Polícia Federal inicia no Rio de Janeiro investigações do ataque ao Midiamax

Associação Brasileira de Imprensa condena epísódio e cobra rigor e celeridade nas investigações

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Associação Brasileira de Imprensa condena epísódio e cobra rigor e celeridade nas investigações

O episódio que deixou o portal de notícias sul-mato-grossense Midiamaxr fora do ar, durante quatro dias na última semana, será investigado pela Polícia Federal do Rio de Janeiro. O datacenter onde o jornal está hospedado fica na capital carioca. A ocorrência policial foi registrada no último dia 17, logo após os técnicos reunirem informações sobre o que aconteceu aos servidores do Midiamax.

Segundo o delegado Edivaldo de Lima Pereira, que recebeu a comunicação oficial do fato, a ocorrência policial deve ser encaminhada para unidade especializada da Polícia Federal. Todos os dados relevantes coletados pelos profissionais que administram o datacenter foram informados à PF.

Entenda o caso

Desde o último dia 10 os jornalistas perceberam uma lentidão no acesso ao sistema de publicação de notícias. Inicialmente o problema foi tratado como uma dificuldade técnica comum. No entanto, os técnicos que fazem a manutenção dos servidores informaram que havia um comportamento anormal.

Muitos acessos simultâneos partindo de alguns endereços específicos da internet desestabilizavam as máquinas onde o jornal estava hospedado num ataque conhecido como “DoS” (Denial of Service) ou Ataques de Negação de Serviços. Nessa prática, usuários mal-intencionados impedem os usuários legítimos de acessarem um website sobrecarregando o mesmo com acessos simultâneos em massa.

Assim, os verdadeiros leitores não conseguiam abrir o Midiamax porque havia tantas requisições ao banco de dados onde estão as notícias que o próprio sistema negava o serviço. Daí o nome de DoS, ou “Negação de Serviço”.

Na segunda-feira (14), a direção do Jornal percebeu o caráter criminoso da ação quando foi informada de que os endereços do portal na internet, www.midiamax.com  e www.midiamax.com.br haviam sido direcionados para servidores fora do país. Para esta manobra, uma espécie de “seqüestro digital” dos endereços, foram feitos acessos fraudulentos nos órgãos responsáveis pelo registro dos endereços do jornal na web.

Simultaneamente, algumas pastas de arquivos iguais às que temos em nossos computadores domésticos foram simplesmente apagadas nos servidores do portal. Foi o suficiente para deixar os conteúdos jornalísticos do Midiamax indisponíveis durante longos quatro dias, além de comprometer os últimos meses de arquivos.

Lentidão e ajustes

Após recuperar o domínio www.midiamax.com.br, comprovando o acesso fraudulento junto ao Comitê Gestor da Internet no Brasil, e iniciar os procedimentos para resgatar também o endereço www.midiamax.com , que é registrado fora do país, o Jornal continua enfrentando lentidão no acesso devido às dificuldades técnicas de reestruturação dos servidores.

Os conteúdos do Midiamax foram recuperados de uma cópia de segurança antiga, pois os backups recentes foram perdidos no ataque ao servidor. Por isso, ajustes na estrutura do portal estão sendo feitos. A previsão é de que até a próxima semana o acesso esteja normalizado.

As falhas de segurança estão sendo apuradas e, segundo a direção do Jornal, após apuradas as responsabilidades, todos serão acionados judicialmente. “Não queremos converter as investigações em espetáculo, mas quem causou ou colaborou para dificultar a situação certamente será responsabilizado civil e criminalmente”, avisou o sócio-diretor do Midiamax, Carlos Eduardo Belineti Naegele.

Ele não quis comentar as implicações políticas do episódio. O Midiamax vem publicando ao longo dos últimos meses séries de reportagens sobre como diversas instâncias do poder público sul-mato-grossense têm tratado o cumprimento da Lei da Transparência. “Este não é o nosso foco neste momento. A busca pelos culpados está entregue aos órgãos competentes.

Apenas cumprimos nosso papel jornalístico, por isso não vou falar em suspeitos”, avaliou, acrescentando que a linha editorial será mantida. “Aliás, a repercussão do episódio, o apoio e solidariedade recebidos de toda a parte são a prova de que nossa pauta está em sintonia com a opinião pública”.

Liberdade de imprensa

Diversos órgãos que representam os mais variados setores da sociedade civil organizada se manifestaram repudiando o ataque sofrido pelo jornal online sul-mato-grossense e cobrando rigor nas investigações.

O presidente da ABI (Associação Brasileira de Imprensa), Maurício Azêdo, divulgou nota oficial da entidade centenária condenando a episódio e disse que encaminhará à direção geral da Polícia Federal um pedido de rigor e celeridade nas investigações.

Em reunião com membros da redação do Midiamax, Maurício Azêdo disse que a entidade já acompanhou casos de ataque à liberdade de imprensa em MS. “Lá em Mato Grosso do Sul outros já enfrentaram dificuldades. Lembro-me de um episódio envolvendo o Correio do Estado, que foi processado pelo então candidato ao governo André Puccinelli”, lembrou o presidente da ABI.

 

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