Poucos policiais facilitam o aumento da marginalidade em MS
O efetivo das polícias no Estado conta hoje com 1.400 policiais. Dessas pessoas, 669 têm função de agentes e inspetores de polícia. “Eles deveriam estar nas ruas, fazendo investigações de crimes já ocorridos e garantindo a segurança da população”, explica o presidente do Sindicato dos Policiais Civis de Mato Grosso do Sul (Sinpol), Maurício Godoy. […]
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O efetivo das polícias no Estado conta hoje com 1.400 policiais. Dessas pessoas, 669 têm função de agentes e inspetores de polícia. “Eles deveriam estar nas ruas, fazendo investigações de crimes já ocorridos e garantindo a segurança da população”, explica o presidente do Sindicato dos Policiais Civis de Mato Grosso do Sul (Sinpol), Maurício Godoy.
“Mas isso não ocorre. Os agentes acumulam função de escrivães e principalmente de carcereiros. Com isso, deixam de ir às ruas e a marginalidade fora das delegacias só aumenta”, completa. Os números são alarmantes: em 43 delegacias listadas, apenas 42 agentes plantonistas da Polícia Civil (aproximadamente um por delegacia) são responsáveis pelo cuidado de 1.462 presos em todo o Estado.
ESTRESSE – De acordo com uma pesquisa encomendada pelo sindicato, 40% dos policiais do Estado apresentam problemas sérios de saúde (principalmente estresse e nervosismo), causados pela pressão pela qual passam diariamente no cuidado com os presos. Os presos, aliás, representam grandes riscos aos “agentes-carcereiros”. São inúmeros motins, rebeliões e constantes fugas organizadas pelos encarcerados nas delegacias.
Por sua vez, as delegacias não deveriam ter tantos presos, por tanto tempo. “Eles deviam, todos, ser levados aos presídios, mas isso não ocorre, fazendo com que passem por condições sub-humanas em celas reduzidas”, diz Godoy. O problema da superlotação das celas foi mostrado em um documentário produzido pelo sindicato, durante a assembléia realizada pela categoria nesta manhã, em Campo Grande.
No vídeo, mulheres presas em pequenas celas de delegacias reclamam das condições a que têm de se submeter, chegando a ficar dez dias sem banho de sol e, às vezes, sem banho ou o mínimo de higiene. “Ficamos aqui o dia todo, mal tomamos banho e muitas vezes os homens ficam presos na mesma cela que a gente. Corremos risco até de ficar grávida aqui dentro”, protestou uma das presas retratadas no filme.
CHAVES – A solução, para os policiais, só virá com uma manifestação mais “ativa”. Eles propuseram e aprovaram hoje a entrega simbólica das chaves das celas de delegacias sul-mato-grossenses, em forma de protesto. A entrega será feita à Secretaria de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) e deve ocorrer no mês de setembro, segundo o sindicato.
Com a entrega das chaves, os policiais estariam eximindo-se das responsabilidades sobre os presos das delegacias. Entregariam, então, esta a responsabilidade ao governo, que deverá contratar mais agentes ou procurar outros locais (presídios) para transportar os presos.
Soluções menos “simbólicas” são esperadas pelos 1.400 agentes de polícia. Uma das esperanças é a entrega e inauguração do Presídio de Trânsito, na Capital, prevista para o fim deste ano. “Mas é bom lembrar que isso resolveria parcialmente o problema das delegacias de Campo Grande, apenas. Para o restante do Estado, precisaríamos de outras alternativas”, ressalta Maurício Godoy.
Valdemar Ruiz, que representou a Sejusp na assembléia dos policiais, falou sobre as ações do governo em relação à construção de presídios, mas não soube informar as datas de entrega das obras.
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