Bem antes dos ‘food trucks’, Bus Lanches do Ranulfo já era tradição em esquina da cidade
Lanches, porém, não tem nada de gourmet. São os bons e velhos ‘x-tudo’ que amamos
Arquivo –
Notícias mais buscadas agora. Saiba mais
Lanches, porém, não tem nada de gourmet. São os bons e velhos ‘x-tudo’ que amamos
Muito antes de surgirem os lanches gourmet vendidos nos food trucks espalhados na cidade, uma modalidade semelhante de ‘comida de rua’, porém, com preços e cardápio mais honestos, já estava estacionado bem na esquina da Rua Spipe Calarge com Eduardo Elias Zahran. No entanto, a lanchonete se destaca, ainda, por outro aspecto: há nove anos, tudo é preparado no interior de um ônibus adaptado.
Quando são cerca de 18h45, a equipe do ‘Bus Lanches do Ranulfo’, nome oficial da lanchonete, chega no local. Luciano Barros Inácio, 41, o proprietário, conduz o ônibus desde o bairro Tijuca, onde mora, até a esquina em que o veículo está diariamente há cerca de 9 anos. Aí a turma, cinco pessoas ao todo, incluindo o próprio Luciano, começa a força-tarefa para ‘montar’ o cenário: distribuir mesas e cadeiras, acender luzes, esquentar as chapas, ligar a TV e esperar os clientes chegarem. “Tem muito lanche que sai para entrega, mas tem cliente que gosta de vir aqui, ver a novela, trocar um papo com a gente. Às vezes estão a caminho de casa quando veem o ônibus, daí dão uma paradinha, jogam uma conversinha fora…”, relata Luciano.
À frente do empreendimento há apenas três anos, Luciano já tem vários anos de experiência com o ramo alimentício em outras regiões da cidade. Ele é o segundo proprietário do ônibus. Antes dele, outra pessoa já tinha conquistado freguesia com a Mercedes 1987, vinda do Paraná a Campo Grande já com o destino de ser um ‘Bus Truck’, digamos assim. “Depois que eu comprei, por uns R$ 80 mil, na época, fiz reforma de todo o assoalho e nas peças de inox e preferi manter o cardápio, trazendo só alguns lanches que eu já preparava quando tinha”.
Ele também manteve o nome do ônibus e acabou ganhando um apelido: Ranulfo, que passou do ex-proprietário para o atual. “Ranulfo é um parente do Mickey, não tem nada a ver comigo ou com o ex-dono. Acho que a maioria nem sabe meu nome, sou Ranulfo pra todo mundo, agora. E ainda tem quem se refira ao antigo dono como o ‘Ranulfo Velho’, e eu sou o ‘Ranulfo Novo’”, brinca.
Crise? Que crise?
Sem absolutamente nada de gourmet (a não ser a maionese caseira, preparada diariamente pelo próprio Luciano), parece irônico que o ônibus seja o ‘antepassado’ dos food trucks que agora são vistos na cidade, até porque é com os ‘x-salada’ da vida que o negócio se destaca: a média diária observada é de 150 a 200 lanches vendidos, entre consumos no local e entrega em domicílio, quase tudo acertado na maquininha do cartão. “Acho que o movimento é bom primeiro porque meus lanches são bons e variam de R$ 5, o mais simples, a R$ 19, o carro-chefe da casa, que estão na média dos preços dessas lanchonetes por aí. E segundo porque a região é boa. Acho que não tem muita crise para quem mora aqui por perto. Pessoal aqui gosta de comer”, opina.
Clientela, a propósito, é um parágrafo à parte. De tão fiéis, há quem faça do ‘Ranulfo’ uma sessão de terapia com direito a lanches, espetos e maionese caseira feita diariamente. E Luciano garante o sigilo a todos os pacientes, digo, clientes. “A gente acaba fazendo amizade com os clientes que vêm com frequência. E muitos desabafam comigo, relatam os problemas que estão vivendo. Tem cada história, rapaz, que infelizmente não posso te contar… Mas cliente é cliente e a gente gosta de acolher. Tem vez que eu quase choro com eles”, brinca.
‘Tinha que ser meu’
No decorrer da entrevista, dá para perceber como o proprietário sorri ao falar do Ranulfo, tratando o veículo sempre como uma espécie de parceiro, e não como um objeto. Tanto é que Luciano já recusou propostas de até R$ 150 mil para vender o ‘Ranulfo’. “Não vendo nunca. Até se eu ganhar na Mega Sena eu não vendo, porque morro de ciúmes desse ônibus. Uma vez ele teve que dormir fora de casa e eu fiquei tão receoso de acontecer algo que dormi dentro dele”, conta. “Náo se vende o ganha-pão, seria uma burrice se eu fizesse isso. R$ 150 mil acaba rápido”.
Também fica claro que não há arrependimento algum e que a equipe segue feliz no ramo. “Eu acredito que esse ônibus tinha que ser meu. Meu cunhado soube que o dono estava querendo voltar para Dourados e que por isso estava vendendo. Eu vim aqui, sentei, observei o movimento e fiz uma proposta. Tinha um senhor que já estava negociando, daí eu pensei que se fosse para ser meu, seria. Acabou que o senhor não fechou o negócio e consegui comprar”, conta.
Para o fim do ano, Luciano pretende fazer uma boa reforma no ônibus. “Infelizmente não vai dar para fazer como eu queria, porque sai muito caro. Mas a ideia é colocar umas luzes, renovar a pintura e trocar os adesivos. O nome continua o mesmo, já que me trouxe muita sorte. Mas já pensou que louco se o Luciano Huck consertasse o Ranulfo no Lata Velha”? É, Luciano, não custa sonhar!
Notícias mais lidas agora
- Médica conta em julgamento que mãe não olhou para Sophia ao saber da morte e questiona reação
- Psicólogo constatou que mãe de Sophia teria Síndrome de Estocolmo após três sessões com a ré
- Ainda dá tempo: Negociação desconto do Refis termina na próxima sexta-feira
- Operação prende ladrões de shopping que roubaram R$ 600 mil de joalheria de Campo Grande
Últimas Notícias
Judiciário implementa sistema Painel de Autocorreição em MS
O sistema também indica se as metas estão sendo cumpridas
Funtrab disponibiliza 1.062 vagas de emprego em Campo Grande nesta quinta
1.062 vagas de emprego nesta quinta
Senado retira de pauta projeto que legalizaria bingos e cassinos
Depois de parlamentares discursarem de forma contrária ao requerimento de urgência
Vitória e Grêmio empatam em duelo direto na busca por vaga na Sul-Americana
Pela 37ª e penúltima rodada do Brasileirão
Newsletter
Inscreva-se e receba em primeira mão os principais conteúdos do Brasil e do mundo.