Facebook restringe vídeos e fotos que mostram violência extrema
Os alertas impedem que os vídeos sejam automaticamente rodados nos “feeds” do Facebook
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Os alertas impedem que os vídeos sejam automaticamente rodados nos “feeds” do Facebook
O Facebook começou a colocar advertências sobre vídeos postados em seu site, identificando conteúdos que possam “chocar, ofender ou indispor” seus espectadores.
Os alertas impedem que os vídeos sejam automaticamente rodados nos “feeds” do Facebook – é preciso clicar neles, ao contrário de vídeos comuns.
O site também está impedindo que vídeos e fotos chocantes sejam mostrados a qualquer usuário identificado como menor de 18 anos.
Mas críticos alegam que a medida é insuficiente para proteger os usuários mais jovens e vulneráveis da rede social.
Entre os primeiros posts afetados pela iniciativa estão as imagens que mostram o policial francês Ahmed Merabet sendo morto à queima-roupa em Paris pelos atiradores responsáveis pelo ataque à Charlie Hebdo.
O Facebook foi alvo de duras críticas nos últimos anos por permitir que imagens violentas e fortes permanecessem em suas páginas, por conta do interesse público.
As diretrizes da empresa vetam materiais que sejam “compartilhados por prazer sádico ou para celebrar ou glorificar a violência”. No entanto, permitem vídeos noticiosos ou imagens documentárias que retratem decapitações e outros tipos de assassinatos, apesar de eventuais choques que possam causar.
E o Facebook é aberto a adolescentes a partir dos 13 anos, mas muitas crianças mais novas driblam as restrições e também usam a rede social.
Em agosto passado, polêmicas envolvendo imagens de cabeças humanas colocadas em espetos na Síria levaram o Instituto de Segurança Online da Família (Fosi, na sigla em inglês) – membro do conselho de segurança do Facebook – a exigir mudanças na rede social.
Capas
Stephen Balkam, executivo-chefe da organização, disse à BBC que queria que capas fossem colocadas sobre vídeos e fotos chocantes, para impedir que fossem vistas sem uma advertência, e que um “portão” dificultasse seu acesso por jovens com menos de 18 anos.
O Facebook confirmou que começou a implementar esse sistema em dezembro, aplicando-o a materiais fortes denunciados por usuários.
“Quando as pessoas compartilham coisas no Facebook, esperamos que o façam com responsabilidade, incluindo escolher quem vai ver esse conteúdo”, disse à BBC uma porta-voz da empresa.
“Também pedimos que as pessoas advirtam sua audiência quanto ao que estão prestes a ver caso o vídeo contenha violência. Em casos em que as pessoas denunciam conteúdo forte a nós, que não seja apropriado para menores de idade, podemos acrescentar uma advertência para adultos e impedir que jovens vejam o conteúdo.”
A porta-voz acrescentou que os engenheiros do Facebook ainda pretendem aperfeiçoar o método, o que pode incluir advertências em vídeos do YouTube (algo que não é possível atualmente) ou sobre fotografias perturbadoras que estejam disponíveis para adultos.
Balkam elogiou a iniciativa do Facebook. “Também acho que é uma linha muito tênue entre proteção de usuários e proteção da liberdade de expressão, e acho que eles acertaram.”
Decapitações
O Facebook já havia experimentado uma forma mais básica de alerta a vídeos de decapitações datados de outubro de 2013, depois de o premiê britânico David Cameron ter dito que a empresa era “irresponsável”.
Mais tarde, tais vídeos foram completamente banidos.
A medida recém-adotada pelo Facebook foram bem vistas pela Childnet International, ONG londrina que também aconselha a rede social.
“É um passo muito bom para tentar proteger as pessoas desse tipo de conteúdo, e estamos felizes que haja barreiras a menores de idade”, disse Will Gardner, executivo-chefe da ONG. “É preciso reconhecer que as pessoas nem sempre se inscrevem (na rede social) com sua idade verdadeira. É importante agir para protegê-las de conteúdo prejudicial e perturbador que elas não querem ver.”
Mas o psicólogo Arthur Cassidy, de uma organização de prevenção ao suicídio, acredita que o Facebook deva implementar um veto a vídeos e fotos de violência extrema, argumentando que é o grande número de crianças que usam a rede social e que muitas podem tentar driblar as novas restrições.
“No fim das contas, advertências não impedem que jovens vejam conteúdo incômodo e que pode causar danos psicológicos”, opina. “Eles ainda vão querer assistir, independentemente de quão grotesco seja. E isso tem o potencial de influenciar o comportamento dos que podem se tornar eles próprios agressores.”
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