Sonhos podem se tornar realidade. Foi o que viveu o campo-grandense Roberto Lima, que teve o prazer de encontrar nos bastidores do da turnê “Nossa História“, no Mineirão, em Belo Horizonte no último sábado (17). Na ocasião, o sul-mato-grossense aproveitou para ensinar um pouco da Língua Brasileira de Sinais para os irmãos em vídeo à pedido da comunidade surda de Campo Grande.

Tudo começou quando os irmãos mais queridos da música brasileira reservaram uma surpresa para os fãs que iam aos shows da turnê comemorativa de 30 anos da dupla. Na promoção, Sandy e Júnior escolhem 10 pessoas em cada cidade para conhecê-los baseados nas histórias dos fãs compartilhadas no Instagram com a hashtag #NossaHistóriaSJ. Roberto foi um dos sortudos vencedores.

Fã campo-grandense viraliza ao ensinar Libras a Sandy e Júnior
(Reprodução, Instagram)

“Bom, a Nossa Historia começou desde que eu era criança, minha memória mais antiga é de quando eu tinha 5 anos de idade, mas minha mãe conta histórias de antes disso, de 1995. E é esse início que decidi trazer pra relembrar nesse momento! Nessa época não tínhamos televisão e eu brincava com duas meninas vizinhas, da mesma idade, e na casa delas tinha! Um dia, brincando, eu vi a dupla e depois desse dia, minha mãe nunca mais teve paz”, começou o fã da dupla.

https://www.instagram.com/p/B0WnqCtHYoG/

“Eu passei a fugir de casa todos os dias pra ir até a casa da vizinha, esperando ver e ouvir a dupla. A vizinha ia até a casa da minha mãe e reclamava que eu estava lá! Dizia que ela não gostava de guri junto com as filhas dela e que me tirasse de lá. Minha mãe, montada no ódio, ia até a vizinha e me pegava a força, me levava embora esperneando e berrando. O problema era que me trazer de volta, não bastava. Eu fugia dez vezes por dia. Dez vezes a vizinha xingava, e dez vezes minha mãe me buscava. Era assim, uma rotina… Eu apanhava de varinha de guanxuma, voltava com as pernas marcadas, mas, mesmo assim, eu fugia pra casa da vizinha de novo, e de novo, e de novo”, escreveu Roberto na postagem.

O encontro com Sandy e Júnior

Depois de ser selecionado no sorteio divulgado pela dupla no Instagram, a comunidade surda de Campo Grande pediu para que o intérprete de mostrasse seu trabalho à dupla de cantores. Desde 2015 a 2018, Roberto trabalhou com os alunos Surdos na rede estadual de educação e começou a sinalizar as músicas em clipes e disponibilizar nas plataformas digitais.

Respirar – Sandy – Libras

Após 12 anos, Sandy volta a encantar público campo-grandense com show inédito e eu não poderia perder essa oportunidade para implorar: Sandy, me contrata pra sinalizar seu show <3 kkkMeu Canto é o segundo álbum ao vivo da cantora, lançado em 24 de junho de 2016 através da Universal Music. Foi gravado nos dias 14 e 15 de novembro de 2015 no Teatro Municipal de Niterói, com ingressos esgotados em poucas horas. Meu Canto contou com direção de Raoni Carneiro, produção musical de Lucas Lima e as participações especiais dos cantores Tiago Iorc e Gilberto Gil.”Respirar” é uma canção gravada para o “Meu Canto” (2016). A canção foi composta por Sandy, Daniel Lopes (vocalista da banda Reverse) e o músico e produtor Lucas Lima. A faixa foi lançada como o segundo single do álbum em maio de 2017 e é uma das cinco canções inéditas contidas nele. A versão de estúdio está presente num EP homônimo ao álbum, que contém as faixas inéditas do projeto em versão de estúdio.Edit 1: compartilhem e marquem a Sandy ❤️ usem a Hashtag #SandyRespirarLibras Edit 2: Gentee! Muito obrigado pelas palavras lindas <3 A pedidos, já estou pensando em fazer mais um, heim hehe <3Créditos de Vídeo por: Sarah Caires

Publicado por Roberto Lima em Domingo, 14 de maio de 2017

“Eles queriam que eu subisse no palco na hora do show pra sinalizar, mas eu sabia que isso não era possível, então prometi que gravaria um recadinho em Libras para eles. E eu me surpreendi muito com a receptividade da dupla, com a aceitação em fazer meu pedido se tornar realidade, sabe?”, contou Roberto ao Jornal Midiamax.

https://www.instagram.com/p/B0WnqCtHYoG/

O intérprete compartilhou o momento nas redes sociais e o post já chega a 31,2 mil visualizações, mais de 500 curtidas e quase 1000 compartilhamentos, até o fim da produção dessa matéria. “Contei para a Sandy e Junior que aqui em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, tem uma galerinha muito especial e amorosa que acompanha e que curte as músicas deles de um jeito sinalizado e visual!”, escreveu.

A importância da acessibilidade

Nem sempre as pessoas ouvintes se atentam para as necessidades especiais e como isso influencia no aprendizado e lazer. No Brasil, a Língua Brasileira de Sinais foi estabelecida através da lei nº 10.436/2002 como a língua oficial das pessoas surdas.

  • Parágrafo único. Entende-se como Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS a forma de comunicação e expressão, em que o sistema linguístico de natureza visual-motora, com estrutura gramatical própria, constituem um sistema linguístico de transmissão de ideias e fatos, oriundos de comunidades de pessoas surdas do Brasil.

A lei define que é obrigação dos governos garantir formas de incentivar o uso e a divulgação da Língua Brasileira de Sinais nas instituições públicas. A lei também tornou obrigatório o ensino de LIBRAS nos cursos de formação em Educação Especial, no ensino médio e no ensino superior. A regra se aplica para o sistema de educação federal, estadual e municipal.

“Eu acredito que com esta mensagem, não somente os fãs da dupla, ou somente os Surdos terão ganho, mas eu creio que a partir dela a gente pode conseguir olhar o outro e se colocar no lugar dele! Eu espero que quem ver esse vídeo possa entender que a empatia nos faz bem, sabe? Até agora o feedback dos Surdos de outros estados que tem chegado até mim está sendo maravilhoso, dizendo que sempre foram fãs da dupla, mas não sabiam que eles tinham um sinal na língua de sinais, entende?” reitera Roberto Lima.

https://www.instagram.com/p/B1YteBLn7MU/

“Então tem um gostinho especial de representatividade para a comunidade surda, que vê e entende que a Libras precisa permear em todas as esferas da sociedade, especialmente a artística, e para os ouvintes que, muitas das vezes não enxergam esse outro que está ali ao lado deles, seja no ponto de ônibus, na escola, na padaria, e se você soubesse ao menos o “Bom dia!” talvez isso seria o suficiente pra trazer um sorriso ou fazer o dia de alguém ficar bonito”, finaliza.