Erdogan deve continuar se relacionando ao mesmo tempo com Ocidente e Rússia

Erdogan foi reeleito presidente da Turquia no domingo com mais de 52% dos votos

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(Foto: Reprodução)

O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, pode moderar algumas posições que irritaram seus aliados da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), agora que foi reeleito para um novo mandato. Mas pode ser improvável que o líder se afaste de sua política de envolvimento tanto com a Rússia quanto com o Ocidente.

Erdogan foi reeleito no domingo com mais de 52% dos votos, estendendo seu governo cada vez mais autoritário para uma terceira década. Ele venceu as eleições em parte devido ao apoio de eleitores conservadores.

Na corrida eleitoral, o líder adiou a aprovação da entrada da Suécia na aliança da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) – parte de um esforço ocidental para isolar Moscou após a invasão da Ucrânia. Erdogan acusou a Suécia de ser muito branda com grupos que Ancara considera terroristas, e uma série de protestos contra a queima do Alcorão em Estocolmo irritou sua base de apoio religioso – tornando sua postura dura ainda mais popular.

Com seu futuro político imediato garantido, Erdogan pode estar disposto a abrir mão de sua objeção à adesão da Suécia, que precisa de aprovação unânime para entrar na aliança, em uma sinalização de reaproximação. Mas isso não significa que Erdogan planeja abandonar seu relacionamento com a Rússia, da qual a Turquia depende para obter receitas de energia e turismo.

“Erdogan manteve com sucesso uma política externa multivetorial, que lhe permitiu ter relações construtivas com a Rússia, China e países em todo o Oriente Médio, mesmo que isso tenha prejudicado as alianças da Turquia com o Ocidente”, disse o chefe da consultoria de risco geopolítico Veracity Worldwide, Jay Truesdale.

A tendência de Erdogan de jogar em ambos os lados – como comprando equipamentos militares de fabricação russa e se recusando a impor sanções contra Moscou, ao mesmo tempo que fornece drones para a Ucrânia – muitas vezes irritou seus aliados. Mas também o torna indispensável, como evidenciado pelos líderes ocidentais que correram para parabenizá-lo, mesmo que continuem preocupados com sua virada cada vez mais autoritária – incluindo a repressão à liberdade de expressão e retórica contra a comunidade LGBTQIAP+.

O presidente dos EUA, Joe Biden, disse em uma mensagem postada no Twitter que espera “continuar a trabalhar juntos como aliados da Otan em questões bilaterais e desafios globais compartilhados”. O presidente francês, Emmanuel Macron, por sua vez, disse que seu país e a Turquia “têm enormes desafios a enfrentar juntos”, incluindo um retorno à paz na Europa. “Com o presidente Erdogan… continuaremos avançando.”

E em sinal de que também é valorizado pelo adversário do Ocidente, o presidente russo, Vladimir Putin, atribuiu a vitória de Erdogan à sua “política externa independente”. É provável que Erdogan também continue com os esforços recentes para normalizar as relações com os países do Oriente Médio após desavenças com várias potências regionais, incluindo Israel, Egito, Emirados Árabes Unidos e Arábia Saudita. 

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