O pai tentou tirá-lo da cozinha e Rodrigo Oliveira, hoje conceituado chef do restaurante Mocotó, chegou a cursar Engenharia Ambiental. Mas suas raízes e o fato de ter ‘nascido’ no estabelecimento o levaram a voltar para a gastronomia e hoje ele é reconhecido por servir a tradicional e amada ‘comida de panela’.

“Foi na marra”, falou Rodrigo sobre sua escolha. Desde os 13 anos ele trabalhava no empório do pai. E trabalhar significou lavar louça, tirar lixo, trocar fusíveis e tantos outros afazeres que um restaurante demanda.

Ele conta que sempre houve um embate saudável com o pai sobre, o que servir, como evoluir e experimentar. “As diferenças eram questões práticas. Do embate veio o equilíbrio”, relembra. A cozinha do Mocotó é resultado das viagens da família ao sertão, a terra natal, das comidas feitas pela própria mãe. Ingredientes sempre presentes são a manteiga de garrafa e as carnes seca e de sol, por exemplo.

Rodrigo deu palestra para o evento Gastronomia que Inspira do Sebrae em Campo Grande. (Foto: Bruno Navarros/Sebrae)
Rodrigo deu palestra para o evento Gastronomia que Inspira do Sebrae em Campo Grande. (Foto: Bruno Navarros/Sebrae)

“Se eu pergunto para minha tia como ela faz uma receita, ela diz ‘com todo tempero’. Todo tempero é alho, coentro, cominho, pimenta, …”, enumera. Rodrigo descreve que desde a sua infância e por muito tempo ele acreditou que cominho era o sabor natural dos alimentos.

Glamourização da profissão

Simples e até tímido, o chef tem uma posição bem definida sobre a glamourização da gastronomia e a elevação dos chefs de cozinha a celebridades, apesar de considerar uma dualidade na questão. “O chef é um profissional dedicado a levar bons momentos, a fazer com que a pessoa saia do restaurante melhor do que entrou. O reconhecimento é justo, mas perigoso”, ressalva.

“A notoriedade acaba te levando para fora da cozinha, do restaurante. Tem que ter um equilíbrio, saber lidar com estas saídas, o assédio. Se afastar demais da cozinha coloca em risco de te afastar do negócio que te deu a notoriedade”.

O que o chef come?

Quando chega em casa, à noite, depois de ter passado o dia inteiro cozinhando, apenas frutas para poder descansar o mais rápido possível. Fora isso, segue o conselho de todas as avós de “não comer comidas que não sejam de verdade”.

Um de seus pratos prediletos é o tradicional e consagrado baião de dois, o prato feito com arroz e feijão. E por falar nestes ingredientes tão brasileiros e presentes diariamente em nossas mesas, Rodrigo adverte: “o feijão vai em cima do arroz. Sempre!”

Em relação ao termo ‘gourmet’ adicionado aos ingredientes, Rodrigo condena o conceito. Para ele, chamar um alimento de gourmet nada mais é do que apresentar o alimento em sua forma mais natural e fiel.

“Quando as pessoas falam de chocolate gourmet, se referem ao chocolate sem gordura hidrogenada. Quando falam de cerveja gourmet, são as cervejas sem aditivos”, exemplifica. “O alimento gourmet é o produto original reapresentado com o dobro do preço, sendo que deveria ser o padrão”, acrescenta.

Em Campo Grande – Na passagem rápida pela Capital para ministrar palestra sobre inovação na culinária para o evento Gastronomia que Inspira do Sebrae, Rodrigo disse que visitou o Yallah sob indicação do chef Paulo Machado. Se tivesse mais tempo, ele também gostaria de experimentar o sobá.


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