Agente policial preso por tráfico de cocaína recebeu promoção por merecimento em março

Cleber Magalhães foi preso pela PF com 14 quilos de cocaína num carro roubado e com placa da Sejusp; promoção subiria o salário dele para R$ 3,3 mil

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Cleber Magalhães foi preso pela PF com 14 quilos de cocaína num carro roubado e com placa da Sejusp; promoção subiria o salário dele para R$ 3,3 mil

O agente da Polícia Civil Cleber Sebastião da Silva Magalhães, 36, preso pela Polícia Federal no domingo, num carro roubado e transportando 14,5 quilos de cocaína, foi promovido à primeira classe por “merecimento”, segundo decreto assinado pelo governador André Puccinelli (PMDB), publicado no Diário Oficial no dia 26 março passado.

O número da placa do carro usado por Magalhães, até então lotado no 5º Distrito Policial (Piratininga), em Campo Grande, pertence a uma viatura da Sejusp (Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública). O agente promovido adulterou a placa para escapar de eventuais barreiras policiais, presume a PF.

Ele foi preso por volta das 10 horas de ontem, no posto policial Guaicurus, construído na BR-262, no trecho que liga Campo Grande a Corumbá. Os policiais federais prenderam também o suposto comparsa do policial, um foragido da Justiça, condenado por duplo assassinato.

A promoção de Magalhães, investigador da Polícia Civil sul-mato-grossense há oito anos, aparece no Diário Oficial 7672, sob o decreto 853, e o critério aplicado pelo governo estadual diz que ele conquistou a condição de policial de primeira classe por merecimento. Hoje, mesmo desempenhando funções de escrivão ou investigador, o policial é nomeado como Agente da Polícia Judiciária.

Com a promoção, o salário de Magalhães será reajustado de R$ 2.803,16 para R$ 3.363,79, bem abaixo da remuneração de um policial que desempenha a mesma função do detido, em Brasília, que paga R$ 7,5 mil a um agente.

O comando da Polícia Civil determinou a abertura de um processo administrativo contra Magalhães que, se condenado, pode perder a função. De acordo com a assessoria de imprensa da polícia, um comunicado acerca da prisão do investigador do 5º DP, deve ser publicado nesta tarde.

De acordo com nota publicada nesta manhã pela superintendência da PF, o policial tinha como comparsa o eletricista Adilson Teixeira Alecrim, condenado pela Justiça sul-mato-grossense por duplo homicídio.

Alecrim, já favorecido com regime semiaberto, foi detido num hotel de Campo Grande, e com ele os investigadores acharam 100 cédulas de identidade. Já na casa do policial, a PF apreendeu 200 munições e uma porção de maconha. Tráfico de droga é um crime que pode motivar pena que supera a casa dos 15 anos de prisão.

Na prisão, Magalhães conduzia um Renault Logan, veículo parecido aos carros descaracterizados e usados com frequência por policiais civis. O Logan era roubado, segundo a PF. Até o fim da manhã de hoje, o policial não havia contratado um advogado.

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