Mulher e jovem negros são mortos pela polícia de Chicago

Policiais tinham ido intervir em briga de família

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Policiais tinham ido intervir em briga de família

A polícia de Chicago matou a tiros três pessoas no sábado, entre elas uma mulher negra de 55 anos, mãe de cinco filhos, que teria sido atingida “acidentalmente” quando policiais responderam ao chamado para intervir em uma briga de família.

Em um comunicado, a polícia informou que, ao atender ao chamado para intervir na confusão, “os policiais foram confrontados por um indivíduo agressivo, o que levou um deles a descarregar sua arma, ferindo mortalmente dois indivíduos”.

As mortes são as primeiras registradas na cidade desde os protestos do mês passado que se seguiram à divulgação de um vídeo em que um policial branco de Chicago aparece disparando 16 vezes contra um adolescente negro em fuga, que morreu no local.

O incidente, ocorrido em 2014, motivou uma investigação federal da polícia sobre direitos civis.

A imprensa local identificou os dois mortos de sábado como Bettie Jones, de 55 anos, mãe de cinco filhos, e o estudante de engenharia Quintonio LeGrier, de 19, ambos negros.

Ao atualizar o comunicado, a polícia informou: “a mulher de 55 anos foi atingida acidentalmente e, tragicamente morreu. O departamento [nr: de polícia] manifesta suas profundas condolências à família e aos amigos da vítima”.

Não foram divulgadas informações sobre a identidade dos policiais envolvidos.

Segundo declarações de parentes ao jornal Chicago Tribune, LeGrier tinha problemas mentais e ameaçava o pai com um taco de beisebol.

A polícia foi chamada e o pai pediu a Jones, uma vizinha, que fosse receber os policiais.

“O pai estava apavorado porque esse não era seu temperamento”, contou ao Tribune a mãe de LeGrier, Janet Cooksey, que não estava presente no local dos fatos.

As famílias das vítimas realizaram neste domingo uma entrevista coletiva para manifestar sua ira e exigir justiça.

“Meu filho era um menino respeitoso, que trabalhava duro na escola”, declarou Janet Cooksey, mãe de Quintonio LeGrier.

Várias pessoas presente na coletiva vestiam camisas com o lema “Rahm nos traiu”, em referência ao prefeito de Chicago, Rahm Emanuel, criticado por sua gestão de casos precedentes de brutalidade policial contra negros.

Em um incidente em separado, registrado em outra localidade de Chicago, a polícia respondeu a um chamado de “tentativa de agressão”. Após encontrar um homem armado no local, os oficiais atiraram nele. O indivíduo foi levado ao hospital, mas não resistiu aos ferimentos e morreu.

A polícia informou que um inquérito está em curso para investigar as circunstâncias do caso.

Os fatos vêm à tona em um momento em que a polícia de Chicago é questionada por erros múltiplos e acusações de racismo.

Em 1º de dezembro, o chefe de polícia de Chicago, Garry McCarthey, foi demitido depois de uma semana de manifestações motivadas pela morte de um adolescente negro, Laquan McDonald, de 17 anos, morto a tiros no meio da rua por um policial branco.

Nos últimos 18 meses, dezenas de manifestações tomaram as ruas de cidades americanas, muitas vezes degenerando para a violência, após denúncias de casos de violência policial contra negros.