‘A Guerra Fria voltou’, diz secretário-geral da ONU em reunião sobre a Síria
António Guterres falou ao Conselho de Segurança da ONU
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António Guterres falou ao Conselho de Segurança da ONU
O secretário-geral da ONU, António Guterres, alertou nesta sexta-feira (13) sobre o retorno da Guerra Fria e denunciou que a situação na Síria representa agora o maior perigo para a paz e segurança internacional.
“A Guerra Fria voltou”, disse Guterres ao Conselho de Segurança das Nações Unidas durante uma reunião solicitada pela Rússia, para discutir as tensões em torno da Síria, depois que os Estados Unidos ameaçaram disparar mísseis contra o país em resposta ao suposto ataque químico do dia 7 de abril.
A Guerra Fria durou de 1947 a 1991, período logo após a Segunda Guerra em que o mundo estava dividido entre as superpotências dos Estados Unidos e da União Soviética.
Segundo o chefe da ONU, o Oriente Médio vive uma situação de “caos” e alertou sobre o risco de que as tensões aumentem até um ponto incontrolável.
“As crescentes tensões e a incapacidade de alcançar compromissos para estabelecer um mecanismo de prestação de contas (sobre o uso de armas químicas na Síria) ameaçam levar a uma total escalada militar”, disse Guterres.
O diplomata português disse que esta nova Guerra Fria apresenta, além disso, o perigo de que as fórmulas que existiam há décadas para administrar riscos já não estão presentes.
Guterres insistiu às potências internacionais na necessidade de pactuarem a implementação de um mecanismo que atribua responsabilidades pelo uso de armas químicas na Síria, algo que existiu até em novembro, quando a Rússia bloqueou sua continuidade.
Segundo disse, se houver impunidade, estaremos encorajando o contínuo uso de armas proibidas.
Ameaças
Os EUA, a França e o Reino Unido acusam o regime do presidente da Síria, Bashar al Assad, aliado de Kremlin, de ser responsável pelo ataque e avaliam suas opções para punir o regime sírio. A Síria e a Rússia negam que tenham usado armas químicas.
Após citar a possibilidade de ataques aéreos esta semana, o presidente americano, Donald Trump, ainda não havia tomado “a decisão final” nesta sexta, segundo a embaixadora dos Estados Unidos na ONU, Nikki Haley.
O embaixador russo nas Nações Unidas, Vassily Nebenzia, disse nesta quinta que não descarta uma guerra. O presidente russo, Vladimir Putin, alertou seu colega francês, Emmanuel Macron, contra qualquer “ato imprudente e perigoso” na Síria, que poderia ter “consequências imprevistas”.
A Síria advertiu a ONU que não teria “outra escolha” senão se defender caso fosse atacada.
O conflito sírio
Desde o início do conflito em 2011, a Rússia apoia o regime do presidente Bashar al-Assad, impondo na ONU 12 vetos a projetos de resolução dos Ocidentais, que ficam limitados a condenações verbais.
A partir de outubro de 2015, a Rússia intervém militarmente no terreno, dando vantagem a Damasco.
Mas, em abril de 2017, após um ataque químico em Khan Sheikhun, o presidente Donald Trump bombardeia uma base aérea síria, levando os russos a suspenderem o canal de comunicação com os militares americanos sobre a Síria.
E, em fevereiro passado, em Deir Ezzor, as forças americanas bombardearam mercenários russos que atacaram combatentes curdos e árabes.
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