Ucrânia avança sobre Kherson, mas teme armadilha das forças russas
Kherson é um importante ativo estratégico para a Rússia, por ligar a Crimeia ao Rio Dnieper e à região de Odessa
Agência Estado –
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Um dia após as tropas russas receberem ordens para sair de Kherson, no sul da Ucrânia, as tropas de Kiev recapturaram 12 vilarejos a caminho da cidade. Apesar de ser o mais significativo recuo da Rússia desde o início do conflito, as Forças Armadas ucranianas consideram a hipótese de se tratar de uma armadilha prévia a um contra-ataque. Kherson é um importante ativo estratégico para a Rússia, por ligar a Crimeia ao Rio Dnieper e à região de Odessa. Sua retomada, caso confirmada, seria um duro revés para os planos de Vladimir Putin na Ucrânia
Autoridades ucranianas temem que o anúncio de retirada seja destinado a atrair suas forças para um combate urbano, embora reconheçam que uma saída russa era necessária após ataques destruírem as rotas de suprimentos da cidade.
O comando militar sul ucraniano disse ontem em um comunicado que suas forças estavam enfrentando minas e bloqueios de estradas colocados pelas forças russas. Houve explosões em toda a região durante a noite, com os militares ucranianos dizendo que atingiram um posto de comando russo, uma coluna de equipamentos militares e depósitos de munição.
Minas
Mikhailo Podoliak, conselheiro sênior do presidente ucraniano, Volodmir Zelenski, disse no Twitter que as forças russas colocaram minas em tudo o que podiam na cidade de Kherson, incluindo apartamentos e esgotos. Os ucranianos alertaram há dias que os soldados russos na cidade estavam vestindo roupas civis, se mudando para casas e fortificando posições fora da cidade.
Arkadiy Dovzhenko, que fugiu de Kherson em junho, disse que seus avós lhe disseram que “os russos estavam trazendo muitos equipamentos para a cidade e também colocando minas em cada centímetro dela”.
A captura da cidade de Kherson, em 2 de março, foi um dos primeiros ganhos da Rússia na guerra, poucos dias depois de invadir a Ucrânia, em 24 de fevereiro. A intenção de Moscou era usar a região como uma ponte terrestre da Rússia até a cidade de Odessa, onde se encontra um dos principais portos do Mar Negro. A ideia não se concretizou nos oito meses de guerra, e uma forte contraofensiva ucraniana no leste e no sul por meses vinha ameaçando o controle russo da região.
Revés
Com a retirada, os russos serão empurrados para a margem oeste do Rio Dnieper e perderão um dos principais acessos à Crimeia, que a Rússia anexou em 2014. A perda de Kherson, onde outdoors proclamavam que “a Rússia está aqui para sempre”, representa um dos piores reveses da guerra para o presidente russo, Vladimir Putin. Há pouco mais de um mês, ele subiu ao palanque na Praça Vermelha em Moscou para declarar Kherson e três outras regiões da Ucrânia parte da nação russa. O anúncio de anexação ilegal de partes da Ucrânia foi condenada em todo o mundo.
Recuperar a cidade, cuja população pré-guerra era de 280 mil habitantes, poderia fornecer à Ucrânia uma plataforma de envio de suprimentos e tropas para tentar reconquistar outros territórios perdidos no sul, incluindo a Crimeia.
Pressão
Putin já enfrenta uma forte pressão interna por reveses anteriores de suas forças, que perderam regiões estratégicas do nordeste e do leste da Ucrânia, como Kharkiv e partes do Donbas. Putin ainda não comentou a retirada, mas seus aliados correram para defendê-la como algo difícil, mas necessário.
O temor ucraniano, no entanto, é a retirada ser falsa. Analistas militares disseram acreditar que a Rússia tentaria manter posições defensivas perto das margens do Rio Dnieper para proteger sua rota de retirada. Com apenas uma estrada principal sobre uma represa ao norte da cidade deixada para os russos, eles contam com uma série de balsas e pontes de madeira para atravessar o rio.
Alexander Khara, do Centro de Estratégias de Defesa, com sede em Kiev, disse que continua temeroso de que as forças russas possam destruir uma barragem rio acima de Kherson e inundar as proximidades da cidade. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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