O Twitter ocultou uma mensagem do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na manhã desta sexta-feira (29), impedindo sua visualização imediata por violar regras da empresa sobre “exaltação de violência”.

A publicação vinha com um comentário sobre violentos protestos ocorridos em Minneapolis, no Estado americano de Minnesota. O post agora só pode ser visto após os usuários clicarem em uma mensagem de alerta dizendo que a publicação desrespeitou as normas do Twitter por incitar violência.

No tuíte, Trump disse “…esses BANDIDOS estão desonrando a memória de George Floyd e não vou permitir que isso aconteça. Acabei de falar com o governador (de Minnesota), Tim Walz, e disse a ele que os Militares estão com ele até o fim. Qualquer dificuldade e assumiremos o controle mas, quando os saques começam, o tiroteio começa. Obrigado!”.

Ele se referiu às  manifestações que tomaram conta de Minneapolis depois de um homem negro, George Floyd, ter sido morto por um policial.

“Tomamos uma ação para prevenir que outros se inspirem a cometer atos violentos, mas mantivemos o tuíte no Twitter porque é importante que o público ainda seja capaz de ver o tuíte, dada a sua relevância para assuntos atuais de importância pública”, afirmou o Twitter em sua conta de comunicação oficial.

A veio um dia depois de Trump assinar um decreto na tentativa de limitar a proteção legal que a atual lei federal confere a redes sociais e outras plataformas de internet.

O decreto de Trump foi assinado após o Twitter pela primeira vez atribuir avisos questionando a veracidade de dois tuítes de Trump sobre fraude eleitoral, na terça-feira (26).

Trump usou o Twitter para ameaçar que fecharia as redes sociais que “silenciam as vozes conservadoras” em seu país, sugerindo que as gigantes de tecnologia estão por trás de uma conspiração para manipular o processo eleitoral americano.

A atuação das empresas de tecnologia durante a campanha presidencial de 2016 foi amplamente discutida por autoridades dos EUA. O dono do , Mark Zuckerberg, foi, inclusive, sabatinado por parlamentares americanos e europeus, por conta do escândalo envolvendo a companhia de consultoria política britânica Cambridge Analytica, que usou dados de milhões de usuários do Facebook no mundo todo para desenvolver estratégicas políticas suspeitas em processos eleitorais de vários países.

Brasil

Em 4 de abril de 2018 – ano em que o presidente Brasileiro, Jair Bolsonaro (sem partido), venceu a disputa eleitoral -, o Facebook anunciou que as contas de pelo menos 87 milhões de pessoas foram atingidas em 10 países, e, segundo estimativas da empresa, os dados pessoais de 4,5 milhões de brasileiros foram usados sem consentimento prévio. Só nos EUA foram atingidas mais de 70 milhões de pessoas.

Paralelamente, o governo Bolsonaro se encontra em uma crise com o Judiciário, após os desdobramentos do inquérito das , que mirou políticos, empresários e blogueiros bolsonaristas suspeitos de envolvimento em um esquema de disparo de calúnias, que datam da eleição de 2018.

A operação também apura indícios de “notícias fraudulentas” disseminadas em redes controladas pelo Facebook contra decanos da Suprema Corte.

O desconforto entre os Três Poderes foi agravado com a participação do presidente Bolsonaro em manifestações antidemocráticas que pediam o fechamento do Parlamento, do STF e intervenção militar, ao longo de toda a quarentena, formando inclusive, sucessivas aglomerações.