Mecânico que foi ”assassinado” em 2008, segundo a polícia, quer provar que está vivo
Após descobrir que consta como morto no cadastro da polícia, Josias da Silva, que teria sido assassinado em 28 de fevereiro de 2008 tenta provar que está vivo e que não falsificou documentos.
Arquivo –
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Após descobrir que consta como morto no cadastro da polícia, Josias da Silva, que teria sido assassinado em 28 de fevereiro de 2008 tenta provar que está vivo e que não falsificou documentos.
O caso de Josias da Silva, que consta no cadastro da polícia como vítima de homicídio, no dia 28 de fevereiro de 2008, em Campo Grande, ganhou repercussão depois que o Midiamax noticiou o caso, neste domingo, 28. Agora o mecânico, que possui um homônimo, tenta provar que não é o morto e que não falsificou documentos.
Josias, que mora no bairro Jardim Anache com a esposa, diz que não dorme e vive à base de medicamentos para controlar a hipertensão. Desde o dia que ficou sabendo que no cadastro da polícia seu nome consta como morto, o mecânico tem faltado ao trabalho devido ao abalo emocional.
O tempo todo com voz trêmula, durante entrevista à reportagem Josias mostrou documentos feitos há um ano como a renovação do porte de arma na Polícia Federal, cadastros em lojas comerciais, conta bancária, tudo sem nunca ter sido barrado por estar “morto”.
Ele conta que no dia 23 de novembro alguém arrombou sua casa e levou um revólver calibre 38, uma quantia em dinheiro e outros pequenos objetos. Preocupado pelo fato da arma possuir registro em seu nome, Josias procurou a polícia militar para registrar um boletim de ocorrência. No dia seguinte, uma guarnição da Polícia Militar foi em sua casa, mas como não estava a esposa os encaminhou para o trabalho de Josias, que fica na Rua Bahia.
Os policiais convidaram Josias da Silva para que o acompanhassem. “Até pensei que tinham achado minha arma. Até comemorei por conta disto, mas ao chegar à polícia me deram a notícia de que eu estava morto. Levei um susto na hora e desde então estou muito abalado. Minha mulher então, nem se fala”, narra.
Josias conta que foi conduzido ao pelotão Nova Lima da PM e por algumas horas ficou no 2º DP prestando esclarecimentos. “Tiraram minhas digitais e disseram que vão mandar para São Paulo, onde morei por muitos anos. Questionaram porque plastifiquei minha RG, mas foi porque ela pegou umidade e fiz isto. Já corri meio mundo e estou até meio traumatizado com esta história de eu estar morto”, diz.
O mecânico conta que a polícia revelou que seu “xará”, além do mesmo nome, possui mesmo número de CPF e os RG´s só diferem pelo último dígito. Os nomes das mães não são iguais e em sua identidade conta o nome do pai, mas do “sósia” diz pai desconhecido. As datas de nascimento também não são iguais.
“Primeiro dizem que estou morto, depois dizem que tenho um ficha crimnal extensa”, diz ao saber que carrega passagens pela polícia ou, pelo menos, alguém que usava ou tem seu mesmo nome com coincidência de dados.
No domingo, 28, a reportagem esteve no cemitério São Sebastião, mais conhecimo como Cruzeiro, e certificou na administração que existe um Josias da Silva sepultado na quadra 47, que é uma das destinadas para quem a família não comprou terreno, porém não apresenta condição de indigente. Caso em cinco anos o local não seja comprado, haverá exumação e os restos mortais vão para o oassário do cemitério. No cadastro online da prefeitura também confirma o registro.
Provável pista
Josias da Silva contou que há 25 anos, quando morava em Santos/SP foram roubados documentos pessoais que estavam em seu veículo, como RG, CPF, Carteira de Trabalho. Ele afirma que foi lavrado boletim de ocorrência e tempo depois se mudou para Campo Grande.
O fato da perda dos documentos podem sinalizar que alguém pode ter feito mau uso das informações, mas a hipótese ainda é investigada.
Ficha do vivo
Josias revelou à reportagem que possui uma passagem pela polícia e teve que prestar contas com a Justiça, porém foi absolvido em júri. O fato que se refere foi um desentendimento com um homem apontado como o autor dos golpes de faca contra seu irmão, que levou à morte depois de anos vegetando.
Ele afirma que estava no bairro quando foi abordado por Elias Gomes de Jesus, que estava armado com uma faca. O homem teria dito que também o acertaria com a faca igual fez com o irmão de Josias. “Eu disse pra ele parar com aquilo e virei as costas, mas ele me agarrou então disparei contra ele”, recorda-se. Josias foi julgado, mas pesou a seu favor a legítima defesa.
O revólver utilizado neste fato foi o mesmo furtado no dia 23 da casa de Josias.
Veja mais matéria sobre o caso em notícia relacionada.
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