A chance da solidariedade
Aristóteles Drummond, articulista e escritor, discorre sua livre opinião, a respeito de fatos e acontecimentos do Brasil e mundo.
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A pandemia criou um clima de solidariedade entre os brasileiros, e em outros países também, que precisa ser aproveitado para o dia seguinte, quando irá surgir um novo mundo. Com crise na economia, é claro, mas com a força da fraternidade, da responsabilidade social, de menos idiossincrasias, ódios e preconceitos. Mas com ordem, disciplina, respeito e ética.
Um grande projeto que poderia partir de uma parceria do governo federal, com a ministra Damaris à frente, com um governo estadual de referência? Rio, São Paulo ou Minas Gerais? Seria a construção da cidade-fazenda da solidariedade. E esta deveria ser voltada para recuperação da população de rua, em especial os moradores nas cracolândias existentes nas capitais.
Seria um abrigo rural para 600 internos, num primeiro módulo, com assistência médica, psicológica e ensino profissional a cargo das confederações do Comércio, da Indústria, da Agricultura e dos Transportes, mais o Sebrae, para dar, em um ano, uma profissão aos internos e os encaminhar ao mercado de trabalho, assistidos por mais um ano por psicólogos do projeto. Seria uma grande fazenda, em que os que optassem pelo ensino agrícola teriam como aprender na prática.
A propriedade deveria ficar a uns 180 km da capital, para facilitar visitas aos internos e até mesmo contar com um pavilhão para hospedar visitantes nos finais de semana, de seis em seis semanas. E, o mais importante, seria uma parceria com o sistema S e grandes empresas apadrinhando 50 internos, cada uma? Em número de 12, ficando o governo federal e o Estado apenas com o pessoal médico, enfermarias, limpeza e segurança. Algo com gasto diluído e gestão confiável, que poderia dar certo e ser repetido em todo o país.
É preciso pensar em dar continuidade a solidariedade, podendo, em outras parcerias, com municípios a criação de creches nos bairros de classe média das grandes cidades, para menores de até 6 anos, filhos de diaristas, domésticas, empregadas no comércio e nos serviços de limpeza, com visita semanal de pediatras e funcionando das 7h às 19h. Não faltariam imóveis disponíveis, inclusive em escolas existentes. E gestão também entregue a igrejas ou ONGs privadas, sem dinheiro público. O Estado daria o local, a merenda e a segurança, e o setor privado assumiria as cuidadoras, professoras, etc.
Estas iniciativas só dão certo sem a gestão pública, que é pouco atenta na seleção de pessoal, no controle da produtividade e na avaliação de desempenho. E, depois desta crise, não faltarão voluntários para dar um pouco de seu tempo a uma missão dessa monta de humanidade e solidariedade.
São sementes que estamos plantando, na esperança de frutificar.
*Articulista e escritor
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