‘Time’ e ‘Financial Times’ criticam atuação de Bolsonaro durante pandemia

Com o aumento o avanço da pandemia de coronavírus no Brasil, que já matou mais de 22 mil pessoas no país, duas das publicações mais prestigiadas do planeta publicaram matérias com críticas à atuação do presidente da República, Jair Bolsonaro: a revista americana Time, e o jornal britânico Financial Times. Segundo a Organização Mundial da […]

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Com o aumento o avanço da pandemia de coronavírus no Brasil, que já matou mais de 22 mil pessoas no país, duas das publicações mais prestigiadas do planeta publicaram matérias com críticas à atuação do presidente da República, Jair Bolsonaro: a revista americana Time, e o jornal britânico Financial Times. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil é o novo epicentro da covid-19 no mundo, fato destacado pela revista.

O título da matéria da Time é “Brasil começa a perder a luta contra o coronavírus – e o seu presidente está olhando para o outro lado”

Na reportagem, a repórter Ciara Nugent conta que a resposta de Bolsonaro durante a crise causa surpresa mesmo em comparação a outros governantes que também menosprezaram o impacto da pandemia.

Como exemplo, Nugent cita o episódio em que Bolsonaro, no dia em que o Brasil ultrapassou a marca de 10 mil mortes pela covid-19, passeou de jet-ski no Lago Paranoá, em Brasília.

Ao trazer uma fala do prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto (PSDB), a reportagem evidencia como Bolsonaro pode ser responsabilizado pela expansão da covid-19 no Brasil.

“Com discursos irresponsáveis, quase delinquentes, ele encoraja a população a ocupar as ruas. Ele empurrou muitas pessoas para a morte”, disse Virgílio Neto em depoimento resgatado pela revista “O mandato do Presidente pode ainda sobreviver, mas muitos de seus cidadãos não vão”, conclui a matéria.

O texto da Time contextualiza ainda a crise política provocada por Bolsonaro contra governadores que apoiam medidas restritivas para combater a doença, além das demissões de Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich do Ministério da Saúde e de seus atritos com o ex-ministro da Justiça Sergio Moro, que acusou Bolsonaro de interferir na Polícia Federal para proteger familiares.

Moro, ao falar à Time, disse que “há dificuldade no enfrentamento da pandemia no Brasil” por conta da posição “negacionista” do presidente.

Financial Times

A versão digital do Financial Times desta segunda-feira (25), traz uma coluna do jornalista Gideon Rachman, um dos mais importantes do Reino Unido, com o título “O populismo de Jair Bolsonaro está levando o Brasil ao desastre”.

No artigo, Rachman defende que o presidente brasileiro tem responsabilidade pela perda de controle da pandemia no País, na medida em que as respostas do governo federal ao coronavírus têm sido, na avaliação do colunista, “caóticas”. “O Brasil já está pagando um preço alto pelas palhaçadas de seu presidente – e as coisas estão piorando rapidamente por lá”, afirma o jornalista, destacando que Bolsonaro desrespeita frequentemente as recomendações de distanciamento social de autoridades de saúde e incentiva o mesmo comportamento a seus seguidores. “Como resultado, os danos à saúde e à economia provavelmente serão mais severos e mais profundos do que deveriam ter sido”, completa.

O texto ainda compara Bolsonaro ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, mas diz que o mandatário brasileiro é “muito mais estúpido”, sendo esta a avaliação de uma fonte de Rachman ligada ao setor bancário. Prosseguindo nos paralelos entre os líderes, o jornalista britânico cita o que chamou de “obsessão” de ambos pelo uso da cloroquina para o tratamento contra o novo coronavírus, ainda que não haja eficácia comprovada do medicamento no combate à doença. “Bolsonaro forçou o Ministério da Saúde brasileiro a emitir novas diretrizes”, comenta o colunista, chamando a decisão de “irresponsável” e “perigosa”.

Rachman defende que o não haverá unidade nacional no Brasil enquanto Bolsonaro for presidente. “No estilo populista clássico, ele vive da política da divisão”, avalia o jornalista. (Com informações da Agência Estado)

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