Unicef: 9 crianças são mortas ou mutiladas por dia no Afeganistão

Nove crianças morreram ou foram mutiladas por dia no Afeganistão nos nove primeiros meses deste ano, segundo dados da Unicef divulgados nesta terça-feira (17), que apontam para um aumento de 11% do número de vítimas em relação a 2018. O Unicef é o Fundo das Nações Unidas para a Infância. Entre janeiro e fim de […]

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(Foto: REUTERS/Mohammad Ismail)
(Foto: REUTERS/Mohammad Ismail)

Nove crianças morreram ou foram mutiladas por dia no Afeganistão nos nove primeiros meses deste ano, segundo dados da Unicef divulgados nesta terça-feira (17), que apontam para um aumento de 11% do número de vítimas em relação a 2018. O Unicef é o Fundo das Nações Unidas para a Infância.

Entre janeiro e fim de setembro morreram 631 menores no Afeganistão e ficaram feridos outros 1.830, informou essa organização das Nações Unidas para defesa dos direitos das crianças, chamando a atenção para “a tragédia” de um país envolvido em conflitos há mais de quatro décadas.

O número de vítimas representa um crescimento de 11% face ao mesmo período do ano passado, de acordo com o segundo relatório especial dedicado ao tema, publicado em Cabul 12 anos depois do primeiro.

“O ano 2018 foi declarado como o pior para as crianças no Afeganistão, mas o número de crianças mortas e feridas entre junho e setembro deste ano já representa 94% do total de 2018. É inaceitável”, denunciou o representante do Unicef no Afeganistão, Aboubacar Kampo, durante entrevista coletiva.

A responsabilidade pelo aumento de vítimas deve-se, por um lado, a um pico dos ataques suicidas, e, por outro, aos confrontos frequentes entre militares pró-governamentais e os talibãs e outros grupos insurgentes que operam naquele país asiático.

Conflitos armados matam 6.500 crianças

Numa década, entre 2009 e 2018, o conflito armado no Afeganistão causou a morte de 6.500 crianças e deixou 15 mil feridos.

“Milhares de crianças perderam os seus direitos básicos a ter um lar, uma família, educação de qualidade, cuidados médicos, segurança e proteção, e milhares pagaram o preço mais alto, as suas vidas”, afirmou o porta-voz do Unicef em Cabul, Alison Parker.

“É uma tragédia, mas podemos acabar com ela se trabalharmos juntos para isso”, acrescentou.

“Queremos fazer soar o alarme, pedir às partes em conflito que cumpram as suas obrigações relativamente à lei internacional dos direitos humanos (…) e deixem de atacar escolas e centros de saúde”, explicou Parker.

No ano passado, as Nações Unidas registraram 162 ataques contra escolas, hospitais e seus trabalhadores. No mesmo ano, a ONU também contabilizou 44 incidentes nos quais a guerra impediu que ajuda humanitária fosse entregue às comunidades necessitadas.

A violência afeta diretamente os afegãos mais jovens, muitos dos quais só conheceram a guerra durante as suas curtas vidas, mas o país tem outros problemas: pobreza, pessoas deslocadas internamente e uma falta geral de serviços públicos.

Para a porta-voz do Unicef, “altos níveis de pobreza tornam as crianças mais vulneráveis à violência, a abusos, a negligência, ao recrutamento por grupos armados e a várias formas de exploração, desde o casamento infantil ao trabalho forçado”.

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