Sem noção de patriotismo
Estou relendo um despretensioso e delicioso livro de memórias de meu saudoso amigo Mário Saladini, que teve um vida alegre, contemplado com missões no exterior em Buenos Aires, Lisboa, Cidade do México, entre outras, a serviço do Itamaraty ou do Lloyd Brasileiro, getulista de lealdade integral, foi deputado Estadual no antigo Estado da Guanabara, pelo […]
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Estou relendo um despretensioso e delicioso livro de memórias de meu saudoso amigo Mário Saladini, que teve um vida alegre, contemplado com missões no exterior em Buenos Aires, Lisboa, Cidade do México, entre outras, a serviço do Itamaraty ou do Lloyd Brasileiro, getulista de lealdade integral, foi deputado Estadual no antigo Estado da Guanabara, pelo PTB. E seu relato ganha importância hoje.
Ele estava em viagem de parlamentares pela Rússia, já no MDB, acompanhado de companheiros da ala mais esquerdista do partido, como o então jovem Ciro Kurtz. Na Sibéria, coube a Saladini fazer o discurso em nome dos parlamentares da América Latina, na mesma viagem. Ao ser chamado para usar da palavra, recebeu uma puxada em seu paletó e o colega de bancada mais à esquerda fez a sugestão, natural ao grupo chamado de “autênticos”, para que ele falasse mal do regime brasileiro. Mario Saladini, como os que eram do MDB, não era governista e não apoiava a Revolução. Mas, sem o veneno ideológico, reagiu, como consta, e disse ao colega: “Roupa suja se lava em casa”.
Esse comportamento de um homem educado, estimado e respeitado, alegre fundador do irônico “Clube dos Cafajestes”, que reunia a alegre boemia sadia do Rio naqueles anos, não foi seguida por políticos, artistas nem pelos altos mandatários da Igreja. Estes, em nome da ideologia comunista, promoveram campanha internacional contra o Brasil.
Hoje, a traição é limitada a poucos artistas, políticos desmoralizados e correspondentes estrangeiros militantes de esquerda. Mas não custa nada lembrar que falar mal de nosso país no exterior é muito feio e, atualmente, nem pode prevalecer a desculpa do regime autoritário, pois vivemos plena democracia, que, para alguns, beira é a anarquia. Mas, infelizmente, a banda passa pela Europa tentando prejudicar o Brasil. Estes maus brasileiros e seus cúmplices na mídia internacional são omissos com o que se passa na Venezuela e com a crise aguda da Argentina, que pode explodir até o final do ano. Cuba então, e como se não existisse. Que democratas!
Cada vez lamento mais que este governo de boas intenções e boas propostas não tenha competência para se defender interna e externamente, situando o debate em curso nos menores municípios do Brasil em ano de eleições municipais. E, ao criticarem os maus brasileiros, podem é fazer a emenda sair pior do que o soneto.
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