Chefe da ONU alerta que organização pode ficar sem dinheiro até o fim do mês

As Nações Unidas estão enfrentando uma grave escassez de recursos e, a menos que mais governos paguem suas contribuições anuais, “nosso trabalho e nossas reformas estão em risco”, disse o chefe da ONU, António Guterres, aos Estados-membros nesta terça-feira (8). De acordo com seu porta-voz, o secretário-geral disse ter comunicado os Estados-membros “sobre a pior […]

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As Nações Unidas estão enfrentando uma grave escassez de recursos e, a menos que mais governos paguem suas contribuições anuais, “nosso trabalho e nossas reformas estão em risco”, disse o chefe da ONU, António Guterres, aos Estados-membros nesta terça-feira (8).

De acordo com seu porta-voz, o secretário-geral disse ter comunicado os Estados-membros “sobre a pior crise de caixa que a ONU enfrenta em quase uma década”. “A Organização corre o risco de esgotar suas reservas de liquidez até o final do mês e deixar de pagar funcionários e fornecedores.”

As Nações Unidas estão enfrentando uma grave escassez de recursos e, a menos que mais governos paguem suas contribuições anuais, “nosso trabalho e nossas reformas estão em risco”, disse o chefe da ONU, António Guterres, aos Estados-membros nesta terça-feira (8).

De acordo com seu porta-voz, o secretário-geral disse ter comunicado os Estados-membros “sobre a pior crise de caixa que a ONU enfrenta em quase uma década”. “A Organização corre o risco de esgotar suas reservas de liquidez até o final do mês e deixar de pagar funcionários e fornecedores.”

Apesar de 129 dos 193 países terem pagado suas contribuições anuais regulares, sendo a Síria o mais recente deles, outros precisam pagar “urgentemente e por inteiro”, disse o porta-voz da ONU Stéphane Dujarric a jornalistas durante coletiva em Nova Iorque.

“Essa é a única maneira de evitar um calote que pode arriscar interromper as operações globalmente. O secretário-geral pediu ainda aos governos que abordassem as razões subjacentes à crise e concordassem com medidas para colocar as Nações Unidas em uma base financeira sólida.”

No final de setembro, apenas 70% da avaliação orçamentária total do ano havia sido paga, contra 78% no mesmo período do ano passado. Até 8 de outubro, os Estados-membros pagaram 1,99 bilhão de dólares da avaliação orçamentária ordinária para 2019, o que significa que há um montante pendente de cerca de 1,3 bilhão de dólares para o ano, disse Dujarric a jornalistas.

Se a Organização não tivesse “contido gastos globalmente desde o início do ano”, o déficit de caixa em outubro poderia ter chegado a 600 milhões de dólares, o que significaria que não haveria dinheiro suficiente para pagar o debate da Assembleia Geral e as reuniões de alto nível no mês passado.

“Até o momento, evitamos grandes interrupções nas operações”, afirmou o comunicado, mas “essas medidas não são mais suficientes”. “O Secretariado pode enfrentar uma falta de pagamento de salários e de bens e serviços até o final de novembro, a menos que mais Estados-membros paguem suas verbas orçamentárias integralmente.”

“O secretário-geral observou que este é um problema recorrente que dificulta gravemente a capacidade do Secretariado de cumprir suas obrigações com as pessoas que servimos”, disse Dujarric.

“Agora somos levados a priorizar nosso trabalho com base na disponibilidade de dinheiro, comprometendo assim a implementação dos mandatos decididos pelos órgãos intergovernamentais. O secretário-geral, portanto, espera que os Estados-membros resolvam as questões estruturais subjacentes a esta crise anual sem mais delongas.”

Guterres fala ao Quinto Comitê sobre ‘crise financeira severa’

Dirigindo-se ao Quinto Comitê da Assembleia Geral para definição de orçamento, o secretário-geral da ONU disse nesta terça-feira que “este mês alcançaremos o déficit mais profundo da década”.

Em relação ao empréstimo de reservas para as operações de paz da ONU, a fim de atender as necessidades urgentes de gastos, ele disse que a Organização corre o risco de “esgotar as reservas de dinheiro fechadas para manutenção da paz e entrar em novembro sem dinheiro suficiente para cobrir as folhas de pagamento”.

Depois de detalhar as propostas regulares de orçamento para 2020, que mantém os gastos no mesmo patamar deste ano, em 2,94 bilhões de dólares, Guterres disse que o plano representa uma “profunda reflexão sobre o caminho a seguir e profundo compromisso com o nosso trabalho compartilhado”.

“No entanto, a Organização está enfrentando uma grave crise financeira. Para ser mais específico, uma grave crise de liquidez. A equação é simples: sem dinheiro, o orçamento não pode ser implementado adequadamente.”

O chefe da ONU disse que a implementação do orçamento não estava mais sendo conduzida pelo planejamento, mas de acordo com “a disponibilidade de dinheiro disponível”. Com as despesas de contratação e não salariais limitadas pela liquidez, “isso prejudica a entrega do mandato e contraria nossos esforços de nos concentrarmos menos nos insumos e mais nos resultados”, acrescentou.

Observando a dificuldade de planejar as despesas quando o dinheiro não estava sendo recebido no início do ano, ele pediu aos governos que não baseassem os gastos no próximo ano aos padrões deste ano. “Isso só pioraria uma situação já alarmante.”

Guterres disse que na semana passada ele foi “forçado a introduzir medidas extraordinárias para lidar com a escassez recorde de caixa”. “Os postos vagos não podem ser preenchidos, as viagens serão limitadas apenas às essenciais; as reuniões podem ter que ser canceladas ou adiadas”. Isso afetaria não apenas as operações nos principais centros de Nova Iorque, Genebra, Viena e Nairóbi, mas também as comissões regionais, alertou.