A morte do Banco Nacional
Aristóteles Drummond, articulista e escritor, discorre sua livre opinião, a respeito de fatos e acontecimentos do Brasil e mundo.
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Foi com grande emoção que uma entrevista inédita de José Aparecido de Oliveira, para um livro a ser ainda lançado, caiu em minhas mãos. Não apenas pelo valor histórico e jornalístico, mas por envolver um grupo de brasileiros notáveis que o destino e Deus me permitiu conviver desde a mocidade, em relação de estima e admiração permanente e crescente. E mostrar aqui com exclusividade.
A entrevista foi dada ao jornalista e escritor Marcel Souto Maior, o consagrado biógrafo de Chico Xavier, em 15 de outubro de 2001, em BH e em Conceição do Mato Dentro e testemunhada por D. Leonor. O ponto alto foi a abordagem da saída de José Luiz Magalhães Lins do Banco Nacional, quando o sobrinho de Magalhães Pinto, tido como um filho mais velho, teve justas aspirações no banco que tanto fez crescer serem barradas pelos primos, especialmente um deles, autor da carta que provocou o rompimento e desligamento, que o tempo mostrou ter sido fatal para o banco fundado pelo empresário e político mineiro, governador de Minas, chanceler, presidente do Senado, que tinha no sobrinho o herdeiro nas qualidades gerenciais e não nos filhos, que quando cresceram o Nacional já era grande pelo trabalho do primo, sob a supervisão do pai. Aparecido, com sua independência e amor à verdade, lembra que José Luiz foi fundamental no crescimento do Nacional, inclusive por ter sido o responsável pela compra de pelo menos oito outros bancos incorporados ao grupo. Afastado de José Luiz pelas suas ligações com Magalhães Pinto, disse nesta entrevista: “tenho dele gratas recordações e respeito”.
José Aparecido foi ligado política e afetivamente a Magalhães Pinto, mas nunca quis funções nem ações do banco por ter feito a opção pela vida pública, mesmo que às custas de sacrifícios e dificuldades financeiras. Seu depoimento é importante. Neste, definiu Magalhães Pinto como “homem de inteligência incomum, espírito de tolerância raro, que dava soluções criativas. Era conciliador, mas firme e determinado. Era pessoa aberta, sem preconceitos”.
Recorda os sete anos em que ficou sem falar com o grande amigo, por causa do movimento de 64, que Magalhães Pinto liderou pelos civis e que nasceu em Minas. Lembra que na campanha de 60, Jânio Quadros, na hora do comício em BH, bem a seu estilo, resolveu que não queria ser fotografado ao lado de Magalhães, candidato a governador pela UDN, “pois não queria foto com banqueiro”. Magalhães aceitou a restrição e riu. E, no dia da eleição, foi mais votado em Minas do que Jânio, candidato eleito a presidente da República.
Essas revelações esclarecem bem um dos episódios mais marcantes do mundo financeiro mineiro e brasileiro, no tempo em que, entre os maiores bancos privados do Brasil, pelo menos quatro eram mineiros – Lavoura, Nacional, Moreira Salles e Minas Gerais. E significativa presença do Comércio e Indústria e do Mercantil, além dos oficiais Crédito Real, Hipotecário e Mineiro da Produção.
Os jovens herdeiros do genial Magalhães Pinto mataram a galinha dos ovos de ouro ao negarem ao primo o que lhe seria de direito. Na altura, o fundador já estava fora dos negócios, exercendo o mandato de senador. Quando soube, ficou triste , mas tudo estava consumado!!!
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