Ginastas norte-americanas são indenizadas em 337 milhões de euros

Elas foram vítimas de abuso do médico da seleção

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As atletas olímpicas Simone Biles, McKayla Maroney e Aly Raisman estão entre as mais de 330 jovens que sofreram abusos do médico da seleção norte-americana, Larry Nassar. As centenas de ginastas chegaram a um acordo judicial compensatório de valor equivalente a 337 milhões de euros com a Federação e o Comitê Olímpico dos Estados Unidos (EUA).

Está encerrada, portanto, uma batalha legal de cinco anos que envolveu várias gerações de ginastas e colocou na prisão Larry Nasser por mais de 300 anos.

Depois da condenação do médico que acompanhava as atletas na seleção dos EUA, o escândalo de abusos que abalou o clima desportivo chega à última etapa.

Um tribunal do estado de Indiana estipulou o valor de indenização das centenas de vítimas: 337 milhões de euros, um dos maiores já atribuídos a casos de abuso sexual.

As seguradoras da Federação e do Comitê Olímpico e Paralímpico serão responsáveis pela maior parte dos 337 milhões. A segunda entidade concordou em pagar 30 milhões de euros, dos quais 6 milhões serão emprestados pela Federação.

Rachael Denhollander foi a primeira mulher a denunciar publicamente Nassar, em 2016. Ao tomar conhecimento da decisão, a ginasta escreveu no Twitter: “Este capítulo está finalmente encerrado”.

“Agora, o trabalho difícil de reforma e reconstrução pode começar. Se há ou não Justiça e se faz uma mudança, depende do que acontecer em seguida”, acrescentou. No total, Nassar foi acusado de abuso sexual por mais de 330 mulheres e meninas na Federação de Ginástica dos EUA e na Michigan State University.

Em 2018, no ano da prisão de Nassar, a Michigan State University já tinha concordado em pagar cerca de 442 milhões de euros como indenização às vítimas.

Com a indenização confirmada agora, o valor total sobe para 779 milhões de euros.

Em comunicado, após a aprovação da compensação, a Federação de Ginástica disse estar profundamente arrependida pelo trauma e pela dor das vítimas, como resultado das ações e inações da organização.

“Individual e coletivamente, as sobreviventes deram um passo à frente com bravura, para defender uma mudança duradoura neste desporto. Estamos comprometidos em trabalhar com elas e com toda a comunidade da ginástica, para garantir que continuemos a encarar como prioritárias a segurança, a saúde e o bem-estar de nossos atletas e comunidade, acima de tudo”, afirmou o presidente da Federação, Li Li Leung.

Um dos advogados que representa as vítimas, John C. Manly, descreveu o acordo dessa segunda-feira como “histórico”. Prestou homenagem às mulheres que testemunharam publicamente: “Nós prevalecemos por uma razão simples, a coragem e tenacidade das sobreviventes.”

Também deixou em aberto um novo capítulo relacionado com o processo de investigação. No verão passado, perante o Comité Judicial do Senado dos EUA, algumas atletas voltaram a ser ouvidas para avaliar o somatório de erros das autoridades federais, o que implicou a continuação dos abusos.