Turquia pede que EUA entreguem suspeito de organizar tentativa de golpe

Obama e Erdogan discutiram o tema por telefone, afirma Casa Branca

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Obama e Erdogan discutiram o tema por telefone, afirma Casa Branca

A Casa Branca afirmou nesta terça-feira (19) que analisa os documentos enviados pelo governo da Turquia como provas para pedir a extradição do imã oposicionista
Fethullah Gülen.

Gülen, que mora na Pensilvânia desde 1999, é acusado pelo governo turco de ter organizado a tentativa de golpe que fracassou na última sexta-feira (15).

O governo americano havia dito que uma extradição não é factível na falta de provas e que cabia ao governo turco apresentá-las.

O primeiro-ministro turco afirmou nesta terça-feira ter enviado aos EUA “mais provas do que as que desejam”. “Enviamos quatro arquivos aos Estados Unidos para [pedir] a extradição do terrorista chefe”, declarou Binali Yildirim ao Parlamento. “Eu afirmo: não protejam mais este traidor, este chefe terrorista”, disse Yildirim, segundo a AFP.

Segundo a Casa Branca, o presidente dos EUA Barack Obama e o presidente da Turquia Tayyip Erdogan conversaram por telefone nesta terça sobre o pedido de extradição.

O Departamento de Estado dos EUA afirmou que ainda está analisando os documentos, mas já disse que não poderia caracterizá-los como um pedido de extradição formal. Segundo o governo Obama, qualquer pedido official da Turquia a esse respeito será analisado sob os termos de cooperação entre os dois países.

O porta-voz da Casa Branca Josh Earnest disse que Obama ofereceu a ajuda dos EUA à investigação de Ancara sobre a tentativa de golpe e pressionou Erdogan a agir de acordo com princípios democráticos. “Os princípios da democracia devem ser seguidos mesmo durante uma investigação minuciosa”, afirmou. 
        
‘Não estou inquieto’

Por sua vez, Fethullah Gülen disse que não está preocupado com uma eventual extradição. “Pessoalmente, não estou inquieto”, disse, em uma declaração à imprensa, em sua propriedade de Saylorsburg, Pensilvânia, no nordeste dos Estados Unidos, onde mora desde 1999.

Fethullan Gülen lembrou que o governo já tinha tentado, em vão, obter sua extradição depois de um escândalo de corrupção que sacudiu a Turquia em 2013 e provocou a demissão de três ministros.

Os EUA são um Estado de direito, afirmou o imã, de 75 anos, visivelmente fatigado, que sofre de complicações cardíacas e diabetes, segundo pessoas próximas.

“Aqui a lei está acima de tudo. Eu não acho que este governo preste atenção a qualquer coisa que não esteja baseada na lei”, acrescentou.

Gülen se disse preocupado com as relações entre Turquia e Estados Unidos. Ele lembrou que as tropas turcas lutaram ao lado das americanas durante a guerra da Coreia e que as duas nações colaboram há décadas na Otan, que a Turquia integra desde 1952.
“Se tivesse que deixar a Otan, a Turquia estaria no caos, evaporaria. Estaria terminada”, afirmou o clérigo.

Retaliação

O governo turco prometeu que todos aqueles por trás da intervenção militar fracassada irão pagar um preço alto.

O Alto Comitê de Educação da Turquia ordenou nesta terça-feira a renúncia de 1.577 reitores em todas as universidades do país, informou a emissora estatal TRT.

O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, defende a aplicação da pena de morte para os envolvidos.

A chefe de política externa da União Europeia, Federica Mogherini, já afirmou que a Turquia não poderá integrar o bloco europeu caso reintroduza a pena de morte.

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