Dois dias após ataque, diversos pais ainda procuram filhos em hospitais de Paris

Muitas vítimas perderam bolsas e documentos durante os ataques

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Muitas vítimas perderam bolsas e documentos durante os ataques

“Fizemos uma centena de ligações, ligamos para a prefeitura, polícia, hospitais, até que um bombeiro atendeu o celular de meu filho.”

“O telefone havia sido deixado no carro dos bombeiros. Não sabemos onde nosso filho está”, diz Dominique Gourdier, que desde sexta-feira percorre hospitais em busca de Nils, 27 anos, que estava na casa de shows Bataclan, onde pelo menos 89 pessoas morreram.

“Nos agarramos à esperança de que os bombeiros o tenham transportado para algum hospital”, disse Gourdier ao jornal Le Parisienpouco antes de entrar no carro para procurar o filho em outro hospital.

Como Gourdier, muitos outros pais, parentes e amigos ainda continuam a busca, em diferentes hospitais, por pessoas que estavam nos locais dos atentados ocorridos em Paris na sexta-feira.

Muitas vítimas perderam bolsas e documentos durante os ataques, o que dificulta sua identificação.

Entre os 352 feridos, há 99 em estado muito grave, segundo autoridades francesas. Os feridos foram enviados para diversos hospitais parisienses.

Em frente ao hospital Pitié-Salpetrière, um homem procura seu amigo, Vincent Detoc, que estava no Bataclan. “Viemos ver se ele está aqui, mas não é o caso. Já fomos a inúmeros hospitais”, diz ele.

“Na recepção do Pitié-Salpetrière, me disseram que há muitos feridos graves e também mortos cuja identidade não é conhecida porque as equipes de resgate não puderam recolher seus pertences”, diz.

Segundo o primeiro-ministro francês, Manuel Valls, 103 dos 129 mortos já foram identificados. A identificação dos outros corpos será realizada “nas próximas horas”, diz Valls, ressaltando que a espera é “insuportável” para os parentes.

Telefones

“Você conseguiu falar com o hospital Percy? O telefone está ocupado. Também é impossível ligar para o hospital Georges Pompidou. Elas não estão na Pitié-Salpetrière”, diz, ao telefone, um jovem que foi ao Salpetrière procurar duas amigas que estavam em uma das áreas atacadas em Paris.

Um número de emergência foi criado para dar informações a familiares, mas muitas pessoas afirmaram à imprensa francesa ter dificuldades para entrar em contato porque as linhas estariam saturadas.

Segundo Valls, “há muitas ligações da França e também do exterior.”

“Há uma grande mobilização para tentar responder a todas as ligações e dar uma atenção muito personalizada para os que telefonam”, declarou o primeiro-ministro, que visitou neste domingo o centro de ajuda às vítimas do Ministério das Relações Exteriores. É esse centro de crise que atende os telefonemas de famílias que buscam informações.

O governo francês também instalou na École Militaire um centro para receber familiares das vítimas e dar informações e apoio psicológico.

Os amigos que estavam com os brasileiros feridos no restaurante Le Petit Cambodge, Gabriel Sepe Camargo e Camila Issa, souberam rapidamente que eles seriam enviados, respectivamente, para os hospitais Bichat-Claude Bernard e Pitié-Salpetrière.

Guilherme Pianca Moreno e Diego Mauro Muniz Ribeiro saíram diretamente do local do atentado para o hospital Bichat para acompanhar o estado de saúde de Gabriel, que teve o pulmão atingido. Ele foi operado e passa bem.

Ribeiro ficou levemente ferido com estilhaços de vidro.

 

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