Contrato que garantiu comercial de Neymar rendeu US$ 7 milhões ao atacante

Neymar, 26, recebeu pelo menos US$ 7,1 milhões (R$ 26,5 milhões, em valores atuais) da Gillette, do grupo americano Procter & Gamble, por dois anos para ser embaixador global da marca. No último domingo, o jogador e a empresa divulgaram um comercial usado como uma resposta do atleta às críticas que recebeu na Copa. Nele, […]

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Neymar, 26, recebeu pelo menos US$ 7,1 milhões (R$ 26,5 milhões, em valores atuais) da Gillette, do grupo americano Procter & Gamble, por dois anos para ser embaixador global da marca. No último domingo, o jogador e a empresa divulgaram um comercial usado como uma resposta do atleta às críticas que recebeu na Copa.

Nele, Neymar narra um depoimento que dura 1min30. No texto gravado, o atacante pede a ajuda da torcida para se reerguer na carreira. O comercial foi ao ar na TV Globo durante o intervalo do programa Fantástico, no horário mais nobre da emissora.

O atacante deixou a Copa do Mundo na Rússia alvo de piadas por simular faltas. “Você pode achar que eu caí demais, mas a verdade é que eu não caí. Eu desmoronei’, diz o texto, que encerra com com um pedido: “Você pode continuar jogando pedra, ou pode jogar essas pedras fora e me ajudar a ficar de pé. E quando eu fico de pé, parça, o Brasil inteiro levanta comigo”.

O contrato com a Gillette ao qual a Folha teve acesso prevê que Neymar receba US$ 7,1 milhões por dois anos, além de US$ 250 mil (R$ 930 mil) por hora extra em evento e US$ 500 mil (R$ 1,86 milhão) por diária extra de gravação não prevista em contrato.

O acordo, que existe desde 2015 e foi renovado no ano passado, estabelece que a empresa tem direito, por dois anos, a quatro diárias de gravação com Neymar de até quatro horas de duração, mais cinco diárias de uma hora para eventos ou ações comerciais.

O vínculo garante a utilização de fotografias e vídeos motivacionais de Neymar, casos do comercial do último domingo. A empresa também pode utilizar 20 postagens por ano em suas redes sociais e pedir que o jogador autografe 50 itens por trimestre.

No contrato, a Gillette impõe exigências a Neymar. Uma delas é sobre a aparência pública.
“Durante a vigência do contrato, [Neymar] não poderá ter nenhuma aparição pública (presencial ou através das redes sociais) com a barba no rosto, peitoral não raspado e/ou aparado, bigode ou cavanhaque, sob pena de multa de 5% (cinco) por cento do valor total do contrato. A exceção a esses casos são campanhas já produzidas”, diz o documento.

O vínculo ainda estipula que a Gillette precisa indicar com 15 dias de antecedência o nome de três cabeleireiros, maquiadores e figurinistas para Neymar aprovar antes da gravação de qualquer comercial.

Caso a patrocinadora solicite, Neymar precisa conceder entrevista a um veículo de imprensa, desde que o mesmo –e também o jornalista que fará o contato– sejam aprovados pelos pais do jogador.
O contrato entre Neymar e Gillette pode ser rescindido pela empresa se existir qualquer envolvimento do jogador em doping, casos de drogas ou violência. A empresa detém desde 2006, quando Neymar tinha 14 anos, o direito de usar e licenciar mundialmente a marca do atacante.

Todo material publicitário feito pela Gillette precisa ser aprovado pela empresa Neymar Sports Marketing, que tem como sócios a mãe, Nadine Gonçalves, e o pai, Neymar da Silva Santos. O empresário foi quem deu a aprovação final para o texto lido pelo atacante.

A Folha apurou que a Grey Brasil, agência da contratada pela Procter & Gamble, juntou fotos e imagens de Neymar entre a noite de sexta (27) e a tarde de sábado (28).
Nem Gillette nem Neymar quiseram comentar os detalhes contratuais.

Sobre o comercial, Grey Brasil e Gillette disseram: “A nova campanha de Gillette convida todos os homens, começando pelo seu embaixador, a refletirem sobre as novas chances que cada dia oferece para se tornarem melhores do que ontem. Assim como muitos outros, Neymar Jr. encara desafios, lesões e derrotas, e o objetivo de Gillette é encorajar todos os homens, sem distinção, a refletirem sobre a oportunidade de se tornarem ‘um novo homem todo dia’”, disseram.

A Gillette faz parte do grupo Procter & Gamble, empresa que reúne diversas marcas de alimentos, higiene e limpeza.

Neymar estrelou duas campanhas publicitárias para a Gillette nos meses que antecederam o Mundial da Rússia.

Em abril, o jogador foi coadjuvante em uma peça protagonizada pelo francês Antoine Griezmann, com o mote “melhorar constantemente.”

O jogador voltou a divulgar a marca na ação #CaraDoNeymar, lançada em 15 de junho. A campanha fornecia um copo com o desenho do rosto do atacante a cada R$ 20 reais consumidos em produtos da marca. Alguns de seus amigos, chamados “parças”, também fizeram ações publicitárias para a Gillette durante o Mundial.

O comercial de domingo não foi o primeiro em que Neymar recorreu a publicidade para responder a críticas ou externar uma situação delicada na carreira.

Em 2011, o jogador estreou uma campanha da empresa de telecomunicação Nextel. Na peça, em tom de desabafo sobre críticas e cobranças, o jogador caminhava e lia um texto olhando para a câmera até se encontrar com o pai.

“Você me xingou quando eu errei e gritou quando eu não escutei. Você me deu carinho, me deu amor, me deu a noção de felicidade, e só ela é o que importa”, disse o atacante.

O vídeo foi veiculado meses depois de uma briga entre Neymar e o treinador do Santos, Dorival Júnior. O técnico indicou outro jogador para cobrar um pênalti, o que irritou o atacante. O episódio culminou com a demissão de Dorival, em setembro de 2010.

O tom de desabafo num comercial foi retomado após a lesão e despedida precoce do jogador no Mundial no Brasil, em 2014. O jogador foi cortado do time depois de ser acertado por uma joelhada nas costas pelo colombiano Camilo Zuñiga, nas quartas de final.

Uma propaganda da Claro, na época patrocinadora do atacante, mostrava imagens de Neymar, com a narração da crônica “A Grande Substituição”, de Nelson Rodrigues. O texto original era sobre a saída de Pelé, após lesão, da seleção na Copa de 1962, quando o Brasil ganhou o título. Sem Neymar em 2014, a seleção levou 7 a 1 da Alemanha.

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