Ultradireitista português organiza caravana para lutar na Ucrânia
Está marcada para essa semana a chegada à Ucrânia de um grupo de portugueses
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Está marcada para essa semana a chegada à Ucrânia de um grupo de portugueses “nacionalistas étnicos”, como se autodenominam, que pretende viajar em carros, por quatro países, até a fronteira com a Polônia. A chamada Operação Ucrânia 1143, organizada pelo extremista de ultradireita Mário Machado – que ao deixar a prisão em novembro fez publicamente a saudação nazista -, tem objetivos “militares e civis”.
Conhecido há duas décadas das autoridades europeias por sua longa ficha criminal, o ex-militar que já comandou organizações de skinheads, afirma que sua iniciativa não é “a favor de nenhum governo”, pois “odiamos Putin (…) e Zelensky não é um dos nossos”.
Obrigado a comparecer a cada 15 dias ao posto policial de sua região, por responder a processo por, entre outras acusações, posse ilegal de arma de fogo, Machado pediu – e obteve – do Tribunal Central de Instrução Criminal de Lisboa autorização para não cumprir a medida de coação enquanto estiver na Ucrânia.
Por meio de seu advogado, Mário Machado alegou ter “comportamento exemplar” no cumprimento das medidas judiciais e informou ao tribunal ter mobilizado “um grupo de pessoas de diversas nacionalidades para ir à Ucrânia prestar ajuda humanitária e, se necessário, combater ao lado das tropas ucranianas”.
Risco
“A viagem de elementos de extrema direita para a Ucrânia representa um risco para a segurança da Europa, inclusive para Portugal. Estes extremistas desejam ganhar experiência militar, estabelecer contatos internacionais e prestígio para quando regressarem poderem criar e fortalecer grupos capazes até de levarem a cabo ataques nos seus países de origem”, afirma o diretor do site investigativo Setenta e Quatro, Ricardo Cabral Fernandes, que estuda há anos a extrema direita portuguesa e suas conexões internacionais.
Organização política internacional que monitora as ameaças de extremistas, o Counter Extremism Project (CEP) afirma que a guerra de Putin reanimou a atividade de recrutamento de voluntários estrangeiros para a zona de conflito, já verificada em 2014 – motivação reforçada pela criação, pelo Ministério da Defesa ucraniano, da Legião Internacional.
A organização recomendou que as viagens de extremistas violentos para a Ucrânia sejam interrompidas nos países de origem e que a União Europeia impeça o deslocamento deles.
Para a organização, o intercâmbio de informações entre as forças policiais poderia ficar a cargo da Europol – cuja direção esteve na Polônia na última semana.
Segundo a Europol, que diz estar na linha de frente da defesa da UE, a guerra na Ucrânia “cria oportunidades para o crime organizado florescer e amplifica a ameaça que os grupos criminosos podem representar” para o continente.
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