O ano passado marcou a política da Baixada pelo alarmante número de crimes de morte envolvendo vereadores da região. Este quadro, que pode se agravar com a campanha deste ano, é preocupante.

 

A região ao longo da Via Dutra, como do outro lado da baía, em São Gonçalo, teve no passado uma classe política relevante no Estado do Rio. O município de Nilópolis, talvez, seja o menor da região e, no entanto, é o que possui os melhores serviços públicos. Deve esta posição à família Simão Sessim, dos falecidos deputados Simão – dez mandatos impecáveis em Brasília –, Jorge David, Nelson Abrão, Farid Abrão, Nelson Sessim, entre outros, na Assembleia. A família entrou na política pela UDN, partido de grandes nomes na época, como Carlos Lacerda e Brigadeiro Eduardo Gomes.

 

Em Caxias, também oriundo da UDN e ligado ao brigadeiro, que concorreu duas vezes para presidente, havia a figura lendária de Tenório Cavalcanti. Mais conhecido pelo seu apelo eleitoral por portar uma metralhadora que deu o nome de “Lurdinha”, no entanto teve presença na Câmara dos Deputados e em importantes momentos da vida nacional. Carlos Lacerda foi eleito governador da Guanabara por ter se candidatado e dividido a área popular com o candidato do PTB, numa criativa operação idealizada pelo empresário Antônio Carlos de Almeida Braga, conhecido como Braguinha. Fez do genro, Hydekel de Freitas, prefeito de Caxias e depois senador, como suplente de Afonso Arinos. Aliás, Tenório foi candidato a suplente de Célio Borja quando candidato ao Senado. UDN na veia. Jorge Gama é outro nome com serviços prestados ao Estado assim no como o grande presidente da Assembleia Gilberto Rodriguez.

 

Em Nova Iguaçu, o político relevante até os anos oitenta foi Getúlio Moura, prefeito, deputado federal e fiel escudeiro do líder fluminense Amaral Peixoto. O município muito deve à família do deputado Darcílio Ayres, sucedido pelo irmão Fabio Raunheitti, que deram à região a de Nova Iguaçu (UNIG) e seu hospital.

 

São Gonçalo, que foi importante centro industrial, sempre teve políticos de projeção. Hamilton Xavier, que foi deputado e vice-governador do Estado, dedicado ao líder Amaral Peixoto, formou um grupo de políticos no município que chegou a ser o de maior presença na Assembleia, com Zeyr Porto, Josias Ávila, Aécio Nanci, Jeremias Fontes, que foi federal, prefeito da cidade e governador, e federais como Osmar Leitão. O grande chefe local foi o prefeito Lavoura.

 

Como estes políticos nunca foram de esquerda, muito pelo contrário, estiveram cercados de preconceitos e lendas, que não encontraram eco nos eleitores.

 

O antigo Estado do Rio deu ao Brasil o presidente Nilo Peçanha, senadores significativos como Miguel Couto Filho, Raul Fernandes, Paulo Torres, Roberto Saturnino, Vasconcellos Torres e, claro, o Comandante Amaral Peixoto. E deputados de dimensão nacional, como Raimundo Padilha, que foi governador.

 

A classe política Fluminense tem problemas, mas possui uma banda com espírito público e tradição. Os bons devem ser prestigiados e lembrados.