, Natalin alega ter passado por outra situação mais grave de constrangimento. A sua esposa, Maria Elisabeth Giollo Dal Moro, e o filho, Nataniel Dal Moro, foram ameaçados de agressão por Jacir, gerente da concessionária, conforme diz o Boletim de Ocorrência 3978/2013.
O incidente, datado em 26 de março de 2013 aconteceu após os dois irem na empresa reclamar dos problemas na compra do caminhão ‘top de linha’ e de outros dois da frota de sua empresa familiar. Natalin também alega que o caminhão devolvido após o empréstimo para a concessionária levar a uma exposição não seria o mesmo que retirou em 30 de novembro de 2011. O veículo teria um chassi diferente do divulgado na nota fiscal. Sobre isso ele diz que ouviu da empresa a justificativa de que teria havido erro na emissão do documento.
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