Presidente do Zimbábue está em confinamento, mas passa bem, diz África do Sul
Os militares bloquearam prédios públicos
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Os militares bloquearam prédios públicos
O presidente sul-africano, Jacob Zuma, disse ter conversado nesta quarta (15) com o líder do Zimbábue, Robert Mugabe, o qual teria afirmado que está em confinamento na sua residência, mas passa bem.
Na terça, tanques do Exército tomaram ruas da capital do Zimbábue, Harare. Os militares bloquearam prédios públicos e teriam prendido três ministros de Mugabe.
A nota da presidência da África do Sul afirma também que Zuma vai mandar um enviado para o país vizinho para se encontrar com Mugabe e as Forças Armadas do Zimbábue.
Em comunicado lido na TV estatal, também tomada pelos insurgentes, um porta-voz militar afirmou que a as manobras em curso não se tratavam de um golpe de Estado e garantiu que Mugabe e sua família estariam “a salvo”.
“Para nosso povo e o mundo além das nossas fronteiras, nós queremos deixar claro de que isso não é uma tomada militar do governo”, disse o major-general SB Moyo, chefe de logística do Estado-Maior.
Ele também pediu para que a população mantivesse a calma, mas limitasse “movimentações desnecessárias”.
“Só estamos visando criminosos ao redor dele [Mugabe] que estão cometendo crimes que estão causando sofrimento social e econômico no país para poder levá-los à justiça. Assim que tivermos realizado nossa missão, acreditamos que a situação voltará à normalidade”, afirmou Moyo.
Prédios tomados
Soldados do Exército do Zimbábue também bloqueiam o acesso a edifícios do governo na capital, Harare, incluindo o Mwenemutapa, que abriga o escritório de Mugabe, o Parlamento e o Supremo Tribunal. Ao menos três explosões foram ouvidas na cidade.
Apesar da apreensão de um possível golpe de Estado contra Mugabe – ditador de 93 anos, no poder desde 1980 – o comércio funciona normalmente em Harare, segundo veículos de mídia estrangeiros que estão no local.
O clérigo muçulmano Ismail ibn Menk, líder religioso do país, afirmou em sua conta no Twitter que “o Zimbábue está calmo e a vida segue normal para os cidadãos comuns”.
Disputa sucessória
A incerteza começou a aumentar na tarde de terça (14), depois que vários tanques foram vistos em direção a Harare.
Segundo analistas, a insurgência tem origem em uma divisão no partido que comanda o país, o Zanu-PF. Uma das partes, alinhada ao presidente, pretende que a primeira-dama Grace Mugabe, 52, seja a sucessora do marido. A ala, formada por membros mais jovens da sigla, é chamada de G40 e liderada por Jonathan Moyo, um dos ministros que estariam em detenção.
Mugabe, 93, comanda o país desde 1980, quando o Zimbábue se tornou independente do Reino Unido. Ele é uma das figuras políticas há mais tempo no poder no mundo atualmente – e apontado como o principal responsável pela situação catastrófica da economia do país, que convive há anos com hiperinflação e altos índices de desemprego formal.
A destituição, na semana anterior, do então vice-presidente, Emmerson Mnangangwa, indicava que a ala contrária a Grace e Jonathan Moyo estaria sofrendo um expurgo. Mnangangwa é ex-ministro da Defesa e próximo dos militares, incluindo o comandante do Exército, Constantino Chiwenga, que criticou sua expulsão e ameaçou uma resposta na forma de “medidas corretivas”, que se concretizaram na tomada militar da capital.
Mnangagwa – um veterano na guerra de independência, ao lado de Mugabe – fugiu para a África do Sul e chegou a afirmar, em comunicado, que “em breve controlaremos as molas do poder no nosso belo partido e país”.
Há eleições marcadas no país para 2018, para as quais Robert Mugabe, em que pese a idade avançada, havia se declarado candidato.
Repercussão mundial
Diante da situação, diversas embaixadas, como as do Reino Unido e Estados Unidos, recomendaram aos seus cidadãos no Zimbábue que permaneçam em suas casas.
Segundo o ministro das Relações Exteriores britânico, não é possível saber, ainda, se os eventos significam a queda de Mugabe.
Há eleições marcadas no país para 2018, para as quais Robert Mugabe, em que pese a idade avançada, havia se declarado candidato.
A União Europeia pediu uma solução pacífica para a crise, afirmando que “os direitos fundamentais de todos os cidadãos têm de ser respeitados”.
Jacob Zuma exortou o governo e os militares do Zimbábue “a resolverem o impasse político amistosamente”.
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