Quase 5,88 milhões de eleitores devem escolher 120 deputados em mais de 10.000 centros de votação 

Os israelenses votam nesta terça-feira (17) para escolher um novo Parlamento e determinar se o primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, permanece por mais quatro anos no poder ou se o país passará a ser governado pelo trabalhista Isaac Herzog.

Quase 5,88 milhões de eleitores devem escolher 120 deputados em mais de 10.000 centros de votação espalhados por escolas, hospitais e outros pontos em todo o país.

A votação acontece das 5h00 GMT (2H00 de Brasília) às 20h00 GMT (17H00). Ao fim do horário de votação serão divulgadas as primeiras pesquisas de boca de urna.

Mas os israelenses só devem ter uma ideia precisa da configuração de sua 20ª Knesset (Parlamento) na madrugada de quarta-feira (hora local). E provavelmente terão que esperar semanas para conhecer o nome do novo chefe de Governo.

Benjamin Netanyahu e a esposa Sara votaram no início da manhã em uma escola de Jerusalém.

“Não haverá governo de união com o Partido Trabalhista”, disse Netanyahu.

“Formarei um governo nacional”, ou seja, de direita, completou o premier, que viu seu partido, o Likud, em queda nas últimas pesquisas, atrás da União Sionista, liderada por Isaac Herzog.

“A eleição é entre a mudança e a esperança, de um lado, e a desesperança e a desilusão do outro lado”, respondeu Herzog depois de votar em Tel Aviv.

Nas últimas horas da campanha que falou de maneira superficial do conflito com os palestinos, Netanyahu intensificou o discurso de direita, com declarações destinadas a buscar votos da extrema-direita e dos colonos.

Assim, o atual primeiro-ministro descartou um Estado palestino em caso de reeleição.

O trabalhista Isaac Herzog, de 54 anos, baseou sua campanha na economia e nos temas sociais. Ele pode se tornar o primeiro chefe de Governo trabalhista de Israel em 14 anos.

Herzog, de 54 anos, aliado da ex-chanceler Tzipi Livni, baseou a campanha nos temas econômicos e sociais. Ele pode se tornar oo primeiro chefe de Governo trabalhista em 14 anos.

Diante de uma escola no bairro de Beit Hakerem, Jerusalém, eleitores revelaram suas preocupações à AFP.

Heitnar Chaim, de 50 anos, votou nos ultraortodoxos.

“Nos últimos anos trataram mal os haredim (judeus ortodoxos)”, disse, antes de afirmar que como é médico consegue perceber que a pobreza aumentou.

Yacobi Gideon, de 60 anos, votou no Kulanu, a lista do centrista Moshe Kahlon, ex-membro do Likud que analistas apontam que terá a chave da futura coalizão.

“Com a esquerda e a direita não muda nada. Voto em Kahlon, que é o único no qual confio para mudar as coisas na área econômica”, disse.

As legislativas se tornaram de fato um referendo a favor ou contra Netanyahu, de 65 anos, primeiro-ministro desde 2009 e que já passou quase uma década no poder, levando em consideração o primeiro de seus três mandatos, de 1996 a 1999.

O próprio Netanyahu convocou eleições antecipadas, que acontecem dois anos antes do previsto, quando rompeu no fim de 2014 a coalizão de governo, considerada muito indisciplinada pelo líder do Likud.

Quando fez a convocação, Netanyahu considerou que estava em posição de força ante os rivais, em particular Herzog, um advogado que foi ministro em várias ocasiões e que é criticado pela falta de carisma.

Mas as últimas pesquisas apontaram uma vantagem de quatro cadeiras à União Sionista de Herzog e da centrista Tzipi Lvini (25 ou 26), contra o Likud de Netanyahu (21 ou 22).

Das 25 listas eleitorais na disputa, 11 devem superar, segundo as previsões, o mínimo de votos para entrar no Parlamento.

Ao considerar as múltiplas alianças possíveis entre todos os partidos, o resultado da eleição pode provocar um longo período de negociações antes da formação de um governo.

No sistema político e eleitoral israelense, o presidente não é obrigado a convocar o líder do partido mais votado para formar o novo governo.

O presidente Reuven Rivlin terá que estudar a correlação de forças e designar o deputado com mais possibilidades de formar uma aliança de governo.

Durante a campanha, Netanyahu se apresentou como o único político capaz de garantir a segurança de Israel ante os múltiplos inimigos, entre eles o Irã e o jihadismo.

Mas o teor alarmista e seu discurso no Congresso dos Estados Unidos (a convite da maioria republicana e sem a aprovação da Casa Branca) não foram suficientes para mudar a tendência das pesquisas.

Diante da previsível divisão do novo Parlamento, alguns analistas cogitam a possibilidade do presidente Rivlin trabalhar para a criação de um governo de unidade nacional entre o Likud e o Partido Trabalhista para tentar acabar com a instabilidade política crônica de Israel.