Jornal: Cachoeira está revoltado e se considera preso político, diz mulher

Andressa Mendonça, companheira de Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, acusado de comandar a exploração do jogo ilegal em Goiás, disse em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo que o marido está revoltado e considera-se um “preso político”, se referindo a onda de denúncias que envolvem seu nome nas últimas semanas. Depois de visitar Cachoeira […]

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Andressa Mendonça, companheira de Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, acusado de comandar a exploração do jogo ilegal em Goiás, disse em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo que o marido está revoltado e considera-se um “preso político”, se referindo a onda de denúncias que envolvem seu nome nas últimas semanas. Depois de visitar Cachoeira na prisão, Andressa afirmou que o contraventor não descarta prestar um depoimento bombástico à CPI que foi instaurada no Congresso.

Andressa, 30 anos, declarou que Cachoeira não é essa pessoa que falam. Segundo ela, o homem que ela conhece faz caridade e doa alimentos e brinquedos. A mulher disse também que o companheiro batalha pela regulamentação dos jogos, e que seria considerado um grande empresário fora do Brasil. Para Cachoeira, a operação Monte Carlo tomou um rumo muito mais político, e que ele se sente um “bode expiatório”. A prisão de Carlinhos Cachoeira atrapalhou os planos do casal, que iria celebrar o noivado em março.

Carlinhos Cachoeira

Acusado de comandar a exploração do jogo ilegal em Goiás, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foi preso na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, em 29 de fevereiro de 2012, oito anos após a divulgação de um vídeo em que Waldomiro Diniz, assessor do então ministro da Casa Civil, José Dirceu, lhe pedia propina. O escândalo culminou na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos e na revelação do suposto esquema de pagamento de parlamentares que ficou conhecido como mensalão.

Escutas telefônicas realizadas durante a investigação da PF apontaram contatos entre Cachoeira e o senador democrata Demóstenes Torres (GO). Ele reagiu dizendo que a violação do seu sigilo telefônico não havia obedecido a critérios legais.

Nos dias seguintes, reportagens dos jornais Folha de S.Paulo e O Globo afirmaram, respectivamente, que o grupo de Cachoeira forneceu telefones antigrampos para políticos, entre eles Demóstenes, e que o senador pediu ao empresário que lhe emprestasse R$ 3 mil em despesas com táxi-aéreo. Na conversa, o democrata ainda vazou informações sobre reuniões reservadas que manteve com representantes dos três Poderes.

Pressionado, Demóstenes pediu afastamento da liderança do DEM no Senado em 27 de março. No dia seguinte, o Psol representou contra o parlamentar no Conselho de Ética e, um dia depois, em 29 de março, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski autorizou a quebra de seu sigilo bancário.

O presidente do DEM, senador José Agripino Maia (RN), anunciou em 2 de abril que o partido havia decidido abrir um processo que poderia resultar na expulsão de Demóstenes, que, no dia seguinte, pediu a desfiliação da legenda, encerrando a investigação interna. Mas as denúncias só aumentaram e começaram a atingir ouros políticos, agentes públicos e empresas.

Após a publicação de suspeitas de que a construtora Delta, maior recebedora de recursos do governo federal nos últimos três anos, faça parte do esquema de Cachoeira, a empresa anunciou a demissão de um funcionário e uma auditoria. O vazamento das conversas apontam encontros de Cachoeira também com os governadores Agnelo Queiroz (PT), do Distrito Federal, e Marconi Perillo (PSDB), de Goiás. Em 19 de abril, o Congresso criou a CPI mista do Cachoeira.

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