O inquérito policial de número 342/2010, instaurado pela Delegacia Especializada de Roubos e Furtos (Derf) vai apurar a responsabilidade sobre o episódio da senha sigilosa do Sigo (Sistema Integrado de Gestão Operacional), que pertence a uma policial militar, ter sido acessada por meio de um terminal de um site de Campo Grande, o Campo Grande News.

A informação sobre o inquérito foi confirmada pelo delegado titular da Derf, Roberval Maurício Cardoso Rodrigues, no final da tarde de quinta-feira, 27 de janeiro. A reportagem já havia tentado falar com o delegado, mas como ele está de férias, o contato foi possível no final da tarde desta quinta-feira.

No inquérito consta cópia da matéria com a assinatura do jornalista, que foi escrita a partir de um boletim de ocorrência que foi confeccionado em segredo de justiça e que, portanto, não poderia ser acessado pela senha disponibilizada para profissionais da imprensa.

Além disso, existe a relação de todos os boletins em segredo de Justiça que foram acessados pelo mesmo Internet Protocol (IP), que é um endereço que identifica um computador na rede mundial de computadores.

As suspeitas surgiram quando foi registrado um boletim de ocorrências narrando o histórico de um preso que havia serrado uma das celas da Derf.

Minutos depois do registro de ocorrência ter sido lavrado, em “segredo de justiça”, já foi publicado no site, sob o título “Polícia descobre buraco em cela da Derf e aborta fuga”.

O boletim de ocorrência que sustentou a reportagem foi produzido e publicado no sistema de comunicação policial, o Sigo, em segredo de Justiça às 13h10, do dia 5 de novembro de 2010. Uma hora depois a matéria foi veiculada no site.

O policial que fez o boletim estranhou o fato de a matéria ter sido publicada no site e comunicou o delegado titular da Derf, Roberval Maurício Cardoso Rodrigues, que de imediato mandou verificar se o BO constava como segredo conforme determinado. Os responsáveis pelo Sigo confirmaram que o registro estava realmente sob sigilo.

O fato é de conhecimento do Polícia Militar desde novembro de 2010, quando foi encaminhado um ofício com a denúncia e já com o pedido de providências, mas a resposta veio no dia 5 de janeiro deste ano. Todo teor do inquérito já está no fórum de Campo Grande.

De posse da senha com os “poderes” daquela pertencente à policial e que foi utilizada indevidamente pelo jornalista é possível saber muitas informações particulares sobre a vida civil e criminal de uma pessoa como, por exemplo, as passagens que tem pela polícia, todos os boletins registrados como vítima ou autor, endereço, filiação, descendentes, número de documentos pessoais (RG, CPF), cônjuge caso tenha e ainda telefone.

Em contato com o Comando Geral da Polícia Militar sobre a denúncia, a reportagem recebeu como resposta: “Tão logo que o comando geral da Polícia Militar de MS tomou conhecimento do fato determinou a abertura de uma investigação na corregedoria-geral.”